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>Apocalypto (2006)

publicado em:3/05/07 9:12 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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As primeiras cenas de “Apocalypto”, filme do diretor Mel Gibson, podem enganar bastante. Nelas, a platéia encontra um retrato perfeito do dia-a-dia de uma tribo que vive na época do Império Maia. Em plena floresta, os homens procuram o alimento com seus apetrechos de caça – e ainda arrumam tempo para fazer brincadeiras entre si. O clima ameno é interrompido quando eles se deparam com uma outra tribo. Com a cara tensa, eles confessam que foram desapropriados e que procuram um novo lugar para um novo começo.

Mal sabiam estes homens que eles teriam o mesmo destino. Representantes do Império Maia invadem as suas terras, sacrificam algumas mulheres e crianças e levam os sobreviventes (especialmente os homens) como prisioneiros. As mulheres restantes são vendidas como escravas, enquanto os homens são colocados para construir novos templos ou para participarem de sacrifícios humanos – numa espécie de política de pão e circo completamente distorcida e bizarra.

“Apocalypto” deixa esta abordagem generalizada de lado quando o roteiro escrito por Mel Gibson e Farhad Safinia decide tratar de maneira particular a história de Jaguar Paw (Rudy Youngblood), o filho de um dos governantes da tribo que assistimos no início do filme. Jaguar é um caçador de mão cheia e que está em contato permanente com seu lado espiritual. No meio do caos que se instala na sua tribo, ele consegue deixar a sua família – a esposa grávida e o filho – escondidos em um local. Agarrado à promessa que fez para a esposa e pela vontade de começar uma nova história, Jaguar inicia uma jornada de volta para casa tendo no seu encalço os representantes do Império Maia.

Podemos encontrar neste filme traços das tramas de outros filmes. As cenas que se passam no show de carnificina promovido pelo Império Maia, com o público parecendo um bando de animais sedento por mais violência, parecem ter sido tiradas de “Gladiador”, de Ridley Scott. A viagem de Jaguar de volta para casa com a lembrança do pedido de sua esposa (“volte por mim”) tem ecos de “Cold Mountain”, de Anthony Minghella; que, por sua vez, tem influências diretas do clássico livro “Odisséia”, de Homero.

O lado diretor de Mel Gibson foi o responsável por um dos filmes mais controversos – e lucrativos – da história recente do cinema: “A Paixão de Cristo”. Com este filme, Gibson inaugurou o seu jeito de fazer cinema. Ele faz os seus próprios roteiros, financia seus próprios projetos e só negocia os direitos de distribuição de suas obras. “Apocalypto” foi feito dessa mesma forma. Aqui, Gibson leva além alguns elementos que utilizou em “A Paixão de Cristo”. O mais notável deles é o fator violência. “Apocalypto” é bem gráfico neste sentido e é cheio de cenas em que o sangue é o detalhe menos chocante.

Se comparado ao filme “A Paixão de Cristo”, “Apocalypto” representa um retrocesso. O filme é cheio de problemas, tem um ritmo lento, a trama se perde em certos momentos e só se recupera no quarto final já com o retrato da jornada de Jaguar Paw para voltar à sua casa. “Apocalypto” também não causou tanto barulho como “A Paixão de Cristo” – e olha que poderia, tendo em vista a prisão de Mel Gibson por desacato à autoridade e por dirigir embriagado. Talvez, o que o filme realmente represente é mais a birra de seu diretor. Gibson tem um ego demasiado grande. Seus filmes são megalômanos. Seria interessante que ele se lembre de outro exemplo de diretor que se deu mal por tentar dar um passo maior do que as pernas. Kevin Costner poderia dar muitas dicas ao Gibson. Ele está precisando.

Cotação: 4,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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