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Brown Bunny

publicado em:10/11/08 8:51 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Não se brinca com o poder do cinema de imortalizar imagens. Tome-se como exemplo os casos do ator, produtor, diretor e editor Vincent Gallo e da atriz Chloe Sevigny. Não importa o tanto de trabalhos que os dois façam até o final de suas carreiras, com certeza, eles serão lembrados por aquele que é, provavelmente, o ponto mais baixo de suas vidas profissionais: o filme “Brown Bunny” – mais precisamente por uma cena em que Sevigny faz sexo oral em Gallo.

 

Tal cena, ao mesmo tempo em que causou repulsa em muita gente, atraiu toda uma nova leva de pessoas que nunca iria se interessar em assistir “Brown Bunny”. A contradição é compartilhada, por exemplo, pelos envolvidos nessa história: Chloe Sevigny já afirmou nunca ter se arrependido de ter feito o filme (que causou a sua demissão da maior agência de talentos da indústria do cinema) e disse, em outras oportunidades, que sente vergonha de ter aceitado fazer o papel (que poderia ter sido de Winona Ryder ou Kirsten Dunst); enquanto Vincent Gallo, depois de defender bastante sua obra, hoje é o primeiro a dizer que “Brown Bunny” é um filme muito ruim.

 

Mas, sobre o que fala o longa? “Brown Bunny” é um road movie que segue Bud Clay (Gallo), um piloto de motocicletas profissional na sua viagem entre os Estados de New Hampshire e Califórnia. Acompanhá-lo é ver um homem extremamente solitário, melancólico, angustiado e que está, claramente, em busca de algo – a cura pelo final do relacionamento com a amiga de infância Daisy (Sevigny).

 

Quando foi exibido no Festival de Cinema de Cannes, em 2003, “Brown Bunny” foi considerado como o pior filme a ter sido exibido por lá em todos os tempos. É importante dizer que a má qualidade do filme não está relacionada ao momento protagonizado por Vincent Gallo e Chloe Sevigny (a cena mais retrata o desespero de Bud). O último ato, em que a atriz do seriado “Big Love” aparece, é o único, no filme, a ter um mínimo de começo, meio e fim. As outras cenas que assistimos são todas variações de um mesmo instante: Bud dirigindo, imagens da auto-estrada, Bud conversando com outras mulheres, Bud pilotando sua moto, Bud relembrando o relacionamento com Daisy, etc.

 

Cotação: 0,5

 

Brown Bunny (The Brown Bunny, 2003)

Diretor: Vincent Gallo

Roteiro: Vincent Gallo

Elenco: Vincent Gallo, Chloe Sevigny



Jornalista e Publicitária


Comentários


Este filme parece ser uma bagunca total, Kamila. Ouvi falar dele justamente atraves da tal cena de sexo oral que tanto gerou um falatorio na epoca. Parece q o filme prejudicou a carreira da atriz, vc acha que foi mais devido a cena polemica, ou a ruindade do filme? Deve ter sido a primeira alternativa, ne? Tem tanta atriz por aih q faz bombas e mais bombas e continuam sendo consideradas de primeiro escalao. Eu ate gosto da Chloe como atriz, e opa, lembrei, ela esteve em “Zodiaco” e fez “Melinda e Melinda” depois desse filme, nao? Na torcida por ela.

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Romeika, é uma bagunça total, sim. O filme prejudicou um pouco a carreira da Chloe, mas ela, de alguma forma, continuou encontrando trabalho e hoje tem um emprego fixo na TV, em “Big Love”. O Vincent Gallo, por exemplo, nunca mais fez algo que obteve alguma repercussão.

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Muitas vezes li sobre este filme, mas nunca o encontrei em locadoras ou lojas. A atriz Chloe Sevigny já estreou no cinema com papel forte no polêmico e chocante, mas também interessante drama “Kids”.

