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Falsa Loura

publicado em:28/08/08 8:03 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Num país como o Brasil, em que a classe trabalhadora é uma maioria, meios de comunicação como a televisão possuem uma função mais que importante. Através dos programas de TV, as pessoas encontram uma espécie de fuga para os problemas do dia-a-dia. É mais do que comum ver todo mundo seguindo a moda ditada por tal novela, idolatrando certas personalidades do meio e fantasiando sobre a vida perfeita, elegante e glamourosa que o veículo nos mostra.

 

Silmara (a revelação Rosanne Mulholland) é uma jovem que trabalha como operária em uma fábrica e que sustenta o pai, Antero (João Bourbonnais), um ex-presidiário que tem o rosto completamente desfigurado. É ela quem está no meio de um relacionamento conturbado entre o pai e o irmão Tê (Léo Áquila), um cabeleireiro e homossexual assumido. Dona de uma exuberante beleza, Silmara encontra a fuga para sua rotina ao se divertir com as colegas de trabalho no Clube Alvorada e ao fantasiar com seu maior ídolo: o cantor romântico Luís Ronaldo (Maurício Mattar).

 

Quando encontramos este núcleo de personagens pela primeira vez, as operárias estão ansiosas para o show de um famoso grupo chamado Bruno e Seus Andrés. No decorrer do show, Silmara chama a atenção do vocalista da banda, Bruno (Cauã Reymond, surpreendentemente bem), com quem acaba se envolvendo emocionalmente. Em conseqüência disso, Silmara vira a heroína das operárias, que vêem nela um exemplo positivo do ideal de fácil ascensão social que elas tanto almejam. 

 

Porém, ao contrário das amigas, que possuem uma certa visão fantasiosa da vida que ela passa a levar ao lado de Bruno, Silmara é extremamente realista. Ela sabe que só atraiu a atenção de Bruno por causa de sua beleza. O interessante é que a jovem, em nenhum momento, parece usar esta característica ao seu favor. Ela se mostra até muito conformada com sua vidinha comum e, se vencer, quer conquistar isto por méritos próprios – o problema é que sempre tem alguma coisa acontecendo para relembrá-la de justamente o contrário.

 

Escrito e dirigido por Carlos Reichenbach, “Falsa Loura” é um daqueles filmes sobre gente como a gente. Personagens que, provavelmente, todos nós conhecemos – a vizinha bela, o vizinho enxerido, o pai misterioso, o figurão cheio de pose, o dono de boate gente fina, o cabeleireiro exagerado, o DJ que se acha, o cantor que adora ser o centro das atenções, entre outros. O lado mais interessante do filme é que a história de Silmara nos é apresentada com muito bom-humor e certas doses de fantasia e cafonice, mas sem nunca fugir da realidade.

 

Cotação: 8,0

 

Falsa Loura (Fake Blonde, 2008 )

Diretor: Carlos Reichenbach

Roteiro: Carlos Reichenbach

Elenco: Rosanne Mulholland, Cauã Reymond, Maurício Mattar, Djin Sganzerla, João Bourbonnais, Susana Alves, Léo Áquila



Jornalista e Publicitária


Comentários


Se Falsa Loura tivesse vindo para um cinema que não ficasse a quase 20 quilômetros da minha casa eu até iria vê-lo. Péssima distribuição, pelo menos por aqui. De qualquer forma, em dvd eu vejo.

Abraço!!!

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Caro Pedro Henrique,

Esse é um dos grandes problemas enfrentados pelo cinema brasileiro: há um grande gargalo no quesito distribuição. As causas são: falta de recursos para divulgação+uma postura de esmagamento por parte da grande indústria cinematográfica norte-americana. As conseqüências são: uma grande percentagem de bons filmes brasileiros secretos, ou seja, simplesmente não chegam ao grande público, isso quando não permanecem para sempre nas prateleiras dos seus idealizadores.
Some-se a isso o preconceito construído nas mentes tupiniquins em relação às obras nacionais, este feito pelo mesmo cinemão gringo, o que faz com que grande contingente de público de cinema simplesmente rejeite as nossas imagens.

Abraço

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Por enquanto, não chegou nem no Unibanco Arteplex por aqui. Isso é uma pena, pois adorei a premissa deste Falsa Loura! Bjos.

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Pedro, aqui o filme só chegou na Sessão de Arte!E a péssima distribuição é um problema croônico dos filmes brasileiros! Abraço!

Kau, demos sorte, então, já que o filme passou na sessão de arte daqui! Beijos!

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É interessante ver que o cinema nacional consegue lançar pequenas pérolas, mas pela negligencia dos próprios distribuidores com a aparente falta de força do projeto, somos forçados a ver esses tipos de filmes em sessão de arte.

