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>Quebra de Confiança (Breach, 2007)

publicado em:15/08/07 12:37 AM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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O diretor Billy Ray tem se especializado num determinado gênero: o de relato de histórias reais de pessoas que viviam na mentira. No seu primeiro filme, o ótimo “O Preço de uma Verdade” (2003), Ray falava sobre Stephen Glass, um jornalista que, nos anos 90, trabalhava na revista “The New Republic”, aonde cometeu o crime de fraude jornalística – ao redigir matérias que eram fruto de sua fértil imaginação. O segundo filme do diretor, “Quebra de Confiança”, vai um pouco além desse tema e fala sobre Robert Hanssen, agente do FBI que também era um espião da União Soviética e foi o responsável pelo maior crime de vazamento de informações da história do Bureau.

A trama do filme – que foi escrita por Billy Ray, Adam Mazer e William Rotko – apresenta a história sob o ponto de vista de Eric O’Neill (Ryan Phillippe), um jovem funcionário do FBI, responsável pelo monitoramento de pessoas que são suspeitas de cometer atos de terrorismo. Eric alimenta o sonho de se tornar um agente e, ao receber um chamado de Kate Burroughs (Laura Linney), para uma misteriosa missão, ele vê a oportunidade perfeita para mostrar serviço e conseguir aquilo que quer.

Aparentemente, o caso que Eric tem que investigar é bem simples. Um agente experiente do FBI chamado Robert Hanssen (Chris Cooper) é acusado de manter uma conduta imprópria no trabalho (leia-se, mandar arquivos pornográficos). O que Kate Burroughs precisa é de uma prova dessa conduta, que pode manchar um pouco a imagem do FBI. Com o tempo, Eric percebe que o caso é mais sério do que ele pensava e é a partir desse momento que Kate revela para ele as verdadeiras suspeitas em cima de Hanssen: um agente com mais de 25 anos de serviço no Bureau, mas que é o responsável pelo vazamento de informações que causaram a morte de diversas fontes dos EUA na Rússia, bem como atrapalharam as relações diplomáticas entre o país e alguns de seus aliados.

“Quebra de Confiança”, assim como o filme anterior de Billy Ray, mostra até que ponto a mentira vai consumindo uma pessoa a ponto de ela não saber mais quem ela é. Trabalhar no caso Hanssen transforma Eric numa pessoa vulnerável. Ele lida com sentimentos contraditórios – a admiração que sente por Hanssen e a repulsa por aquilo que ele fez. Além disso, Eric tem uma visão de como seria sua vida se ele realmente se transformasse num agente – ele colocaria seu casamento em risco ao ter que, obrigatoriamente, manter segredos da esposa Juliana (Caroline Dhavernas).

E é justamente ao mostrar – num pano de fundo – o conflito entre o lado público e o lado privado dessas pessoas que, diariamente, convivem com a responsabilidade tremenda de manter a segurança de um país como os EUA que “Quebra de Confiança” atinge um de seus pontos altos. O filme ratifica uma imagem que é muito passada por este atual governo norte-americano: a de que o risco pode estar presente aonde você menos imagina (Hanssen era um católico fervoroso, um avô amado pelos netinhos). Billy Ray faz um filme que chega a ser bem próximo da perfeição, com um roteiro muito bem escrito, com atuações inspiradas (especialmente da dupla Ryan Phillippe e Chris Cooper) e um desfecho intenso.

Cotação: 9,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies



Jornalista e Publicitária


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