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>O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006)

publicado em:23/09/06 7:43 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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Por mais que a jornalista e escritora Lauren Weisberger tente negar, existe muito dela em Andrea Sachs, a personagem principal do seu primeiro romance “O Diabo Veste Prada”, cuja adaptação cinematográfica dirigida por David Frankel estreou nesta semana nas salas de cinema de todo o Brasil. Lauren nasceu e cresceu em uma pequena cidade da Pensilvânia e formou-se jornalista pela prestigiada Universidade de Cornell. Logo após a formatura, Lauren foi para Nova York tentar um emprego em alguma publicação. Ela não conseguiu um emprego como jornalista, e sim um trabalho como assistente da poderosa e lendária Anna Wintour, editora da “Vogue” americana (um emprego que “milhões de garotas dariam tudo para ter”).

As primeiras cenas do filme “O Diabo Veste Prada” fazem questão de frisar o quão diferente é o mundo de Andrea Sachs (Anne Hathaway, ótima) das mulheres que vivem a realidade da fictícia revista “Runway” (local aonde Andy fará entrevista na cena seguinte). Enquanto a primeira não tem a mínima noção de moda e não faz nenhum tipo de dieta, as últimas são antenadas com as últimas tendências do mundo fashion e passam o dia à base de água e cigarros. Mas, então, o que diabos Andrea foi fazer na “Runway”? Nem ela sabe dizer o por quê, mas, para Andy, fica claro que trabalhar como a assistente da poderosa editora Miranda Priestly (Meryl Streep, que adiciona mais uma grande performance à sua vasta carreira) será uma oportunidade única e inesquecível – em todos os sentidos.

O trabalho como assistente – bem como a própria Miranda – logo se transformarão em uma espécie de decepção para Andy. Ela é uma mera “faz-tudo” da editora (compra o café e o almoço, pega as roupas na lavanderia, leva o cachorro para passear, compra os presentes das gêmeas e marca os compromissos de Miranda). No entanto, Andy segue firme no propósito de agüentar o ano de trabalho com a poderosa editora, afinal, depois disso, todas as portas do mundo do jornalismo se abrirão para ela.

Entretanto, na medida em que Miranda Priestly vai confiando mais em Andy, a aspirante a jornalista se vê cada vez mais imersa no mundo que – antes – ela repudiava. É a partir do momento em que Andy passa a se vestir com marcas famosas e caras (o trabalho de figurinos feito por Patricia Field, ex-stylist do programa “Sex and the City”, é fantástico e digno de uma indicação ao Oscar 2007), a ir à festas glamurosas, a conhecer gente interessante e a viajar com Miranda para a semana de moda de Paris, que “O Diabo Veste Prada” entra na sua segunda fase. O resultado dessa mudança de Andy é que a vida pessoal dela ficará em segundo plano e o seu relacionamento com o doce Nate (Adrien Grenier, do seriado “Entourage”) fica ameaçado.

Por baixo de todos os diálogos afiados de “O Diabo Veste Prada”, o filme relata um conflito interessante e atualíssimo. Quando entramos no mercado de trabalho – no mundo competitivo em que vivemos -, por mais que tenhamos as melhores intenções, ou somos consumidos por um ideal de sucesso que não queremos (mas que nos é cobrado), ou permanecemos fiéis às nossas crenças, mesmo que isso não nos leve a lugar nenhum.

“O Diabo Veste Prada” relata esse conflito por prismas diferentes. O filme retrata o fim de diversos sonhos – o de Emily (a grata surpresa Emily Blunt), a outra assistente de Miranda, em ir para a semana de moda de Paris com a chefe; e o de Nigel (o eterno coadjuvante Stanley Tucci), segundo na linha de sucessão da “Runway”, em ter as rédeas de sua vida e carreira. Ao mesmo tempo, “O Diabo Veste Prada” mostra qual o custo que pagamos para realizar esses sonhos: Miranda é uma profissional competentíssima, que fez a “Runway” ser o que é, mas ganha a fama de intragável e vê a sua vida amorosa fracassar. E, através da figura de Andy, o filme mostra alguém que está no meio daquele conflito principal e quer o sucesso, mas prefere permanecer fiel aos seus princípios.

No final de tudo, o que “O Diabo Veste Prada” nos mostra é que não importa se você queira ser aquele no comando ou aquele que executa. O importante é você ser feliz naquilo que você faz.

Cotação: 8,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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