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Verônica

publicado em:16/02/09 11:39 PM por: Kamila Azevedo Cinema

O ponto de virada do roteiro de “Verônica”, filme do diretor Mauricio Farias, também marca a mudança de um elemento estético do longa. Até então, a fotografia ressaltava os tons naturais dos ambientes que a personagem principal habitava. Após ele, a fotografia passa a enfatizar tonalidades granuladas e o aspecto mais cru das imagens – de forma a nos mostrar que, a partir daquele momento, a vida de Verônica (Andréa Beltrão, esposa do diretor na vida real) nunca mais será a mesma.

 

No filme, acompanhamos a professora Verônica, que está passando por um momento de vida bastante delicado, uma vez que a mãe encontra-se hospitalizada à espera de uma cirurgia e que ela não aguenta mais a rotina de professora após 20 anos de magistério. É justamente neste instante de vulnerabilidade que ela se vê obrigada a ajudar um de seus alunos. Leandro (Matheus de Sá) teve os pais assassinados pelo pessoal do tráfico e passa a ser perseguido por policiais corruptos e por bandidos, os quais estão interessados num valioso pen-drive que o menino carrega consigo. Verônica, portanto, é a única chance que Leandro tem de escapar de tudo isso seguro e com vida.

 

Conhecida pelas personagens de viés mais cômico, como a Zelda Scott, de “Armação Ilimitada”, e a Marilda, de “A Grande Família, ver Andréa Beltrão na pele da personagem título deste filme será uma agradável surpresa. A atriz não decepciona ao construir uma mulher que se descobre forte e decidida e que não faria feio se comparada com tipos parecidos e que foram interpretados por Jodie Foster em filmes como “O Quarto do Pânico”, “Plano de Voo” e “Valente”.

 

O cinema brasileiro provou, com “Tropa de Elite”, que pode fazer um excelente filme de ação. Com “Verônica”, a indústria nacional mergulha num outro gênero que é tipicamente norte-americano: o policial. O longa de Mauricio Farias é uma obra surpreendente, mesmo reunindo alguns dos maiores clichês deste gênero. Talvez o maior trunfo de “Verônica” seja a apresentação de uma história que poderia acontecer em qualquer outro lugar do mundo. Portanto, com a estratégia de marketing correta, esta obra é um filme que pode se dar muito bem no mercado estrangeiro.

 

Cotação: 8,0

 

Verônica (2009)

Diretor: Mauricio Farias

Roteiro: Bernardo Guilherme e Mauricio Farias

Elenco: Andréa Beltrão, Marco Ricca, Matheus de Sá, Giulio Lopes, Flávio Migliaccio, Camila Amado, Ailton Graça



Jornalista e Publicitária


Comentários


Belo texto, Kamila! E me deixou com mais vontade de ver o filme. Adoro a Andrea Beltrão desde os tempos de ARMAÇÃO ILIMITADA! É… Bom, mas eu quero ver mesmo.

Bjs!

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Otavio, obrigada! Eu gosto da Andréa Beltrão, mas confesso que me surpreendi bastante com o que ela alcançou em “Verônica”. Beijos!

Anderson, este é o problema de filmes como esse, que estreiam em meio à temporada do Oscar. Ficam esquecidos para, um dia, quem sabe, serem relembrados. Não se esqueça de “Verônica”, viu???

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É muito bom saber que filmes de gênero estão aparecendo, é sinal do “crescimento” do cinema nacional…

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Olha Kamila, o trailer deste filme é uma das coisas mais horríveis que já vi. Coisa de amador mesmo, muito mal contruído. Me deixou completamente assustado e não tinha a mínima vontade de ver o filme…até ler sua crítica. Agora, fiquei curioso. Vou ver se consigo conferi-lo em breve. Mas talvez deixe pro DVD.

Ciao!

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Apesar do roteiro meio fantástico (esta história de pen-drive é bem forçada, né?) eu fiquei atraído pelo filme após seus comentários. Não dava nada pelo longa, mas agora, com sua cotação, vou dar uma chance, mas no DVD apenas. No cinema não chegou.
Beijo!

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Como já comentei em outros blogs, meu maior interesse nesse longa é pela Andréa Beltrão, sem dúvida uma ótima atriz. Mas agora fiquei mais curioso depois da comparação que você fez com a Jodie Foster 😉

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Não esperava muito desse filme. Mas agora… Quero ver. No trailer eu gostei apenas da prévia atuação de Andréa Beltrão. Quando surgir a oportunidade, verei, sem dúvida. Abraço!

