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>61 Anos Sem Virginia Woolf

publicado em:28/03/08 7:01 PM por: Kamila Azevedo Uncategorized

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Há exatamente 61 anos, a escritora inglesa Virginia Woolf se “libertou” após vários anos lutando contra graves crises de depressão. O destino da autora é semelhante ao de muitas outras almas atormentadas da Literatura, mas, assim como acontece com tantos artistas, sua palavra se mantém eterna para aqueles que têm o prazer de entrar em contato com sua extensa obra literária.

Virginia Woolf nasceu em Londres, no dia 25 de Janeiro de 1882, em meio a um ambiente bastante letrado. Ela era a terceira filha do casal Sir Leslie e Julia Stephen (ele era um crítico de literatura e ela era a herdeira da editora Duckworth). Seria impossível negar a influência que tal ambiente teve na vida de Virginia – desde criança, ela começou a se expressar pela escrita, seja através de cartas aos pais ou até mesmo ao redigir a sua primeira crítica literária aos 9 anos. E foi este o início de um longo caminho percorrido por Virginia, que a levaria, mais tarde, à condição de romancista, crítica literária e ensaísta.

Virginia Woolf foi uma escritora que alterou os rumos da narrativa literária no século XX. A grande contribuição que a autora deu para esta forma de arte foi a capacidade que ela tinha de exercer o controle da sua escrita e de penetrar na psicologia e na mente de suas personagens. Nos seus livros, se pode encontrar a boa e clara fluência da escrita séria com os momentos em que ela se deixava levar pelo humor. Ao mesmo tempo, Virginia Woolf transgrediu barreiras ao impor a si mesma um compromisso de sempre fazer experimentos de forma e conteúdo nos seus livros e ao revelar a alma feminina dentro de um campo (literário) no qual predominavam os pontos de vista masculinos (o que fez com que ela também ficasse conhecida como uma das primeiras escritoras a abordar temáticas puramente feministas).

A escritora inglesa foi uma das mais célebres integrantes do grupo Bloomsbury, que teve origem em uma reunião informal entre recém-formados da Universidade de Cambridge (dentre os quais estavam Thoby Stephen, irmão de Virginia Woolf) e evoluiu até ser efetivamente criado, em 1904, por uma série de pessoas que formavam uma vanguarda intelectual como a pintora Vanessa Bell (irmã de Virginia Woolf), o crítico de arte Clive Bell, o economista John Maynard Keynes, o historiador Lytton Strachey, a poeta Vita Sackville-West e o romancista E. M. Forster. Essas pessoas estavam em busca da honestidade intelectual, da verdade e de um ambiente livre de idéias e costumes, por isso mesmo procuraram fugir de qualquer convenção da sociedade.

Muita gente deve conhecer Virginia Woolf através do retrato feito por Nicole Kidman no filme “As Horas” (2002), do diretor Stephen Daldry, o qual rendeu à atriz australiana o Oscar 2003 de Melhor Atriz. Baseado no livro homônimo de Michael Cunningham, “As Horas” faz uma verdadeira homenagem ao estilo Virginia Woolf de se escrever ao colocar em folha e, conseqüentemente, em tela, todas as características de sua linguagem literária (a forma espacial do romance, o tempo da narrativa como o tempo da mente, o fluxo de consciência). O livro/filme é um mergulho nas mentes e nas vidas de três mulheres atormentadas, mas que possuem um algo em comum: a busca pelo sentido de sua existência e por um ideal de felicidade.

No entanto, verdade seja dita: Virginia Woolf foi uma escritora tão à frente de seu tempo que, até hoje, aspirantes a autores se reúnem, anualmente, na cidade de Charleston (local que foi a residência da irmã de Virginia, Vanessa Bell), para estudar seus métodos e suas obras. Como um elemento de curiosidade, uma dessas pessoas foi o escritor Michael Cunningham, que fez do já citado “As Horas” a sua grande homenagem à vida e obra de Virginia Woolf e fez com que tantas outras pessoas também se interessassem pelos livros dela.

O Essencial de Virginia Woolf:
“A Viagem” (1915)
“Noite e Dia” (1919)
“Mrs. Dalloway” (1925)
“Rumo ao Farol” (1927)
“Orlando – Uma Biografia” (1928)
“As Ondas” (1931)
“Entre os Atos” (1941)

Adaptações Baseadas em Obras de Virginia Woolf:
“Golven” (1982)
“Orlando – A Mulher Imortal” (1992)
“Mrs. Dalloway” (1997)



Jornalista e Publicitária


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