>Pecados Íntimos (Little Children, 2006)
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Os personagens principais de “Pecados Íntimos” possuem uma coisa em comum: para o mundo, eles possuem uma vida perfeita; mas, entre quatro paredes, eles se sentem presos a uma vida que não é feliz. Sarah Pierce (Kate Winslet, que foi indicada ao Oscar 2007 de Melhor Atriz pela sua performance neste filme) é casada com um homem mais velho (Gregg Edelman) e mãe de Lucy (Sadie Goldstein). Sarah, aparentemente, não se sente à vontade com seu papel de mãe e anseia pelo momento em que o marido chega em casa do trabalho, para que ela possa ter um momento somente dela e, de preferência, ao lado dos livros que ela tanto gosta.
Já Brad Adamson (Patrick Wilson) é casado com a documentarista Kathy (Jennifer Connelly) e pai do garotinho Aaron (Ty Simpkins). Brad é advogado, mas nunca passou no exame da Ordem, por isso sua profissão é ser pai em tempo integral. A esposa o pressiona a fazer novamente o exame da Ordem, mas, sinceramente, Brad não sabe o que quer fazer da vida. A impressão que ele nos dá é a de que é um garotão em uma crise prematura de meia idade.
Em meio a brincadeiras no parque e na piscina pública, Brad e Sarah irão se conhecer e terão um caso extraconjugal. O momento para o flerte não poderia ser impróprio, afinal o bairro aonde eles moram vive em polvorosa por causa da chegada de Ronnie McGorvey (Jackie Earle Haley, que foi indicado ao Oscar 2007 de Melhor Ator Coadjuvante), que foi condenado por atentado ao pudor contra uma criança.
O diretor Todd Field vem se especializando na arte de fazer filmes sobre pessoas que estão no seu limite e que tentam, de alguma forma, recomeçar as suas vidas. Em “Pecados Íntimos”, ele consegue ser bem mais sucedido do que no seu filme anterior (“Entre Quatro Paredes”). Aqui, ele mostra que os erros nunca podem ser esquecidos – já que eles fazem parte do que somos. No entanto, o recomeço não precisa ser abrupto. O que o roteiro de Todd Field e Tom Perrotta mostra é que o futuro pode estar mais perto do que imaginamos – ele pode, por exemplo, ser representado por uma criança ou pela vontade de reviver uma sensação que há muito tempo não tínhamos.
Cotação: 8,5
Crédito Foto: Yahoo! Movies