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A Casa de Saddam

publicado em:7/10/09 10:41 PM por: Kamila Azevedo TV

É impossível assistir à minissérie “A Casa de Saddam”, dos diretores Alex Holmes e Jim O’Hanlon, e não se lembrar de “A Queda – As Últimas Horas de Hitler”, filme alemão dirigido por Oliver Hirschbiegel. As duas obras possuem como objeto principal homens classificados pela história por palavras como ditador, lunático, cruel, sanguinário, tirano, louco, entre outras alcunhas, e tentaram explicar o incompreensível: como estas duas figuras donas de personalidades pra lá de controversas conseguiram cativar tanta gente a ponto de conseguirem se perpetuar no poder por tanto tempo. 

Em quatro capítulos, “A Casa de Saddam” fala sobre a ascensão e o declínio político de Saddam Hussein ao usar como foco os quatro momentos fundamentais de seu governo: em 1979, após assumir o poder, quando brigou diretamente com o Irã do Aiatolá Khomeini – que queria unir o Irã, o Iraque e a Síria contra a vontade de Saddam; em 1988, quando, por causa do petróleo, o Iraque invadiu o Kuwait e se viu, pela primeira vez, enfrentando as tropas norte-americanas; em 1995, quando o Iraque sofria com sanções econômicas, não cooperava com as investigações da ONU em busca de armas químicas e estava sob a vigilância cerrada da CIA; e, em 2003, quando o fim estava próximo, na medida em que as tropas norte-americanas avançavam em território iraquiano e em que Saddam e família fugiam de seus algozes. 

Além de falar do lado político, a minissérie também mostra a vida pessoal de Saddam Hussein. Neste sentido, é bom prestar atenção ao título deste trabalho, uma vez que toda a equipe que participava do regime de Saddam, em cargos de alta confiança, era formada por membros da própria família dele, bem como os agregados. Por esta razão, a política era algo discutido dentro de casa e sentimentos como lealdade, inveja, traição, ciúmes, vingança estavam sempre à tona e eram tratados de forma totalmente aberta por todos – exceto pelas mulheres, que somente acatavam as vontades de seus homens. 

Indicado a quatro Primetime Emmy Awards 2009, “A Casa de Saddam” é um trabalho um tanto frio e que precisava, talvez, de maior “paixão” no seu relato e, principalmente, por parte dos envolvidos – especialmente os dois diretores. Tome-se como exemplo o caso de Yigal Naor, que interpreta o personagem principal. Ao contrário de Bruno Ganz, que foi uma presença magnética e monopolizadora como Adolf Hitler, Naor é burocrático e apático. Seu Saddam é totalmente ofuscado pelos atores coadjuvantes, principalmente aqueles que interpretam o General Hussein (Amr Waked), Qusay Hussein (Mounir Margoum) e Uday Hussein (Philip Arditti).

Cotação: 6,0

A Casa de Saddam (House of Saddam, 2009)
Diretores: Alex Holmes e Jim O’Hanlon
Roteiro: Stephen Butchard e Alex Holmes
Elenco: Yigal Naor, Shohreh Aghdashloo, Philip Arditti, Mounir Margoum, Amr Waked



Jornalista e Publicitária


Comentários


Sempre vejo passando na HBO, mas nunca tive interesse em assistir…
Acredito que esse nome “Casa de Sadam” não me chamou a atenção…

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Kamila apesar da idéia ser interessante (pelo visto) não é muito bom.

A Queda é um tremendo filme mesmo !

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Assitir essa semana “House of Saddam”, e adorei. Talvez por que eu seja pré-vestibulando, e a parte da narrativa que mostra toto esse poder de ascenção do Saddam, que eu não entendia muito bem nas aulas, se esclareceu muito quando vi a minissérie.
Sem dúvidas que há muitos tropeços (Naor me parece ser o maior deles), mas também não deixa de ter uma parte técnica legal. Acho que o destaque era mesmo Shohreh Aghdashloo, que fez um papel super recluso, mas que dominava cenas. E, talvez, um Emmy muito merecido.

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Bruno Gonçalves, rsrsrsrsrsrsrsrrs

Alexandre, não é muito bom mesmo! E faço minhas as suas palavras sobre “A Queda”.

Luís, eu também gostei desse aspecto explicativo da minissérie sobre a trajetória de Saddam. E não acho que a Shohreh mereceu o Emmy.

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Kamila, nunca parei para ver esta minissérie por não ter despertado aquele interesse, e parece que continuarei a fazer isso. rsrsrs.

Beijos! 😉

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Muito legal! Desconhecia a minissérie.
Só pelo conhecimento histórico quero muito conferi-la.
Vou prestar atenção na interpretação do protagonista. Quer ver se ele é de fato ofuscado pelos coadjuvantes.

Até mais!

