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Uma Prova de Amor

publicado em:3/11/09 10:55 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Só vai compreender os membros da família Fitzgerald, especialmente a matriarca Sara (Cameron Diaz), aqueles que já estiveram na mesma situação que eles. É muito difícil ter que ver alguém que a gente ama se definhando com o tempo e ficando cada vez mais frágil por causa de uma enfermidade brutal. O sentimento é de impotência porque, por mais que você tente e por mais que você tome alguma atitude, a dor e a agonia do outro nunca se atenua. E existe um momento, um difícil momento, diga-se de passagem, em que a gente tem que encarar as coisas de frente e deixar com que aquela pessoa se vá, por mais difícil e doloroso que isso seja para ambas as partes. 

O filme “Uma Prova de Amor”, do diretor Nick Cassavetes, fala justamente sobre este duro instante de aceitação de que o fim está próximo. Por treze anos, os membros da família Fitzgerald – o pai Brian (Jason Patric), a mãe Sara, o irmão Jesse (Evan Ellingston), a irmã Anna (Abigail Breslin) e a tia Kelly (Heather Wahlquist) – vivem a mesma rotina por causa de Kate (Sofia Vassilieva, da série “Medium”). Ela foi diagnosticada com um tipo raro de leucemia e, desde a mais tenra idade, só conhece a dura rotina de hospitais, tratamentos e procedimentos cirúrgicos. 

A situação ainda é mais complicada para Anna, que foi geneticamente concebida para ser uma doadora perfeita para a irmã – após esta ter sido diagnosticada e os médicos terem constatado que os pais e Jesse não eram doadores compatíveis com Kate. Então, Anna não tem vontade própria. Ela está ali para prolongar a vida da irmã, para dar esperanças aos pais (especialmente a Sara, uma lutadora incansável pela saúde de Kate) e para se adequar às necessidades da irmã mais velha. 

A trama de “Uma Prova de Amor” parte da ação judicial que é imposta por Anna aos pais pela sua emancipação médica. Ou seja, ela não quer mais sujeitar seu corpo a duros procedimentos médicos para salvar Kate. A princípio, isso pode parecer um tanto cruel. Mas, é aí que entra um recurso narrativo muito interessante e que foi utilizado por Nick Cassavetes e Jeremy Leven na adaptação do livro de Jodi Picoult: ao alternar diversas vozes narrativas, oferecendo várias perspectivas sobre como a enfermidade de Kate afeta a vida dos Fitzgerald como família, você compreende que Brian, Sara, Kate, Jesse, Anna e Kelly estão todos chegando àquele ponto em que eles começam a perceber que a vida vai continuar, mesmo não sendo da forma como eles sonhavam, mesmo eles tendo que enfrentar uma grande perda. 

Um dos maiores receios em relação a uma trama desse tipo é que o diretor que a transporta para a grande tela exagere em certos pontos, criando um filme melodramático e manipulador. Felizmente, este não é o caso de Nick Cassavetes. Diretor de “O Diário de uma Paixão” e filho de John Cassavetes e Gena Rowlands, Nick sabe que o segredo está em colocar o foco nos personagens – neste caso, em particular, nos jovens Kate, Jesse e Anna, porque são eles que vão fazer com que os adultos enxerguem as verdades que eles se recusam a admitir. O resultado é que “Uma Prova de Amor” emociona sem ser piegas porque é verdadeiro.

Cotação: 9,0

Uma Prova de Amor (My Sister´s Keeper, 2009)
Diretor: Nick Cassavetes
Roteiro: Nick Cassavetes e Jeremy Leven (com base no livro de Jodi Picoult)
Elenco: Abigail Breslin, Sofia Vassilieva, Cameron Diaz, Jason Patric, Heather Wahlquist, Evan Ellingson, Alec Baldwin, Emily Deschanel, Joan Cusack, Thomas Dekker



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Comentários


Segurei as lágrimas, mas o pessoal no cinema chorava de escorrer o nariz! Gostei, achei o filme emocionalmente maduro. Beijo!!

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Ah, eu tava meio com o pé atras de ver esse filme!
Mas com todo mundo elogiando vo ter que assistir!!!

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Louis, eu consegui me segurar durante boa parte do filme, mas não me aguentei na cena em que a Kate vai pro baile. Eu chorei que nem uma criança. Soltei tudo que tava prendendo naquela hora. Beijo!

Bruno G., não fique com o pé atrás em relação a este filme. É uma obra muito bonita!

