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>Mais Estranho que a Ficção (Stranger Than Fiction, 2006)

publicado em:19/07/07 11:56 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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De uma certa maneira, o cinema e a literatura são uma forma de arte que caminham juntas. Ao longo dos anos, uma foi influenciando a outra. Se os livros são pictóricos, os filmes nos levam a territórios que os escritores só podem tentar nos fazer imaginar. Mesmo com as diferenças de linguagem entre as duas formas de arte, uma coisa muito importante elas têm em comum: o fato de que, ao se inspirarem no dia-a-dia das pessoas, elas tentam colocar alguma luz para tentarmos compreender o mundo em que vivemos. O filme “Mais Estranho do que a Ficção”, do diretor Marc Forster, celebra justamente o momento em que o cinema e a literatura estão mais juntos do que nunca.

Karen Eiffel (Emma Thompson, numa ótima atuação) é uma famosa escritora que está passando por um bloqueio criativo. Ela já tem uma história: a narrativa sobre um homem que, no lugar de ser o personagem principal de sua vida, é somente um observador daquilo que acontece ao seu redor. De uma maneira muito estranha, o que Karen escreve é um reflexo direto da vida do auditor fiscal Harold Crick (Will Ferrell, numa atuação indicada ao Globo de Ouro 2007 de Melhor Ator em um Filme de Comédia/Musical), um cara que é cheio de manias e que tem uma vida extremamente solitária.

Muita gente diz que a última coisa em que um autor pensa é no final que sua obra terá. Em “Mais Estranho do que a Ficção”, o roteiro de Zach Helm nos mostra o seu final logo nos primeiros 20 minutos de filme. Karen – e, principalmente, Harold – sabem que o personagem principal tem que morrer. O que roteirista, escritor e personagem mal sabiam é que a vida de Harold começaria a se tornar interessante a partir do momento em que seu destino parece traçado. Ao conhecer a confeiteira Ana Pascal (Maggie Gyllenhaal), a vida do auditor fiscal se torna mais doce e ele tem uma razão para lutar para continuar a viver.

Na época do lançamento de “Mais Estranho que a Ficção”, críticos de cinema foram unânimes na comparação entre o roteirista Zach Helm e o aclamado Charlie Kaufman (o criador de filmes como “Quero Ser John Malkovich”, “Adaptação” e “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”). A comparação, além de impertinente, é completamente injusta. Kaufman tem uma abordagem um tanto irônica da vida e seus personagens parecem habitar um mundo que só existe na mente do roteirista. No caso de Helm e este “Mais Estranho que a Ficção”, a história criada por ele é real, vivida por pessoas que existem de verdade e que poderiam estar ao nosso lado.

Se tivéssemos que comparar um filme como “Mais Estranho com a Ficção”, deveríamos procurar uma obra como “As Horas”, do diretor inglês Stephen Daldry. Assim como este último filme, aquele fala sobre a importância da vida e sobre como aquelas coisas mais mundanas – e, aparentemente, insignificantes – são justamente as que são mais definidoras e que nos fazem perceber o quanto a vida é valiosa e importante de ser experimentada.

Cotação: 9,7

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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