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Ainda preciso ver essa minissérie, mas mesmo assim seus comentários não me animaram tanto. E o que achou da Shohreh Aghdashloo?

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Ramon, ele é totalmente ofuscado pelos coadjuvantes. Até mais!

Vinícius, ela aparece pouco e, na minha opinião, não fez nada demais para ganhar o Emmy…

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Não concordo com sua análise.

“A Queda” é um bom filme, mas não pra tanto. Infelizmente, o tornaram muito hollywoodiano, feito para agradar nossos olhos, mas nem sempre condizente com os fatos históricos.

Não achei a série sobre Saddam genial, mas também não é ruim. É bem o estilo das séries da HBO.

Num mundo onde séries como Lost e Heroes são aclamadas, eu até que daria uma nota bem mais alta para essa.

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A única coisa que me deixou intrigada nesta minissérie foi, não a interpretação de Shoreh, que estava maravilhosa, mas a forma como os diretores ‘criaram’ a Sajida da “Casa de Saddam”. Sajida Khairallah, a primeira esposa de Saddam, era (não sei se ainda é, pois perdeu todo o poder com a queda do marido), na vida real, uma mulher intratável e muito cruel. Que maltratava os empregados, e todos ao seu redor, torturava mesmo, bem como seu filho Uday, só que com requintes de crueldade bem menores.
Certa vez vi a entrevista de uma das ex criadas do palácio presidencial de Bagdá. Rosa é o nome dela, uma católica caldéia de família pobre. E ela relatou a falta de humanidade da patroa. Contou que numa ocasião limpava o assoalho de Sajida (que era gigantesco, segundo ela) e lá encontrou um anel belíssimo cravejado de diamantes e ouro branco, no chão. Quando esta foi entregar o anel para Sajida, a mesma gritou em alto e bom som; “Estão vendo. É assim que se tem que fazer, ela não é como vocês, todos ladrões e ladras”. E como forma de recompensar a criada, lhe deu o anel.
No dia seguinte, a pobre mulher penhorou o anel, pagou suas contas atrasadas, comprou móveis novos, comida, água e roupas, pois andava maltrapilha.
No mesmo dia à tarde, quando chegou ao trabalho a patroa lhe perguntou aonde estava o anel, pois disse pensar se tratar de um anel de vidro e não que fosse um anel de diamantes, e pediu-lhe o anel de volta. Rosa se desesperou e disse que estava no penhor, Sajida lhe disse que se no outro dia não visse o anel, Rosa sofreria as consequências.
Rosa foi até o penhor tentar recuperá-lo, mas o homem disse que uma mulher havia o comprado à vista e não deixou nome e nem endereço.
O único jeito que encontrou foi falar a verdade à patroa. Sajida então começou a chamá-la de ladra e pediu que dois guardas começassem a chicotear Rosa. Os longos cabelos negros a que Rosa tanto prezava foram raspados à mando da patroa. Então ela começou a gritar e Sajida rapidamente disse que só porque ela estava gritando iria queimá-la, e mandou os mesmos guardas queimarem suas mãos com um ferro quente. Rosa foi obrigada a ficar de quatro com as mãos espalmadas no ferro quente, enquanto outro guarda queimava suas costas também com ferro. Em seguida Rosa foi expulsa do palácio, com as costas em carne viva, ficou vagando pelas ruas de Bagdá, até que um taxista lhe ofereceu ajuda.

A Sajida da minissérie, é um tanto vítima, bastante, bem diferente da da vida real. E não digo essas coisas só pelo relato de Rosa não (que foi só um dos exemplos), mas também pelo relato de muitas outras pessoas que conviveram com “Lady” Sajida (pois era assim que ela exigia ser chamada, de “Lady” Sajida). Torturas, ameaças e até prisões a “Lady” já comandou. Simplesmente por prazer. Toda a sociedade Iraquiana a odiava. Além do que conta-se, que era mal educada e grosseira.
A série teve muitos erros, como o atentado que Uday sofreu em 1996 que quase o deixou paraplégico, e que não foi mostrado, pois depois disso o rapaz ficou ainda mais cruel do que antes, dizendo que todos seus amigos deveriam passar pelo mesmo sofrimento que ele.

Mas mesmo assim é um ótimo entretenimento.

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Flávia, excelente perspectiva essa que você apresenta. Não conhecia a personalidade por trás da figura da esposa do Saddam. E essas mudanças, infelizmente, sempre ocorrem por propósitos dramáticos.

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Apesar de não possuir muita propriedade no assunto Saddam, achei um filme exagerou na personagem de Saddam, mas a perspectiva do filme é bem interessante. Mas a Queda é beeeeeem melhor, comparando.

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Isabelle, não enxerguei o mesmo que você em relação ao exagero, mas concordamos em relação ao filme “A Queda”.

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