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>Marcas da Violência (A History of Violence, 2005)

publicado em:17/11/05 6:26 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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O diretor David Cronenberg faz parte de uma escola cinematográfica em que ele e o diretor David Lynch são os membros mais ilustres. Tanto Lynch quanto Cronenberg são conhecidos pelos filmes que fogem de uma temática mais convencional e que, por isso mesmo, são cultuados com fervor pelos cinéfilos de gosto mais apurado. Em 1999, David Lynch flertou com um cinema mais acessível com o belo e sensível “História Real”. Agora, é a vez de David Cronenberg provar que também sabe fazer filmes para a massa.

Baseado em uma graphic novel, “Marcas da Violência” conta a história de Tom Stall (Viggo Mortensen, na melhor atuação de sua carreira), um homem que vive em uma cidade pacata ao lado da esposa Edie (Maria Bello, também excelente) e dos dois filhos. Tom é o proprietário de um restaurante e membro distinto da comunidade local. Quando o seu estabelecimento é assaltado, Tom reage e mata os dois assaltantes. Alçado à condição de herói local e tendo o seu rosto estampado em jornais e matérias de TV, Tom recebe a visita de um homem misterioso (Ed Harris), que revela um grande segredo de seu passado.

A partir destes acontecimentos, David Cronenberg começa a fazer de seu filme uma grande peça de reflexão. De uma maneira ou de outra, o diretor coloca os seus personagens em contato com a violência, seja na forma do assalto, de brigas entre colegas de escola ou entre casais e de um xingamento no trânsito – até mesmo o ato sexual ganha contornos mais fortes. Ao entrarem em contato com estes atos, os personagens passam a ser definidos pelas reações que eles têm e começam a ser vistos com outros olhos não só dentro do filme, como fora dele (pelos espectadores).

“Marcas da Violência” carrega em si o característico talento visual de David Cronenberg. O apelo para imagens fortes é totalmente justificável, pois reforça a maior intenção do filme: mostrar quais os efeitos que um ato de violência podem ter na vida de uma família aparentemente perfeita, ao mesmo tempo em que incita outro tipo de debate: claramente a violência já está dentro de cada ser humano, mas o que os leva a querer colocá-la para fora?



Jornalista e Publicitária


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