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Olha, fico mais interessado agora com seu texto! Curioso pela Andréa Beltrão num papel policial, e sua comparação com a Jodie Foster me deixou com uma sensação aque de “nooossa, pode crer!” uehehe
Mas o que mais deixa satisfeito, é a aposta que nossa cinema vem fazendo, perdendo aos poucos o medo e o preconceito de arriscar! É assim que se cresce!
Assim que der, verei!

Beju Kamila!

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Sinceramente não tinha me interessado pelo filme, mas agora quem sabe eu vejo. O tema é realmente comum, espero que o povo da terrinha consiga fazer algo bom do gênero.

beijos.

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Pelo visto, deve ser muito legal mesmo. E não é todo dia que um filme policial brasileiro aparece por aí. Quero ver.

*Sobre ‘historia real’, achei o filme muito sem o que dizer, achei chato. Quando vi ‘veludo azul’, também do lynch, pensei que seria demais, mas achei muito mediano. E o filme é tão cultuado…

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Olá, Kamila! Tudo bem?

Como todo mundo sabe, a safra do cinema nacional está indo muito bem, mas as pessoas acabam esquecendo de filmes do gênero de “Verônica”, para ver filme de comédia como “Se Eu Fosse Você”, por acherem que o Brasil não sabe fazer filmes de suspense. Não vi nenhum dos dois, mas espero poder vê-los logo.

Beijos! 😉

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Juliano, de nada! Espero que goste do filme.

Pedro, exatamente! Só falta o público, agora, prestigiar mais o nosso cinema.

Jeniss, a Andréa deve atrair bastante gente para assistir a este filme.

Wally, eu não assisti ao trailer de “Verônica” e, a julgar pelo que você escreveu, fiz bem em não fazer isso. 🙂 Assisti ao filme porque ganhei convites e fico feliz de ter aceitado os mesmos.

Weiner, pois aqui, “Verônica” já está em cartaz há duas semanas. Beijo!

Cassiano, acho que eu não fui clara. O trunfo do filme é ter uma história universal, que agradará a um mercado estrangeiro. Mas, acho que os brasileiros poderão adorar um longa assim.

Vinícius, a personagem da Beltrão bem que poderia ter sido feita pela Jodie Foster… rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

Rafael Moreira, quando assistir ao filme, espero que goste dele tanto quanto eu. Abraço!

Victor Nassar, eu também estou gostando de ver nosso cinema sem medo de arriscar, tentando explorar todos os gêneros. Isso é ótimo! Beijo!

Yuri, este filme é a prova de que podemos realizar filmes policiais bons. Beijos!

Leonardo, exatamente! Ah, e “História Real” é o filme menos chato do Lynch!!!

Mayara, tudo bem, obrigada. E com você? E eu espero que você goste dos dois filmes nacionais citados em seu comentário. Beijos!

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Kamila, achei Persépolis infinitamente melhor. Mas depois me diz o que achou de Valsa com Bashir!

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Kamila, eu amo a Andréa Beltrão desde pirralho, mas já estou com problemas com este “Verônica” por razões que você já conhece: as semelhanças gritantes com “Glória”. Eu não assisti o filme de Cassavetes, mas na refilmagem de Sidney Lumet com Sharon Stone como protagonista, a Glória é uma ex-presidiária que acaba defendendo um garotinho do canalha do marido (ou amante, não me lembro) dela, que é um mafioso. Ele manda matar toda a família do menino e também pretende fazer o mesmo com ele. Só que Glória defende ele a todo custo. O problema é que ele está com um disquete que constam informações escandalosas sobre a máfia ao qual o marido de Glória está envolvido.

A Cecília do Cenas de Cinema me disse que as coisas são bem diferentes depois dos pontapés iniciais idênticos. Mas este vai ficar para o DVD mesmo.

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Interessante saber que Andréa Beltrão está bem. Isso é imprescindível para que uma obra dessas seja digerível.
Vou conferir quando chegar às locadoras, apesar de não gostar nenhum pouco de a obra reunir os maiores clichês do gênero. Mas vamos ver!

Abs!

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Alex, exatamente. Você já tinha compartilhado isto comigo. Lendo a sua descrição da trama de “Glória”, realmente percebo as semelhanças entre este filme e “Verônica”. Poderia dizer, então, que o longa do Cassavetes foi a inspiração consciente dos roteiristas de “Verônica”. 🙂

Ramon, mas se mesmo com os clichês, o filme é bom, então vale a pena ser visto! Abraços!!

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Ok Kamila, melhor, esse negocio de querer agradar os outros talvez seja o principal defeito do nosso cinema!

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Cassiano, concordo em partes com o que disse, pois acho que é importante a gente visualizar o relato de uma história que não seja tão local, que tenha um apelo universal.

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