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>Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006)

publicado em:22/05/07 8:49 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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Maria Antonieta foi a arquiduquesa da Áustria e a rainha da França até a Revolução Francesa, que levou o povo ao poder sob os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Quando rainha, Maria Antonieta – mesmo exercendo uma grande influência política sob seu marido – foi bastante impopular, pois não tinha sensibilidade para entender as necessidades de seu povo, que, por sua vez, não entendia os gastos exorbitantes de sua soberana. É este personagem complexo e fascinante o objeto de estudo da cinebiografia “Maria Antonieta”, da diretora e roteirista Sofia Coppola.

Coppola nos apresenta este personagem de uma maneira bastante interessante. No primeiro ato, Maria Antonieta (Kirsten Dunst, na melhor atuação de sua carreira) é somente uma jovem austríaca inexperiente, que é enviada para a França para se casar com Luís Augusto (Jason Schwartzman), o herdeiro do trono francês. O casamento, além de selar a aliança entre o povo austríaco e francês, tem como objetivo principal produzir um novo herdeiro para o reino da França. Esta mudança é muito abrupta e de difícil adaptação para Maria Antonieta, que tem que deixar para trás qualquer objeto que a faça se lembrar de seu lar e de suas origens. Ela tem que abraçar uma nova vida, num novo local com toda uma leva de novos – e ridículos – costumes.

Sofia Coppola retrata com competência o conflito destes dois jovens – Luís Augusto e Maria Antonieta – que foram metidos num casamento sem estarem preparados para isto. Sem privacidade ou clima favorável para se conhecerem melhor, os dois viram a piada do ano na corte, já que Luís não consegue consumar o casamento com a sua jovem e bela esposa.

No segundo ato, já com Luís XVI elevado ao posto de rei da França e, por conseqüência, Maria Antonieta como rainha do país, as posições se invertem. Sofia Coppola, então, mostra o deslumbre que a jovem sente no seu novo papel – e o qual é representado pela luxúria e pelos gastos excessivos com roupas, festas e jogos. Pela primeira vez, Maria Antonieta leva uma vida independente de seu marido – e, curiosamente, é assim que os dois vão ficar mais próximos do que nunca e irão constituir a tão sonhada família.

O filme todo, na realidade, trata do choque entre vida adolescente e vida adulta. Maria Antonieta era uma criança quando se casou. Após se tornar rainha, tentou recuperar o tempo perdido e viveu com intensidade. Mesmo assim, ela demonstra, no final, maturidade suficiente para entender qual o seu verdadeiro papel e o que as pessoas esperam que ela faça. A história de Maria Antonieta seria atemporal – talvez, por isso, Sofia Coppola tenha optado pelo uso de uma trilha sonora contemporânea.

O que fica claro para a platéia no decorrer de “Maria Antonieta” é a identificação que se estabeleceu entre a personagem e a diretora e roteirista Sofia Coppola. O que ela demonstra no filme é a maturidade de uma cineasta que sabe o que quer. Tecnicamente, “Maria Antonieta” é um dos filmes mais belos dos últimos anos. Os figurinos da vencedora do Oscar 2007 Milena Canonero; a fotografia de Lance Acord; a direção de arte de Pierre Duboisberranger, Anne Seibel e K. K. Barrett e as locações do filme são primorosas. Os erros cometidos por Coppola aparecem mais no quarto final de “Maria Antonieta”, quando a rapidez por concluir a história acaba por colocar a platéia diante de uma série de acontecimentos que ficam mal esclarecidos. Esta é uma obra subestimada e que deve ser levada a sério, pois não é nenhum capricho adolescente.

Cotação: 7,2

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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