Agora para filmes cretinos … eles lançam a poupa …

Beijos Milla …

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Kamila,

Fiquei entre Era Uma Vez… e Falsa Loura no final de semana passado e optei pelo primeiro, mas me surpreendi com sua resenha. Quando olhei a história achei que seria fraquinha, apesar de ser dirigida pelo Reichenbach. Depois disso vou conferir sim, mas agora só em DVD.

Abraço e bom final de semana!

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Olha, Kamila, você nos deu, como diria o saudoso crítico de Ratatouille, uma “perspectiva”. Só que levando em conta o elenco – sem contar com a protagonista – está um pouco diícil de se empolgar para conferir a obra.
Até a Tiazinha tá no elenco?! hehehe!

Até mais!

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Não gostei de “Falsa Loura”, achei o filme cafona até dizer chaga e isso me incomodou um bocado! Achei a montagem estranha e até o roteiro achei um pouco vago demais, além de forçado. Eu achei que ia ser bom o filme, mas me decepcionei. Pelo menos quanto a Rosanne acho que concordamos.

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Kamila, como nao vi o filme, e vai ser dificil ver, vou comentar o que vc fala no primeiro paragrafo. Pelo que vc disse, pensei que o filme fosse uma critica aos canais poderosos da televisao brasileira (agora seja!), que colocam tanto lixo no ar pra esse povo sofrido ver. Entretenimento com qualidade eh um sonho distante.

Agora mudando de assunto, isso de seguir moda de novela, nao eh soh a classe operaria que faz, eh o mundo inteiro =/

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João, é uma pena mesmo que filmes brasileiros sejam relegados ao pouco espaço que lhes é destinado. “Falsa Loura” é um ótimo filme e que merecia ser mais visto. Beijos!

Robson, poderia ter conferido os dois filmes, até porque “Falsa Loura” estava naquela sessão em que o ingresso custa 2 reais! 🙂 Abraços e bom final de semana para você também!

Ramon, a Tiazinha está no filme, sim, num papel pequeno, mas que representa bem este ideal de ascensão social que o filme fala. O elenco do filme pode não ser animador, mas todos estão muito bem!

Marcel, o filme é cafona mesmo, mas isto não me incomodou em nada, já que ele tem este anseio de ser, digamos, popularesco. A única coisa estranha, no filme, foi aquela mulher que fica citando um filósofo grego que nem me lembro!

Romeika, não. O filme fala sobre o desejo de ascensão social, de viver o sonho, a vida de novela. Entende?? E, claro, que todo mundo segue as modas de novelas, mas, para a classe popular, isto representa a ascensão, o sonho de uma vida melhor. Isto que eu queria destacar no meu texto.

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Confesso que não conheço nada do cinema do Reichenbach, mas fiquei surpreso com a enorme quantidade de elogios que esse “Falsa Loura” recebeu. O argumento é muito interessante e fiquei ainda mais ansioso para vê-lo após sua crítica. Difícil imaginar um filme bom com Maurício Mattar, Susana Alves e Léo Áquila no elenco…

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Kamila, eu entendi. Soh fiz essa ultima observacao off-topic pois como vc citou, eh facil compreender o porque da classe operaria usar a roupa da fulana da novela etc. Dose eh quando a classe que nao eh operaria faz isso.

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Vinícius, este foi o primeiro filme que vi do Reichenbach. O interessante é que o elenco contestável não compromete o resultado bom obtido pelo filme.

Romeika, claro. Entendi totalmente sua observação. 🙂

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Otavio, e olha que eu peguei uma foto que não favorece muito a Rosanne. Ela é uma ótima atriz, sim! Beijos!

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Poxa, 1h e 40m pra dizer que mulher pobre e bonita é usada por homens com dinheiro é demais. A idéia central do filme é boa e a atriz é muito boa realmente, mas o filme tem roreito fraco que dificilmente trará uma “imagem” além da minha primeira frase… Com exceção da atriz principal o elenco é fraco, e o que dizer da trilha sonora, HORROROSA.
Obrigado, abraços.

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Walter, hoje em dia, vejo que o roteiro deste filme é fraco mesmo! Abraços e obrigada pela visita e pelo comentário!

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[…] “Família Vende Tudo” possui um tom predominantemente cômico, portanto o terreno está pronto para que atores do calibre de Lima Duarte, Vera Holtz e Caco Ciocler (naquele que é o papel mais diferente de sua carreira) possam brilhar. A presença deles atenua a falta de experiência dos jovens Marisol Ribeiro e Robson Nunes. Entretanto, no decorrer da experiência de se assistir ao filme, mesmo tendo a consciência de que ele não tem o propósito de ser levado a sério, fica sempre aquela sensação de que Carlos Reichenbach falou sobre estas mesmas questões, de uma forma muito mais competente, no longa “Falsa Loura”. […]

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