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Eu já discordo de todos aqueles que ainda não viram o filme, como eu. Acho que o filme tem muito mais o que oferecer do que uma “boquete”. Essa coisa de nudez e sexo no cinema acaba despertando muita ira no espectador mais conservador e muitos acabam por mascarar muitos elementos que são positivos ao resultado final. Algo parecido aconteceu com o filme “Em Carne Viva”, da Jane Campion, que até hoje é muito comentado por uma cena explícita de sexo oral e a nudez de Meg Ryan, quando, na verdade, o filme oferece uma trama corajosa e sórdida como a nossa realidade, além da poesia existente no enredo.

E a Chloë Sevigny é uma atriz formidável. Começou a carreira num papel desafiador (“Kids”, que é um filme ruim, confesso) e continuou dando passos acertados (“Crime em Palmetto”, “Meninos Não Choram”, “Melinda e Melinda”, “O Mapa do Mundo”, “Dogville”, “Party Monster”, entre outros). Não vejo razão para ficar “na torcida” para uma atriz cuja carreira já é bem-sucedida.

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Sempre tive muita curiosidade de ver esse filme, não só pela comentada e polêmica cena, mas também pelo fato da Chloë Sevigny ser uma ótima atriz. É uma pena que ela arrisque demais e acabe participando de grandes bombas como esse “Brown Bunny”. Confesso que após seus comentários já não tenho a mínima vontade de conferir o filme.

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Não tinha ouvida falar dele e parece ser mesmo bem ruim. E de pensar que tem a sempre talentosa Chloe, que adoro…

Ciao!

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Nossa, desconhecia a obra e essa história. Mas fiquei com vontade de conferir para saber o que pode ser tão ruim (E também para ver a tal cena, é claro. Rsrs!).

Abs!

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Kamila,

Sobre a comparação entre Woody Allen e Pedro Almodóvar, VEJA só o que eu acho: A Espanha seria o ‘turf’ do Almodóvar? Se sim, então nem ouse filmar lá? É isso?? E se o Almodóvar filmasse em NY, ele estaria dando uma de Woody Allen? E se o Almodóvar filmasse no Brooklyn, ele seria um Spike Lee?

Eu só acho que nós blogueiros somos muito melhores e analisamos os filmes de uma forma muita mais justa e apaixonada.

Bjs!

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Como eu detesto a Chloe Sevigny, meu Deus! Engraçado que, dia desses me falaram bem desse filme…

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Como a Kami tá malvada… hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!! Estou brincando, óbvio. Eu nem sabia que esse filme existia, mas foi bom saber da sua existência, pois assim eu posso ficar longe!!!

Bjos.

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Eu já tinha visto a cena, choca pelo explicito, mas não para esculhambar a carreira dos dois, principalmente dela que é uma atriz excelente.

É uma discussão rica o que o Gallo propõe. Sem julgar o filme, que não vi, mas pelo seu comentário até concordo que deva ser uma bomba, acho que a cena incomodou mais por se tratar de uma atriz famosa e talentosa.

Essa coisa do corpo do ator é complicada, e a maioria dos atores nem pensam nisso, vivem malhando e deixando o corpo 10. Bom, é por ai que penso.

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Hugo, eu acho que “Brown Bunny” ainda não foi lançado no Brasil, no formato DVD ou VHS. Assisti ao filme numa sessão de arte.

Kaio, por quê??

João, não conhecia o videoclipe que o Gallo dirigiu para o Frusciante. Obrigada pelo link!

Alex, concordo que a Chloe é uma atriz talentosa. Acho que ela foi uma vítima no meio disso tudo. Ela teve coragem em decidir fazer o filme e os julgamentos direcionados a ela são bem injustos. E, que bom, que você pensa além e não quer ver o filme só mesmo por causa da controvérsia que ele gerou.

Vinícius, mas grandes atrizes fazem papéis diferentes e desafiadores. O problema é que, ao que parece, a Chloe ultrapassou os limites com este filme. Por isso, o tanto de críticas que ela recebeu.

Wally, também adoro a Chloe e vi este filme por causa dela.