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Kamila, não achei nada interessante o recurso narrativo adotado em “Uma Prova de Amor”, vendo que ele é muito mal aplicado no filme (chega um momento que você nem sabe ao certo qual o personagem que você está ouvindo). Acho que foi isto o principal motivo de eu não ter gostado tanto do filme como eu gostaria. Mas Nick Cassavetes é um dos meus diretores preferidos e aqui ele continua naquela excelente forma de contar uma história dramática que emociona através de sua sinceridade. Vale lembrar que ele mesmo já sofreu as mesmas dores dos personagens quando se deparou com o câncer que a sua própria filha sofreu quando mais nova. Daí o filme acabar sendo mais uma obra autoral dele, pois ele conhece muito bem essa situação que é encenada.

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Falando em Alec Baldwin, é ele que vai apresentar o Oscar. Junto com o Steve Martin.

Sobre UMA PROVA DE AMOR, achei bem bonito mas, como cinema, bem fraco.

Bjs!

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Mais um filme que eu assisti! o/
Gostei bastante do filme apesar de toda tristeza. Aprendi com os anos a não segurar as lágrimas quando elas decidiam aparecer. =)
Cameron Diaz me convenceu como mãe lutadora nesse drama apesar de parecer nova demais pra tantos filhos.
Achei a idéia daquele scrapbook sensacional. Me emocionei com a percepção de quem vem se despedindo ao longo dos anos.
Beijo!

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Alex, não sabia da história pessoal do Cassavetes. Então, ele sabe bem pelo que esses personagens passaram e discordo de você em relação ao recurso narrativo, como meu texto mostra.

Bruno S., eu li do Alec Baldwin e fiquei surpresa! Como cinema, não é aquele filme maravilhoso, mas a obra é linda! Beijos!

Carol, eu também deixo as lágrimas rolarem quando elas querem aparecer e assistir a este filme foi MUITO difícil pra mim! Eu tentei ser forte até onde pude. Concordo contigo em relação à Cameron Diaz e à ideia do scrapbook. Beijo!

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Oi Kamila, tudo bem?

Tb adorei Uma prova de amor. Gosto muito do Nick Cassavetes e o tema do filme, para mim é muito íntimo- já que passei por experiências similares. Gostei muito da sua crítica e gostaria de convidá-la a ler a minha critica e um outro artigo que fiz sobre o filme.
Seguem os links:
http://claquetecultural.blogspot.com/2009/09/contexto.html

http://claquetecultural.blogspot.com/2009/09/critica-uma-prova-de-amor.html

Gostaria muito que expusesse sua opinião sobre o que escrevi.
Beijos

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Reinaldo, tudo bem, obrigada. E com você? Eu também passei por experiências similares a essa, por isso foi um filme muito difícil para mim. Vou ler teus textos. Beijos!

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Olá Kamila!

Acho demais as obras da famíila Cassavetes, mas ainda não vi este. Passou meio batido.
Gostei bastante da sua análise e vou procurar assistir. Chorar de vez em quando faz bem.

PS: O blog continua ótimo!

Sandro

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Caraca, esse filme é para quem tem fôlego e lágrimas de sobra. Chorar é a coisa mais fácil de se fazer no cinema, mas conseguir passar do choro falso para o verdadeiro só os melhores fazem. E esse conseguiu fácil-fácil. As emoções que brotam da platéia são verdadeiras, e o que vemos na tela é aquele tipo de coisa que a gente nunca quer que aconteça de verdade. Mas no fundo sabemos que muitos (como o Cassavetes) já passaram por isso, e superaram

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Quero ver, porque adoro filmes emocionantes! Emoção não exatamente de choro, mas eu gosto…

Bjs!

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Sandro, obrigada! E espero que, quando assistir ao filme, goste dele!

Luís, faço minhas as suas palavras!

Otavio, eu também adoro filmes emocionantes. Beijos!

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Kamila, belo texto! Fiquei com os olhos lacrimejando (sério mesmo!, rsrsrs) Sobre o filme, parece ser uma obra bem soco no estomago, infelizmente ficará para DVD. Estou muito curiosa.

Beijos! 😉

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João Paulo, espero que dê certo aí pra você conseguir ver o filme! Beijos!

Mayara, obrigada! Espero que goste do filme, quando o assistir. Beijos!

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Kamila assisti ao filme tem 20 minutos. Com certeza ele emociona, com certeza sua força maior são seus personagens – principalmente os atores que conseguiram passar muito bem a emoção de cada, porém não gostei da edição do filme e achei sim Cassavetes um tanto controlador, o que era meu maior medo, como você bem fala no texto.

O filme é bom e emociona, mas poderia ser um pouco melhor.

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Yuri, eu não achei o Cassavetes controlador, nem tive problemas com a edição do filme.

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Considero um dos melhores filmes que vi recentemente, justamente por contar uma história palpável, que já aconteceu na vida de muitos e que é capaz de tocar e sensibilizar – isso é a vida real, não?

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gostaria de saber qual é esse tipo raro de leucemia que kate tanto sofreu?

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Marília, não me lembro se o filme fala qual o tipo de leucemia que ela tem. Acho que deve dizer.

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