>Instinto Selvagem 2 (Basic Instinct 2, 2006)
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A carreira da atriz norte-americana Sharon Stone pode ser dividida em antes e depois de “Instinto Selvagem”, filme que foi lançado em 1992. A película, que foi dirigida por Paul Verhoeven, colocava a atriz em cenas pra lá de quentes com o ator Michael Douglas. Depois deste filme, Sharon experimentou dias de glória, que culminariam com a indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante, em 1996, pela sua excelente interpretação como a esposa de Robert De Niro no filme “Cassino”, de Martin Scorsese. De lá para cá, Stone deu uma atenção mais especial à sua vida pessoal; mas, mesmo assim, ainda passou por maus bocados – incluindo um sério problema de saúde – e agora, para tentar recuperar a sua carreira, decidiu apelar para “Instinto Selvagem 2”, uma seqüência que vinha sendo adiada há tempos pelos produtores do filme.
“Instinto Selvagem 2”, do diretor Michael Caton-Jones, tem uma trama muito similar à do primeiro filme. A escritora de romances de mistérios Catherine Trammell (Stone) está mais uma vez envolvida com problemas com a lei. Depois dos acontecimentos retratados no primeiro filme, ela se mudou para Londres, aonde se transforma na suspeita número 01 do assassinato de Kevin Franks. A polícia inglesa não tem nenhuma pista que ligue a escritora ao crime e, para tentar arrancar algum detalhe da acusada, Roy Washburn – o policial encarregado da investigação – chama o psiquiatra Michael Glass (David Morrissey) para fazer uma avaliação psicológica de Catherine.
Quando encontra com Catherine pela primeira vez, Michael é um psiquiatra que está vivendo o auge de sua carreira profissional. Ele publica artigos freqüentemente e é o favorito para assumir uma vaga de professor em uma universidade da Inglaterra. Ele é íntegro e respeita a ética da sua profissão. Ou seja, no papel, Michael é o candidato perfeito para enfrentar a personalidade manipuladora, controladora, sedutora e ousada de Catherine. Mas, na prática, assim como o detetive Nick Curran em “Instinto Selvagem”, Michael se deixa influenciar pela persona marcante de Catherine e entra em um jogo de manipulação que faz com que o psiquiatra acredite que é ele quem está no controle da situação; quando, na realidade, quem está ditando as regras do jogo é a própria Catherine.
Se “Instinto Selvagem 2” foi um veículo feito para reavivar a carreira de Sharon Stone – e, talvez, para provar para a própria atriz que ela ainda é o símbolo sexual de quatorze anos atrás –, o tiro da atriz saiu pela culatra. O filme é muito fraco. Se Paul Verhoeven conseguiu manter o mínimo de dignidade no primeiro filme, Michael Caton-Jones ignora aquela linha tênue que separa o bom gosto da vulgaridade. No seu “Instinto Selvagem 2”, a barreira mais simples é ultrapassada e o filme, como um todo, fica igual aos livros escritos por Catherine Trammell: uma peça de ficção de quinta categoria.
Cotação: 2,5
Crédito Foto: Yahoo! Movies