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Última Parada 174

publicado em:29/10/08 9:59 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Alguns dos momentos mais emocionantes do documentário “Ônibus 174”, do diretor José Padilha, vieram dos depoimentos de Dona Elza da Silva, que acreditava ser a mãe de Sandro do Nascimento, o criminoso que veio a seqüestrar um ônibus com 10 passageiros no dia 12 de Junho de 2000. Um dos maiores acertos de “Última Parada 174”, filme dirigido por Bruno Barreto e roteirizado por Bráulio Mantovani, é a storyline inspirada por esta mulher – em conseqüência disso, alguns dos melhores elementos do longa são as atuações dos três atores envolvidos nesta trama em especial: Michel de Souza (que interpreta Sandro), Chris Vianna (que faz Dona Marisa, personagem inspirado em Dona Elza) e Marcello Melo Junior (que dá vida a Alê Monster, o filho verdadeiro de Dona Marisa, e comparsa de Sandro em vários crimes).

 

É justamente a apresentação desta storyline que diferencia o filme de Bruno Barreto do documentário de José Padilha – já que, apesar de ser baseado em uma história real, “Última Parada 174” tem muito de ficção, especialmente no retrato que faz da vida de Sandro após ele sair do reformatório juvenil no qual ficou ainda mais revoltado. Os acontecimentos que vemos a partir do momento em que Sandro foge do Instituto onde ficou confinado possuem o papel de justificar muitos dos caminhos escolhidos pelo jovem.

 

No entanto, é bom afirmar que uma das maiores preocupações advindas de um filme como “Última Parada 174” acaba não sendo confirmada. Ou seja, aquela expectativa de que o longa de Bruno Barreto, ao tentar humanizar Sandro do Nascimento, iria fazer com que os espectadores sentissem pena do jovem é colocada abaixo logo cedo pelo roteirista Bráulio Mantovani. A reação que “Última Parada 174” causa na gente é de tristeza, por ver alguém recusando aproveitar todas as boas oportunidades que surgiram para ele na vida.

 

Apesar destes pontos positivos, “Última Parada 174” possui um grande problema. A cena que retrata o dia 12 de Junho de 2000 (data do seqüestro do Ônibus 174), a qual deveria ser o clímax do filme, acaba sendo muito mal apresentada pelo diretor Bruno Barreto. Tudo é desenvolvido de forma muito apressada e o resultado apresentado em tela acaba não causando impacto algum no público – talvez, por isso, o representante brasileiro termine ficando de fora da lista de indicados ao Oscar 2009 de Melhor Filme Estrangeiro.

 

Cotação: 7,3

 

Última Parada 174 (Last Stop 174, 2008 )

Diretor: Bruno Barreto

Roteiro: Bráulio Mantovani

Elenco: Michel de Souza, Chris Vianna, Marcello Melo Junior, Gabriela Luiz, Anna Cotrim



Jornalista e Publicitária


Comentários


Kamila, o q conheco da biografia dele vi no documentario “Onibus 174” (excelente, por sinal), e pelo q eu me lembro, fiquei com a impressao de ele ser uma vitima (ainda que a intencao do documentario foi mais generalizar a figura do bandido como vitima do sistema, e o Sandro, apenas um exemplo disso, penso). Deve ser interessante ver outra visao, espero poder assistir a este filme no futuro.

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Kami, você deu 0,2 à menos que eu ao filme. Eu gosto muito, mas meus problemas começam com a direção, sem dúvida (já leu meu texto, e sabe o que eu acho).

Só me permita discordar de uma coisa: a meu ver, o clímax do filme não é o seqëstro, mas sim a sequência que o antecede: ou seja, toda a apresentação do porquê que Sandro fez aquilo.

Bjos!

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Pelo jeito não correspondeu às suas expectativas, mas de certa forma já esperava isso, até pelos comentários que li de alguns críticos. É uma pena que “Última Parada 174” não tenha alcançado seu objetivo, aliás a história é tão forte que se esperava o mesmo do filme – especialmente no clímax. Ainda não vi, mas não estou muito ansioso. Abraço!

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Romeika, tudo que eu conhecia do Sandro vi no documentário “Ônibus 174”. O documentário do Padilha o retrata como uma vítima do sistema. O filme do Barreto mostra o contrário e, por isso, merece ser visto – até para criar este contraponto.

Kau, não tive problemas com a direção do filme. Acho que o Bruno Barreto acerta até o final. E entendo seu ponto de vista sobre o clímax do filme, mas, me permita discordar de você, porque tudo o que assistimos antes é a justificativa para aquele grande momento visto no final. Beijos!

Vinícius, eu não tinha altas expectativas em relação a este filme e, como citei em meu texto, ele tem erros e (muitos, diga-se de passagem) acertos. E concordo com o que você disse depois: a história do Sandro é muito forte e merecia um filme mais contundente. Abraço!

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Pelo que deu para tirar da sua crítica, é um bom filme, mas com diversas falhas e, acima de tudo, nenhuma chance para o Oscar. Em outras palavras, o que eu esperava. Tentarei ver no Domingo.

Ciao!

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Kamila,

A primeira coisa que pensei quando terminei de ver o filme foi: ele não irá para o Oscar. Bruno Barreto foi super competente em diversos aspectos mas não há como ele concorrer. Achei que, ao contrário de você, mesmo ele mostrando que havia outros caminhos a se seguir, o reteirista pretende sim mostrar que tudo foi ao acaso, que Sandro entrou no crime ao acaso, que sequestrou o ônibus ao acaso e que no fim das contas ele é uma vítima. As coisas não são bem assim… já discutimos bastante a respeito e ainda assim, enxergo da mesma maneira!

