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O Leitor

publicado em:13/02/09 2:29 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Há sete anos, o roteirista David Hare e o diretor Stephen Daldry nos brindaram com um belíssimo filme chamado “As Horas”. Nele, encontrávamos três mulheres, as quais viviam em tempos e lugares diferentes; mas que estavam unidas por um laço poderoso: as palavras da escritora inglesa Virginia Woolf. Apesar do tom melancólico do longa, sobrava, em “As Horas”, um sentimento forte de esperança.

 

A nova parceria da dupla, o filme “O Leitor”, tem muitos elementos em comum com “As Horas”, como o uso da trilha sonora como uma extensão dos acontecimentos que vemos em tela, a presença de uma história com linhas temporais distintas e que se misturam, o close de elementos que ressaltam a distância entre os personagens e a atmosfera na qual eles estão inseridos e, principalmente, a visão da literatura como ponto de conexão entre os personagens.

 

O protagonista de “O Leitor”, cujo roteiro foi baseado no livro de Bernhard Schlink, é Michael Berg (vivido pelo ótimo David Kross, quando mais jovem, e por Ralph Fiennes, como mais velho). O filme nos apresenta àqueles que foram os momentos de definição de sua vida – quando ele, aos 15 anos, conheceu e se envolveu com Hanna Schmitz (a indicada ao Oscar 2009 de Melhor Atriz Kate Winslet); quando, como estudante de Direito, ele acompanhou o julgamento dela; e, posteriormente, como homem feito, quando ele foi o único a quem Hanna pôde recorrer quando iria sair da prisão.

 

Um detalhe importante sobre os personagens de “O Leitor” é que, mesmo após o término do filme, Hanna e Michael continuarão sendo um mistério para nós. Uma característica em comum, no entanto, entre eles – e a qual é bastante frisada pelo roteiro de David Hare – é que ambos foram bastante covardes em suas escolhas e, em consequência disso, cada um teve sua cota de sofrimento a pagar em vida e cada um causou um pouco de sofrimento àqueles que eram mais próximos deles em vida.

 

Um outro elemento importante a mencionar é que “O Leitor” é um filme que funciona somente quando David Kross e Kate Winslet estão juntos em tela. O que passa a incomodar, no longa, é a necessidade de redimir a dupla Hanna e Michael. Este não é o objetivo de “O Leitor”. A obra tem a sua essência atingida quando nos mostra que não se pode existir aprendizado na vivência do sofrimento, e sim somente o ganho de marcas profundas, as quais acabam nos transformando – em alguns casos – definitivamente, sem a possibilidade de volta.

 

Cotação: 8,0

 

O Leitor (The Reader, 2008 )

Diretor: Stephen Daldry

Roteiro: David Hare (com base no livro de Bernhard Schlink)

Elenco: Ralph Fiennes, David Kross, Kate Winslet, Bruno Ganz, Lena Olin, Alexandra Maria Lara



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Comentários


Gostei muito de você ter salientado que não foi só a vida da Hanna tenha tido consequencia devido suas escolhas. A do Michael também. Nem todo mundo percebeu isto. Gostei muito do filme e, como de praxe, de sua resenha.

Eu fiz uma resenha também d’O Leitor lá no meu Listal. Lê lá. (:
http://www.listal.com/viewentry/211645

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Realmente tem alguns pontos semelhantes com “As Horas” e gosto muito da forma delicada como o Daldry tem de filmar seus trabalhos. No geral, “O Leitor” me agradou bastante e sem dúvida é outro acerto do diretor (até pelo excelente elenco), mas realmente peca em determinados pontos – e o roteiro do Hare é o maior culpado disso. Abraço!

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O último filme que você assistiu foi “Tempo” do Kim Ki Duk? Não lembro do tempo original, mas pela capa me lembrou.

Sobre O Leitor, achei o filme bem morno e que David Kross não funcionou mesmo com Kate Winslet. Talvez estivesse esperando “o filme” de Stephen Daldry…

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Kamila, adorei a resenha. Agora espero nao somente por uma excelente atuacao da Kate, mas tb um bom filme.

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Nota boa, hein!
Eu também gostei de O Leitor. Só acho que ele sofre o peso de ter sido indicado para o Oscar de melhor filme.

Ps.: Achasse mesmo que o filme busca redimir a dupla? Eu achei que não. O final, quando Michael conversa com a sobrevivente do holocausto, fica bem claro.

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A maneira como David Hare construiu o primeiro ato (e é claro que a direção de Daldry e a fotografia de Deakins contribuíram) foi sublime, provocativa e entusiástica. SPOILER A partir do momento em que Hanna desaparece FIM DO SPOILER tudo vai ficando enfadonho e cansativo (um pecado). O modo como o filme se finda, sem culpar ninguém, deixando-nos com algumas dúvidas não resolvidas é bem interessante, mas as partes chatas sobrepõem as boas, e acabam fazendo de “O Leitor” apenas um filme correto.
Nota: 7,5
Beijo!

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ainda não estreiou aqui na cidade onde moro 🙁

se nao chegar até o dia da cerimonia, vou recorrer ao “Cine Download” p/ conferi-lo 😛

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Vinícius, também gosto muito da maneira pela qual Daldry realiza seus filmes. Acho que ele tem uma sensibilidade enorme e consegue apresentar suas histórias sem nunca julgar os personagens – e isto é muito importante. E é uma pena mesmo que alguns dos momentos mais fracos do filme sejam uma culpa exclusiva do roteiro do David Hare. Abraço!

