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>Correndo Com Tesouras (Running With Scissors, 2006)

publicado em:7/08/07 9:44 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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Em um determinado momento de “Correndo com Tesouras”, filme do diretor e roteirista Ryan Murphy, Deirdre Burroughs (Annette Bening) olha para o seu psiquiatra, o Dr. Finch (Brian Cox), e fala sobre a sua ansiedade. Ela se sente sufocada, oprimida e, por causa disso, não consegue colocar para fora tudo aquilo que ela é. Essa definição não só se aplica a Deirdre, como também a todos os personagens que fazem parte desta trama baseada no livro de memórias de Augusten Burroughs. Pessoas que se apóiam na loucura, em estereótipos, em certas atitudes que, na realidade, escondem o que estas pessoas sentem ou são.

“Correndo com Tesouras” é narrado por Augusten (Joseph Cross), filho de Deirdre e Norman Burroughs (Alec Baldwin), um garoto que, desde cedo, foi muito acostumado a um ambiente familiar incomum. A mãe, que era mais preocupada em escrever algo especial e alcançar a fama; e o pai, um alcoólatra, não eram os melhores exemplos. Mesmo assim, o garoto Augusten se espelha – até demais – na sua mãe. Portanto, imagine a decepção do garoto quando ela – sob orientação do Dr. Finch – o deixa na casa do psiquiatra e de sua família – a esposa Agnes (Jill Clayburgh) e os filhos Hope (Gwyneth Paltrow), Natalie (Evan Rachel Wood) e Neil (Joseph Fiennes) –, a qual Augusten verá que também é cheia de problemas.

A questão que o filme aborda é até interessante. Enquanto muitos jovens sonham em crescer num tipo de ambiente como o que Augusten viveu (livre, sem limites ou imposições), chega um momento em que o que Augusten quer é justamente o contrário. Ele quer ser normal, quer ter um horário para chegar em casa, quer ser colocado de castigo, quer receber um “não”, enfim, ele quer ser preparado para o mundo. Mas, antes de chegar neste estágio, o primordial para Augusten é sobreviver no meio de tanta loucura.

Para colocar esta trama na tela, realmente não poderia ser outra pessoa que não o diretor e roteirista Ryan Murphy. A marca registrada de seu trabalho é colocar elementos que fazem parte do nosso dia-a-dia, como o colegial (na subestimada série “Popular”), um mundo em que a beleza é fundamental (no seriado “Nip/Tuck”) e, no caso de “Correndo com Tesouras”, o ambiente familiar; e mostrá-los de uma maneira um tanto exagerada, mas, nem por isso, menos real. Ele retrata pessoas que – ao lutarem para passar uma imagem daquilo que não são – só estão em busca de sua verdadeira identidade.

Em “Correndo com Tesouras”, para alcançar este efeito, Ryan Murphy precisava ter um bom elenco, que mostrasse de maneira adequada esta linha delicada que separa o exagero do real. E, para a sorte dele, todos os atores do filme (com exceção de uma apática Gwyneth Paltrow) estão muito bem. Os destaques positivos, além de Annette Bening (uma quase especialista na interpretação de tipos como os de Deirdre Burroughs), são Brian Cox, Jill Clayburgh e a revelação Joseph Cross.

Cotação: 6,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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