Mas a cotação é a mesma, na média, três estrelas!

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Kami, devido as criticas negativas vc foi até suave heheeheh
acredito que este seja um filme com visão ambigua, só vendo para tirar alguma conclusão…
bjokas,
vivi

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O FILME BRASILEIRO A SER INDICADO AO OSCAR! E onde entra nosso cinema Kamila?

Bom, não vi o doc do Padilha, conheço muito pouco do caso, gosto do Mantovani, o nosso melhor roteirista, mas acho o Barreto, assim como sua monopolizadora familia, hollywoodiano demais.

Já tinha lido algo a respeito ao que vc fundamentou em sua crítica, e meu medo parece ter se tornado realidade, ele transformou a veridica história em filme de hollywood, garanto até que com final feliz.

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Tá fora da disputa pelo Oscar, tem filmes melhores como o Françes ”Entre Paredes”, o Italiano ”Gomorra”, o Holandes ”Dunya & Desie” e o Sueco ”Maria Larssons eviga ögonblick”.

Tá fora, também, depender do Bruno Barreto tá dificil.

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Wally, uma pena que a gente espere algo de um filme que tinha tanto potencial, mas esta é a pura verdade. “Última Parada 174” tem seus acertos, mas poderia ter sido um filme excelente – e não o foi.

Robson, já conversamos mesmo sobre o filme e, ao contrário de você, não acho que tudo que aconteceu na vida do Sandro foi ao acaso. Ele fez escolhas diante dos caminhos que tinha. Por isso, acredito que ele desperdiçou as chances que teve. Ninguém o colocou dentro daquele ônibus. Ninguém o mandou roubar as pessoas. Foi ele mesmo que se colocou neste destino.

Pedro, vou aguardar sua opinião sobre este filme. Abraço!

Vivi, você está certa. Acho que “Última Parada 174” é um daqueles filmes que só vendo para chegar a uma conclusão. Beijos!

Cassiano, a verdade é que a comissão do Minc está totalmente fora de contato com o que é o cinema brasileiro. Na hora de escolher nosso representante, pensa mais naquele tipo de filme que vai se adequar à Academia, ao decidir mandar um longa que mostre as peculiaridades e os elementos de nossa cinematografia. Como você ainda não viu o documentário do Padilha, te recomendo que nem assista ao filme do Barreto. “Ônibus 174” dá show se comparado a este “Última Parada 174”. Este filme não tem final feliz, mas é uma daquelas obras que não acrescentam nada que já não sabíamos.

Luís Fernando, exatamente. Estamos num ano fértil demais e muita obra boa deve ficar de fora da categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Está difícil prever o que irá acontecer.

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Pois é, o filme ficou aquém do esperado, então. Bruno Barreto está vivendo do passado.

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Ramon, o filme fica aquém do esperado, mas tem elementos muito bons, é importante frisar isto.

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Anderson, mas você há de admitir que a maneira como a história foi apresentada tem lá sua originalidade.

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Olá, Kamila. Tdo bem? Apesar da correria, estou indo bem! rsrs

Queria muito ver este filme, ainda mais com a ótima iniciativa do Cinemark com o “Projeta Brasil”, que já está reservado os meus R$ 2,00 para “Ensaio sobre a Cegueira” rsrs. Tentarei ver “Ùltima Parada 174” tbm.

Beijos e tenha um ótimo fim de semana! 😉

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Vi ontem… Achei apenas razoável com alguns bons momentos. Bruno Barreto conseguiu transformar uma história tão explosiva em algo ameno, sem emoção, quase frio. Assiste-se apenas, nada mais. Agora gostei bastante da última cena. Aquele som de terra batendo na madeira enquanto os créditos finais surgem na tela ficou muito bom. Não acredito que fique nem entre os 9 (da onde saem os 5 finalistas ao Oscar de filme estrangeiro). Abs! Bom final de semana!

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Mayara, eu vou assistir “Linha de Passe” no projeto do Cinemark. Beijos!

Alex Sandro, concordo com sua opinião sobre o filme. Mas, não gostei da última cena. Aliás, odiei aquele último ato. Concordo que não deve ficar nem entre os finalistas a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Bom final de semana! Abraços!

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Kamila… eu adorei o filme. Não achei que a cena final foi curta. A história não é sobre isso, e achei a velocidade dela imprescindível para a emoção final da obra.
Para mim é o indicado ao Oscar, frouxo.

Abs!

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Ramon, vou respeitar sua opinião sobre a cena final, mas continuo achando que ela tira boa parte do brilho do filme. Abraços!

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Eu acho que o filma foi feito para tentar a Academia e não para nós Brasileiros. Que pena, mas olha só- deu até vontade de ver o documentário de José Padilha.

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Marcelo, eu vou discordar de ti! Não sei se a Academia gostaria deste filme, que parece ser convencional e apressado demais em sua conclusão. De qualquer forma, o documentário do José Padilha é maravilhoso. Eu recomendo!

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[…] é um filme que pega carona em obras do tipo “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite” e “Última Parada 174” e fala sobre a violência, problema que, atualmente, não está restrito somente às grandes […]

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