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À Deriva

publicado em:15/09/09 10:18 PM por: Kamila Azevedo Cinema

O título “À Deriva” já fala muito a respeito do que veremos no novo filme do diretor e roteirista Heitor Dhalia. O termo significa estar sem rumo; totalmente desgarrado; retirado de suas origens e, por conseqüência, daquilo em que acredita. É assim que encontraremos a adolescente de 14 anos Filipa (Laura Neiva), que passa férias com sua família na praia de Búzios, que fica localizada no Rio de Janeiro. 

Outrora membro de uma família cuja maior característica era a afetividade (a gente vê cenas dos pais abraçando os filhos, beijando-os, acarinhando-os, colocando-os no colo, entre outras manifestações de amor), Filipa se vê no meio de um furacão calmo quando se dá conta de que o pai, o escritor Mathias (Vincent Cassel), está traindo a sua mãe Clarice (Débora Bloch) com Ângela (Camilla Belle), uma norte-americana que vive na praia. 

Interessante perceber que o roteiro de “À Deriva” coloca Filipa nesta situação indelicada (a de ver o casamento de seus pais ruir diante dela, sem que ela possa fazer alguma coisa para salvar a sua família) enquanto ela mesma se depara com as descobertas típicas da adolescência, como a vivência do primeiro amor, o despertar da sexualidade e a incerteza de como lidar com esse turbilhão de sentimentos. 

Como se pode perceber, toda a trama de “À Deriva” se apoia em Filipa, na fragilidade dela, no seu olhar observador e curioso e, principalmente, na maneira como ela se porta nestas etapas que formarão o seu rito de passagem para a idade adulta. É, portanto, muita responsabilidade nos ombros de Laura Neiva, uma atriz estreante e que foi descoberta pela produção do filme no Orkut; mas a menina tem um talento de gente grande demonstrando muita sensibilidade e a sabedoria para demonstrar as emoções certas nas cenas corretas. 

Se fosse possível definir “À Deriva”, poderíamos dizer que estamos diante de uma obra totalmente atípica, que é feita de imagens emolduradas pela bela fotografia de Ricardo Della Rosa, mas que não nos apresenta aquele momento de clímax que fica martelando em nossa mente. Neste caso em particular, o apelo do filme é maior e atinge seu todo. É um longa sobre o aprendizado de que a nossa vida nem sempre segue o caminho que a gente gostaria que ela percorresse, mas que isso não é culpa nossa. Às vezes, a gente só precisava viver aquilo para crescer. 

Cotação: 9,8

À Deriva (Adrift, 2009)
Diretor: Heitor Dhalia
Roteiro: Heitor Dhalia
Elenco: Camilla Belle, Vincent Cassel, Cauã Reymond, Débora Bloch, Laura Neiva



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Comentários


Gostei deste drama, que além da garota Laura Neiva, destaco a boa atuação de Vincent Cassel e Débora Bloch, que travam diálogos ácidos, mostrando com realismo as mágoas de um casal que não sabe porque acabou o amor.

Até mais

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Triste, muito triste. Ainda não tive a oportunidade de ver, mas estou ansioso. Seu texto – e nota – revelam que é um filme sensacional.

Beijos!

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Kau, é um filme sensacional mesmo. Entra no top 10 do ano, até agora. Beijos!

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Achei este filme um clássico e o coloquei em sexto lugar na minha lista de melhores filmes brasileiros da década. Genial mesmo.

Beijos!

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Kamila, lembro de ter ouvido falar de um filme com Debora Bloch e Vincent Cassel na epoca de Cannes, mas nao conhecia nada da trama. Sua resenha e nota me deixou muito curiosa a respeito de tudo!

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Nossa, 9,8, faltou pouco pra ganhar 10..hehe..ñ entendo essas notas quebradas q vc tá dando, mas td bem..rs..
Tenho grande interesse e expectativa pra esse filme q tá todo mundo elogiando!
Bjo! Diego!

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Ciro, não diria que é um clássico, mas é um belo filme, sem dúvida. Beijos!

Romeika, espero que possa assistir ao filme!

Diego, nem eu entendo! rsrsrsrsrsrsrs Beijo!

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Nossa, que maravilha Kamila! Realmente não esperava. Apesar de considerar Heitor Dhalia uma inspiração pro cinema nacional.
Agora vai pesar uma responsabilidade sobre o filme quando for assisti-lo, haha Estreia na sexta aqui, pretendo ver no cinema logo logo.

Beju!

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Oi Kamila! Ainda não tive a oportunidade de ver o filme do Heitor Dhalia. No geral, todo mundo fala bem. Como não costumo ser do contra, devo apreciá-lo tb. Mesmo com os boatos de que se trata de um plágio descarado. O que não deixa de ser boato… abs.

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Victor, espero que goste do filme. Beijos!

Charles, eu soube desses boatos e fiquei de cara! E, pior, parece mesmo com a trama do filme neozelandês! Abraços!

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Os trailers do filme já são magníficos. Estou ansioso para conferir a obra. A nota que você deu me deixa ainda mais curioso. Quero descobrir por que tirasse o 2 décimos da obra. Rsrs!

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Não acredito que perdi este, infelizmente. Parece ótimo mesmo e ainda não entendo o por que da não indicação dele a representar o Brasil no Oscar, ele seria perfeito. Agora com seu texto, fiquei bem mais curiosa, rsrsrs.

Beijos! 😉

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“À Deriva” é belíssimo!

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Ramon, nem eu sei por quê tirei os 0,2 décimos. rsrsrsrrrs

Mayara, eu também não entendi porque este filme ficou de fora da lista de pré-selecionados para representar o Brasil, no Oscar. Beijos!

O Embasbacado, concordo!

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Esse filme é uma pequena pérola mesmo, Kamilla.
Aborda a fase de mudanças pela qual Felipa passa, de maneira muito sensível, ao mesmo tempo que trata do filme do relacionamento dos pais com muita maturidade.
Posso estar errado, mas acho que ficou de fora dos pré-selecionados simplesmente porque não o inscreveram.
Os filmes precisam ser inscritos na seleção do MinC e pagam uma taxa (bem cara, por sinal).
Para mim, é a melhor ficção nacional de 2009 e deveria ser o nosso representante no Oscar.
Mas vamos torcer para Salve Geral ser tão bom quanto.

P.S.: apesar de não assistir seriados, gostei do modo como escreve sobre os filmes. Por isso, adicionei-te e passarei a acompanhar os posts sobre cinema.

Bjo!

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Fred, será que não o inscreveram mesmo??? Concordo contigo! Obrigada pelos elogios! Beijo!

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Estou louca pra ver esse filme. Nem acredito que não fui no cinema pra ver! Tb ele estava em circuito em apenas um shopping de Belo Horizonte .

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