>O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, 2006)
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Começar uma vida nova a dois é sempre muito difícil, não importa a circunstância. Imagine então se você for “obrigada” a ir a um novo país (China), aonde você não conhece a língua, a cultura e se sente entediada. A vida de Kitty se torna um pouco mais interessante quando ela conhece Charlie Townsend (Liev Schreiber), um homem completamente diferente de Walter e com quem Kitty começa a ter um romance. Walter, que mantinha as esperanças de que, um dia, Kitty viesse a amá-lo também cai na realidade e, num ato totalmente intransigente, embarca com sua esposa para um vilarejo chinês completamente arrasado por uma epidemia de cólera.
É a partir deste momento que o filme “O Despertar de uma Paixão”, do diretor John Curran, começa a ficar bem interessante. A partir do ato da traição, Curran começa a trabalhar com vários temas que foram vistos em seu trabalho anterior, o drama “Tentação” (que também contava com Naomi Watts no elenco). São eles: a culpa que Walter sente por ter sido tolo em acreditar que poderia ser feliz ao lado de Kitty; e a visão um tanto realista que Kitty tem sobre toda a vida que leva ao lado de Walter – chama a atenção o fato de que, em nenhum momento, ela demonstra arrependimento pelos seus atos. O verdadeiro interesse dela é tentar convencer Walter de que é a distância existente entre os dois a principal causa pela infelicidade profunda que eles experimentam.
No geral, “O Despertar de uma Paixão” é um filme sobre a jornada de Kitty, que deixa de ser uma mulher mimada, e cresce para se tornar alguém que entende que amor e obrigação andam um ao lado do outro. O filme consegue passar isso de maneira perfeita para a platéia, através da congruência das atuações excelentes de Edward Norton e Naomi Watts (bem como do elenco de apoio formado por Liev Schreiber, Toby Jones e Diana Rigg), da ótima direção de John Curran, da belíssima fotografia de Stuart Dryburgh e da trilha sonora vencedora do Globo de Ouro composta por Alexandre Desplat – “A La Claire Fontaine” não é uma música do compositor francês, mas a parte final de “O Despertar de uma Paixão” ao som desta canção tem que ser uma das mais belas sequências do ano passado: as palavras “Il y a longtemps que je t’aime. Jamais je ne t’oublierai” ficaram comigo por um bom tempo.
Cotação: 8,7
O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, China, EUA, 2006)
Diretor(es): John Curran
Roteirista(s): Ron Nyswaner