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Deserto Feliz

publicado em:27/02/09 1:45 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Deserto Feliz é o nome de um lugarejo árido e inóspito no sertão pernambucano, e também é o título do último filme dirigido por Paulo Caldas. Nele, acompanharemos a jornada de Jéssica (a estreante Nash Laila), uma jovem de 14 anos, que vive com a mãe e o padrasto na cidade que citamos no início do texto. A vida de Jéssica é cheia de aspectos contrastantes, como mistério e silêncio, sensualidade e ingenuidade, sonhos e realidade.

 

Na medida em que o roteiro de Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Manoela Dias e Xico Sá é desenvolvido, ficamos sabendo que Jéssica é vítima de violência sexual por parte do padrasto. A mãe dela não faz idéia do que acontece dentro de sua própria casa e é justamente para fugir disto que Jéssica pega uma carona com um caminhoneiro e parte para Recife. Na capital pernambucana, para sobreviver, a jovem apela para a única saída que encontra: a exploração de seu corpo, de preferência pelas mãos dos muitos turistas estrangeiros que ali estão.

 

Se você pensa que “Deserto Feliz” é um filme depressivo, vai ficar bem surpreendido ao notar que, na realidade, a história que ele conta é um tanto otimista. Isto está representado pelo personagem de Peter Ketnath (que é um dos co-produtores do longa). Ele faz Mark, um turista alemão que passa da posição de cliente de Jéssica para namorado dela, uma vez que ele a carrega para a Alemanha. Aqui, a obra começa a falar de um outro tema importante, que são as diferenças culturais (já que a adaptação de Jéssica ao novo país é muito difícil) e a falta de forças da jovem para se dar a oportunidade de encontrar a felicidade ou de fazer algo que seja bom para ela.

 

Filmado de uma maneira praticamente documental, “Deserto Feliz” é um desafio para a platéia que decidir encará-lo. Toda a obra é calcada em cima dos aspectos contrastantes de Jéssica, especialmente o silêncio. É interessante perceber como a vida dela passa a ser determinada por uma série de acidentes justamente por ela não ter um eixo, ou seja, aquela pessoa que seja franca com ela quando é necessário ser. Por isto mesmo, é importante lembrar, durante toda a duração do longa, que estamos diante de uma adolescente que está tentando encontrar seu caminho na vida e que foi vítima das circunstâncias que experimentou.

 

Cotação: 7,0

 

Deserto Feliz (Happy Desert, 2007)

Diretor: Paulo Caldas

Roteiro: Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Manoela Dias e Xico Sá

Elenco: Hermila Guedes, Peter Ketnath, Nash Laila, João Miguel, Zezé Motta



Jornalista e Publicitária


Comentários


não tenho muitas referencias sobre esse filme. mas isso não chega a ser um motivo a menos p/ conferi-lo. deve ser bom
abs, Kamila
🙂

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Gostei de sua crítica, Kamila. Fiquei com vontade de ver o filme. A trama, apesar de à primeira vista ser “mais do mesmo”, em relação aos constantes filmes brasileiros que abordam temas como pobreza, favelas e crime, parece ser bem conduzido. Sem contar que o elenco é composto praticamente de atores desconhecidos.

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Fiquei ainda mais curioso a respeito desse filme que já quero ver há um certo tempo. A trama parece ter um “quê” de “O Céu Suely” e até mesmo pela presença da excelente Hermila Guedes fiquei mais interessado – sem falar no João Miguel e no Peter Ketnath. Abraço!

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Sabia que não conhecia este “Deserto Feliz”? Se já ouvi falar, faz algum tempo, porque realmente não me recordo. Gostei dos comentários no geral, ainda mais sobre o fato de ele não ser tão pessimista – vamos combinar que a maioria dos filmes brasileiros querem por que querem seguir este esteriótipo. Bjs!

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E eu perdi a oportunidade de ver esse filme aqui em Aju com os atores principais do longa! =/ Fizeram um evento com eles, aqui no cinemark, para a estréia do filme, mas eu não pude ir por causa da universidade a noite. =/ Mas ainda quero assisti-lo!

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Quero muito assistir este filme, qualquer coisa interessante que venha a surgir do cinema nacional eu estou dentro.

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Poxa, Kamila, tá empenhada no cinema nacional, hein! Parabéns!
Também quero assistir esse.

Abs!

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Kami, minha nota foi 7,5! Sabes que eu achei interessante a premissa, mas a narrativa me incomodou e MUITO! Vale lembrar que gosto muito de Nash Laila aqui.

Beijos!

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Pela tematica, tem-se a impressao de q o filme eh triste, entao me surpreendeu o q vc disse no texto. A foto parece servir como afirmacao do q vc disse, Kamila!

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Ultimamente vem só escrevendo sobre filmes que desconheço. Rsrs. Não curto muito a mistura de ficção com o estilo documental, tive muitos problemas com “Não Estou Lá”. A história me pareceu interessante e à princípio nos parece realmente depressiva. Adorei o dinal de seu texto… Abraço!

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Não sou muito fã do cinema brasileiro … esta fita também não tinha conhecimento até agora … mas, vou procurar .

beijos!

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Jeniss, fui assistir a este filme sem ter qualquer tipo de referência prévia sobre ele e isso não me impediu de apreciá-lo. Abraços!

Ibertson, acho que os nomes mais conhecidos do elenco são: Hermila Guedes, João Miguel e Peter Ketnath.

Vinícius, a trama tem um quê mesmo de ‘O Céu de Suely’, mas acho este longa melhor que “Deserto Feliz”. A Hermila faz uma participação bem pequena aqui. Abraço!

Weiner, o que eu mais gostei neste filme é que ele tem esperança. Ele mostra que pode ser que a Jéssica encontre seu caminho. Beijos!

Marcel, que pena que perdeu a oportunidade de ver o filme, ainda mais com a presença dos atores principais!

Sérgio, eu também!

Ramon, acho que a gente tem mesmo que prestigiar nosso cinema. Abraços!

Kau, a narrativa do filme é mesmo complicada, mas o resultado geral obtido pelo diretor é bom. Beijos!

Romeika, exatamente. O otimismo e a esperança é que surpreendem neste filme – e isso é ótimo.

Rafael Moreira, obrigada! E, que bom que estamos podendo te surpreender com os textos resenhados por aqui ultimamente. Abraço!

Cleber, por quê não és fã do cinema brasileiro? Beijos!

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Assisti a esse filme há mais de um ano numa Mostra aqui em minha cidade e confesso que não me empolgou muito, não. Parece que falta um pouco mais de emoção, principalmente quando ela viaja para a Alemanha, e não me agrada a tentativa do diretor de parecer esteticamente descolado, filmando de forma diferenciada. Mas bem que eu gostaria de rever o filme.

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Rafael, eu concordo que falta um pouco mais de emoção ao filme. Muitas vezes, a impressão que eu tive foi a de que existe um distanciamento entre o diretor e a história que ele relatou.

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