Ramon, o problema é que este filme é muito difícil de se achar. Abraços!

Otavio, agora entendi o que disseste e concordo que encontramos, entre os blogueiros cinéfilos, melhores críticas do que muito texto publicado na grande mídia. Beijos!

Fabi, este é aquele tipo de filme “ame ou odeie”. E eu gosto da Chloe Sevigny.

Rafael Moreira, por quê????

Kau, não sou malvada!!! 🙂 Beijos!

Cassiano, exatamente. A cena choca pelo explícito, mas as reações ao momento são extremas demais. Acho que a cena está no contexto do filme, relata o desespero do Bud. A Chloe, na realidade, foi prejudicada por ser um rosto conhecido e talentosos que topou fazer algo assim. E a gente sabe como, nos EUA, é cheio de falso moralista…. Eles implicam com tudo!

Pedro, espero que consiga assistí-lo!

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Discordo completamente de sua visão Kamila. Primeiro, porque o sexo explícito sempre causou esse tipo de opinião desfavorável somente pelo simples fato de ser explícito. O filme tem muito mais a oferecer e não acredito que devemos nos apegar somente a essa cena, que realmente pode causar desconforto, mas que é bem pertinente à trama.

O filme é a trajetória amarga e triste de um cara que se vê perdido no mundo depois da tragédia que aconteceu com a pessoa que amava. Depois disso, não conseguiu se relacionar com mais ninguém, como que bloqueado psicologicamente. A partir daí, sua vida se resume à mesmice e à melancolia de uma viagem solitária. Talvez toda a sua frustração e agonia seja expurgada na tal cena do boquete, ou é só a confirmação da necessidade que ele tem de ser perdoado. Mas quando percebemos que tudo aquilo não passa de invenção de sua mente arruinada, basta somente um sentimento de compaixão para o personagem. Enfim, um filme seco (como demonstra todo o descuido de seus quesitos técnicos) e tristíssimo. É assim que eu o vejo. E para mim é um grande filme.

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Rafael, eu concordo que o filme tem mais a oferecer que a cena de sexo explícito, tanto que deixei claro isto no meu texto. Apesar de entender sua interpretação sobre o longa, vou ter que dizer que não gostei mesmo deste filme. Entendi os aspectos que foram mostrados a respeito da personalidade do Bud, mas acho que, como filme, “Brown Bunny” é uma obra muito preguiçosa!

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Kamila, eu acho que o filme tem lá sua proposta. Eu consigo enxergar bem do que fala o roteiro, que parece, a olho nu, não existir. Inclusive, a cena de sexo oral está bem dentro do contexto, para falar do lado perverso e solitário do amor, seja ele o romântico ou o erótico. É um filme triste.

E acho que Gallo só diz que o filme dele é ruim para fazer charme, uma vez que a massa não o recebeu bem. É um filme para poucos gostos mesmo.

E o boquete, vamos combinar, é bem filmado…

Bjs!

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Dudu, eu concordo que a cena do sexo oral entra no contexto do filme, mostra o desespero do Bud, e tal. Mas, o que me deixou irritada neste filme, foi tudo o que antecede esta cena. Não assistimos a nada! São as mesmas cenas, repetidas à exaustão. Mas, compreendo que mostra a solidão do Bud, a angústia dele, a depressão dele. O Gallo deve mesmo ter se rendido às opiniões que os outros têm sobre “Brown Bunny” porque ele defendeu este filme por muito tempo, chegando até a brigar com alguns críticos por causa dele. Beijos!

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Olha, deixa eu dar meu pitaco aqui, pq pelo texto parece que o filme nao so é pessimo, como ha todo um consenso de que ele realmente nao presta. E nao é bem assim. Conheço muita gente boa (eu, inclusive hehehe) que considera Brown Bunny um grande filme. O mais ilustre deles é o mestre Jean Luc Godard, que em entrevista recente disse que o filme de Gallo é o melhor filme americano dos ultimos anos. Alias, queria saber onde está a entrevista com o diretor onde ele diz que o proprio filme é pessimo, pq me parece que Vincent Gallo sabe muito bem o que quis fazer.

