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>Lendo – "Furacão Elis"

publicado em:28/07/07 5:30 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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“Decifra-me ou devoro-te? Não vai me devorar, nem me decifrar nunca. Eu sou a esfinge, e daí? Nesse narcisismo generalizado, me dá licença de eu ser narciso um pouquinho comigo mesma? De fazer comigo o que bem entender, de fazer, ser amiga de quem quiser, de levar para minha casa as pessoas de quem eu gosto? Bem poucas pessoas vão conhecer a minha casa. Sou a Elis Regina Carvalho Costa, que poucas pessoas vão morrer conhecendo”

Quando se toca no nome de Elis Regina, uma série de adjetivos o acompanha. O mais importante deles, é claro, “a maior cantora do Brasil”. Claro que o país já teve uma série de cantoras com a mesma técnica de Elis – como Ângela Maria, Maria Bethânia, Gal Costa, dentre muitas outras –, mas, nenhuma delas, conseguia aliar a emoção à técnica. E essa era uma das marcas da cantora Elis Regina.

Assim como é o caso de muitas outras biografias, “Furacão Elis” – livro que foi relançado neste ano pela Ediouro com um projeto gráfico bem ilustrativo, cheio de imagens –, da jornalista e escritora Regina Echeverria, tenta aproximar um pouco ídolo e fãs, procurando expor detalhes de sua personalidade, vida íntima e profissional, é claro.

“Furacão Elis”, aliás, cobre a vida profissional de Elis Regina de uma maneira completa. Nada passa despercebido pela autora. Desde os tempos no “Clube do Guri”, até a mudança para São Paulo, os primeiros shows com a dupla Luiz Carlos Miele e Ronaldo Bôscoli, o programa “Fino da Bossa” com Jair Rodrigues, a mudança para São Paulo, os discos e shows inesquecíveis (como o “Falso Brilhante”) e as inúmeras tentativas de Elis em ter uma carreira internacional.

Os problemas começam a aparecer justamente quando Regina Echeverria tenta mostrar o lado pessoal de Elis. Ela não esconde o que já era notório: Elis tinha uma personalidade difícil e viveu uma relação de amor e ódio com muita gente no show business. No entanto, talvez pela sua proximidade com seu objeto de estudo, Echeverria (que era uma amiga próxima de Elis) evita falar muito da Elis mãe, da Elis esposa (apesar de que, todos os barracos envolvidos nos casamentos com Ronaldo Bôscoli e César Camargo Mariano serem descritos de maneira minuciosa), da Elis filha e irmã (o que Echeverria fala é somente que Elis tinha uma relação complicada com os pais e com o irmão, por ser a provedora da casa, por eles serem dependentes demais do dinheiro que ela ganhava como cantora).

No entanto, o livro não se exime de falar de maneira aberta e verdadeira sobre os acontecimentos por trás da morte de Elis Regina. Sem querer se envolver em teorias conspiratórias, Regina Echeverria – através de depoimentos de pessoas que estavam próximas da cantora no ano fatídico de sua morte, 1982 – confirmam que Elis tinha, sim, um vício em narcóticos (em especial a cocaína). Para eles, a inocência de Elis em saber lidar com os efeitos que a droga tinha foi a razão principal de sua morte.

“Furacão Elis” é um livro para ser lido em um fôlego só. Regina Echeverria usa uma linguagem puramente jornalística (clara, concisa e objetiva). O que vai justamente de encontro à técnica do livro-reportagem, em que a descrição excessiva, a minúcia e o cuidado com os detalhes são características fundamentais.

“Furacão Elis”
Autora: Regina Echeverria
Editora: Ediouro



Jornalista e Publicitária


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