Pedro, este é um filme do Kim-Ki Duk, mas não é “Tempo”, e sim “Fôlego” – uma obra que, em breve, deve ser resenhada por aqui. Quanto à “O Leitor”, sua opinião é compartilhada por muita gente. Mas, eu acho que David Kross e Kate Winslet tiveram uma boa química.

Romeika, obrigada! E eu acho que você vai gostar bastante deste filme!

Ramon, também acho que o filme sente o peso de ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme. E acho, sim, que existe a tentativa de redenção dos personagens – a qual é meio dirimida pelo discurso da Lena Olin no final.

Weiner, apesar de não concordar com você em alguns pontos, acho que seu comentário está correto e justo com o que é este filme. Beijo!

Cassiano, exatamente!!!

Jeniss, que pena, mas espero que possas conferir o filme em breve.

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Ah, é verdade, sabia que era do Kim Ki Duk, mas confundi os nomes. Fôlego é um bom filme também.

Depois me diz o que você achou de “O Lutador” ok?

Bom final de semana!

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Pedro, sim, é um bom filme. E, assim que assistir “O Lutador”, postarei minha crítica aqui – mas acho que irá demorar, já que o filme não estreou por aqui nesta semana. Bom final de semana para você também!!

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Kamila, achei “O Leitor” muito bom!
Kate Winslet está perfeita, o lado técnico é impecável e até que admirei o roteiro!

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Matheus, o roteiro me deu nos nervos quando o Ralph Fiennes estava sozinho em tela. 🙂

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Essa visão do filme é ótima, Kamila! Meio que comecei a desenvolver ela no meu texto, mas achei que a omissão pesou mais em minha mente.

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Agora é arrumar um tempinho pra ir assistir. Mas já digo que apesar dos prêmios e indicações, espero pouco deste filme.

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Fico mais com o Luciano neste caso. Mas concordamos diversamente. Só acho que a parte do tribunal tem tanto peso quanto a inicial. O filme só cai mesmo perto do desfecho, onde se prolonga. Os atores estão muito bem! E achei o filme fascinante.

Nota 8,5

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Luciano, a omissão também pesou em minha mente, mas eu acho que ela faz parte justamente daquelas marcas profundas que o sofrimento deixam na gente.

Anderson Siqueira, acho que é bom enfrentar este filme assim, sem muitas expectativas… Deixe que ele te conquiste.

Wally, eu gostei da parte no tribunal… As partes que me desagradaram foram as que Ralph Fiennes está sozinho em tela, exceto pela cena com a Lena Olin.

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Olá, Kamila! Tudo bem?

Gostei de “O Leitor”, por o diretor tratar muito bem o suspense em tela. Concordo com você, o filme funciona mesmo com Kate Winslet e David Kross juntos em tela, eles tem uma ótima química, principalmente nas cenas que o personagem Michael lê para a personagem Hanna. E achei o Ralph Fiennes um pouco deslocado em seu papel. E destaco a trilha sonora. E adoro a cenas do tribunal, rsrsrs.

Beijos! 😉

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Mayara, tudo bem, obrigada. E com você? A trilha sonora foi um dos meus aspectos favoritos de “O Leitor”. E concordo com o que disseste sobre o Ralph Fiennes. Esperava que ele estivesse melhor neste filme. Beijos!

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Um Jovem estudante na Alemanha Oriental em 1958, Michael Berg (Kross), com apenas 15 anos, conhece por acaso a enigmática Hanna Schmitz (Kate Winslet) ao ser ajudado por esta quando passava mal em função da febre escarlatina. Depois de curado, ele procura a mulher para agradecer pelo auxílio e quando se dá conta, já está na cama com sua benfeitora, que, bem mais velha (35 anos), o apresenta às maravilhosas possibilidades do sexo. Apesar de viverem muitas tardes repletas de sexo, o momento mais íntimo dos dois é quando o jovem lê para sua musa, clássicos da literatura que pega na escola. A relação acaba se consolidando neste binômio sexo/livros em que os dois têm muito que aprender. Apesar da dupla se mostrar envolvida por completo o romance não dura mais de um verão. Os dois tocam suas vidas sem esquecer o que viveu até que o destino os coloca frente a frente. Estudante de direito, Michael viaja com a equipe de debates para assistir o julgamento de mulheres envolvidas com o assassinato de 300 judias em Auschwitz. Para a surpresa do jovem, Hanna é uma das mulheres que está sendo julgada. Se a primeira metade do “Leitor” é erótico e sensual, com corpos nus em vários estados de repouso e apaixonada vida amorosa, o segundo semestre se torna cada vez mais anti-séptico, um exercício de filosofia e moral e culpa. Construído em torno de Kate Winslet da enigmática Hanna, esta encenação impecavelmente, matizada drama não é facilmente esquecido. É o tipo de filme que você vai ter o seu questionamento, reações e é uma peça de hábil manipulação emocional de Billy Elliot e do Diretor Stephen Daldry. Kate Winslet é a verdadeira força que levanta um filme com um conceito provocativo, mas desiguais execução, para se tornar um drama absorvendo cerca de conciliar uma nação do passado. Uma viciada mistura de tema alémão “Sumer of’42″. Embora o Holocausto não é o foco central de “The Reader ‘, ele tem em cada cena deste filme, atos sobre segredos, decepção e redenção. Kate Winslet devidamente ganha seu Golden Globe e o cobiçado Oscar. Nota 10.0.

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