Tirando a duvida de alguns, Brown Bunny existe em dvd no Brasil, sim. Saiu pela Europa Filmes no ano passado e algumas locadoras podem ter adquirido, ate pq foi bem baratinho, na faixa dos 20 reais.

Acho o filme lindo pra caralho, nao concordo com o “descuido tecnico” que o Rafael cita, como disse antes, tudo muito bem executado por Gallo. É uma experiencia de cinema sem duvida diferente do que nossos olhos estao acostumados, mas é uma pena que o “diferente” teve que sofrer esse bombardeio por uma critica que parece nao ter paciencia e “saco” para coisas mais sensoriais.

Dois bons textos sobre o filme como indicaçao: o sempre sobrio Kleber Mendonça Filho na sua cobertura diretamente de Cannes:

http://cf.uol.com.br/cinemascopio/criticasf.cfm?CodCritica=906

E um texto mais rebuscado de um pessoal que tb causa polemica, a contracampo:

http://www.contracampo.com.br/71/brownbunny.htm

Lembrando que a versao original do filme tinha meia hora a mais, ficando mais curto por conta desta recepçao horrorosa que teve. Claro que quem odiou deve ter dado graças a deus pelo corte e pedido por mais… hehehe.

Abraços!

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Hélio, obrigada pelo comentário! Desculpe se o texto deu a impressão de que é consenso que o filme é péssimo. O que eu quis falar foi a respeito do consenso de que o filme é péssimo por causa da cena de sexo, quando eu acredito que isto é injusto.

Concordo que o filme é uma experiência diferente da que estamos acostumados, mas acho chato você dizer que não tenho paciência e “saco” para coisas mais sensoriais – eu gosto de experiências diferentes, mas gosto de bons filmes, independente de que forma eles sejam apresentados e não considerei este “Brown Bunny” um bom filme.

Obrigada por ter colocado os outros links. Acho bom ler perspectivas diferentes sobre uma mesma obra e acho que o importante é que o filme seja assistido e que as pessoas tirem suas próprias conclusões. Abraços!

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Kamila, quando falei de falta de paciencia e saco, estava me referindo a critica especializada. Voce e qualquer pessoa tem todo o direito de odiar o filme por motivo qualquer. Mas acho lamentavel o que profissionais ditos “críticos de cinema”, com claro poder de formar opinioes e vender obras para o publico, fizeram com o filme, estigmatizando-o talvez pra sempre (ou nao, ja que a historia comprova que filmes antes ruins acabaram tendo seu valor reconhecido decadas depois).

Quanto a sua pergunta la no meu blog, sim, eu estava me referindo ao Romance, de Guel Arraes. Fiz um breve comentario sobre ele durante a cobertura e acho muito bom. Espero reve-lo em cinema (tomara que chegue aqui) para escrever mais sobre ele.

Abraços!

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Hélio, entendi! Então, te peço desculpas por ter te interpretado mal. A questão é que a opinião da crítica especializada sobre “Brown Bunny” acaba contaminando a de muita gente que ainda nem conferiu o filme. Como disse, acho que é legal que todos assistam ao longa do Vincent Gallo e tirem suas próprias conclusões.

Obrigada pela resposta ao comentário que postei no seu blog. “Romance” estreou hoje aqui em Natal e estava em dúvida se iria ver ou não, mesmo tendo gostado do trailer. Com sua recomendação, com certeza, irei conferir o filme. Abraços!

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Nossa, que análise sem sensiblidade essa. Chama o filme de preguiçoso e faz essa análise superficial. Concordo com o que o Rafael Carvalho comentou sobre o filme.

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saranaotemnome, você tem todo direito de ter sua opinião sobre o filme e a resenha crítica. Do mesmo jeito que eu tenho direito de ter a minha opinião sobre isso. E, assim, respeitamos os dois lados, ok?

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