logo

Desejo e Perigo

publicado em:5/11/09 11:32 PM por: Kamila Azevedo Cinema

“Desejo e Perigo”. Já está bem definido no título do filme dirigido por Ang Lee quais são os temas principais desta obra, a qual foi baseada no conto de Eileen Chang e foi adaptada por James Schamus e Hui-Ling Wang. O longa se passa durante a Segunda Guerra Mundial, em Xangai, cidade chinesa, quando um grupo de estudantes universitários que fazem resistência à guerra e, especialmente, àqueles que colaboram com os inimigos japoneses, recrutam uma inocente jovem chamada Wong Chia Chi (Wei Tang) para fazer com que ela se passe por uma distinta senhora e se aproxime do Sr. Yee (Tony Leung Chiu Wai), um dos maiores colaboradores dos japoneses no conflito. 

A história de “Desejo e Perigo” se passa em duas linhas de tempo distintas. Na primeira, que acontece em 1938, encontramos o grupo de estudantes universitários, os quais são muito interessados em artes dramáticas. Ao montarem um espetáculo de tom patriótico, eles decidem criar um ato ainda maior: uma trama em que cada um deles tem um papel bem definido e que possui o objetivo de alcançar aquilo que descrevemos no primeiro parágrafo de nosso texto. 

Na segunda, que ocorre em 1942, encontramos uma segunda tentativa do grupo de conseguir a morte do Sr. Yee – o qual, agora, é uma figura muito mais importante nas relações entre os chineses e os japoneses. Aqui, o roteiro de Shamus e Wang fica ainda mais interessante, pois, com a proximidade que é estabelecida entre Yee e Wong Chia Chi (que adota a alcunha de Mak Tai Tai para o figurão) e, na medida em que as relações entre eles ficam mais passionais e dependente do magnetismo que um exerce sobre o outro, as chances da identidade verdadeira dela ser descoberta se tornam ainda maiores. 

Ao assistirmos “Desejo e Perigo”, é inevitável não pensar em “A Espiã”, do diretor Paul Verhoeven, um outro thriller de espionagem passado na Segunda Guerra Mundial. As duas obras se apoiam em personagens femininas que ficam em uma situação extremamente delicada justamente por não conseguirem manter certa distância emocional daqueles que deveriam ajudar a entregar à resistência. Além disso, tem todo o aspecto da sensualidade e da paixão que estes relacionamentos suscitam. Assim como Verhoeven fez, em sua obra, Ang Lee filma tudo aqui (com o apoio da fotografia brilhante de Rodrigo Prieto) com muita classe. O conflito que estas mulheres vivem, a maneira como elas acabam expondo aqueles que deveriam ser suas vítimas, mostram que todos os planos (mesmo aquele minuciosamente feitos) estão totalmente sujeitos às circunstâncias nas quais eles irão tomar espaço – e, nesse sentido, vale também destacar a atuação da dupla Tony Leung e, especialmente, Wei Tang.

Cotação: 8,8

Desejo e Perigo (Se, jie, 2007)
Diretor: Ang Lee
Roteiro: James Schamus e Hui-Ling Wang (com base no conto de Eileen Chang)
Elenco: Tony Leung Chi Wai, Wei Tang, Joan Chen, Lee-Hom Wang, Chung Hua Tou 



Jornalista e Publicitária


Comentários


Ah, tenho que conferir! Adoro filmes orientais e filmes que se passam na 2ª Guerra! Valeu a Dica!
E porque 8,8? Não podia ser 8,5 ou 9,0? rsrsrs

Responder

Enquanto estava passeando após a sessão de Jogos Mortais 6 para comprar uns dvd, vi esse filme mofando a tempos, desde do ano passado que está em dvd a venda. Mas nunca me interessou em comprar …

Talvez eu veja baixado quando chegar em casa …
Abraços

Responder

Eu adoro ‘A Espiã’, e se esse filme seguir a linha dele eu também adorarei. Ainda mais tendo por trás Ang, que já fez coisas maravilhosas no cinema.

Responder

Bruno Gonçalves, meus critérios de nota são confusos, só eu entendo mesmo! rsrsrrsrs

João Paulo, não baixe pra ver. Compre esse filme! Abraços!

Luís, eu achei esse filme melhor que “A Espiã”. O Ang Lee consegue ser mais sofisticado que Paul Verhoeven.

Responder

Amo Ang Lee. Para mim um dos mais sensíveis e eloquentes cineastas da atualidade. E seu trabalho aqui é mais um testamento disso. Kamila, adorei seu insight sobre as circunstâncias de uma mulher ( agente) em um conflito como esses e com o paralelo ( que por mais inevitável que seja eu não tinha feito) com a Espiã. Bem obeservado.
Acrescento ainda uma obsessão recente na filmografia de Lee. O interesse pela angústia causada do anor deslocado que se contrapõe a convenções e determinimos. Sejam sociais ( como em Brokeback mountain) ou bélicos e politícos ( como em Desejo e perigo). Não a toa ele ganhou um leão de ouro para cada filme.
Beijos

Responder

Ainda não vi o filme. Mas belo texto! Vou ver se alugo o DVD. Semana passada eu vi “Aconteceu em Woodstock” na Mostra de SP. É bom, mas ficou abaixo das minhas expectativas…

Ah, eu já sei que você quer ver MUITO “An Education”. Vi ontem. Escreverei sobre o filme nos próximos dias. Mas adianto que é maravilhoso! Filmaço! E a Carey Mulligan é uma graça e uma surpreendente ótima atriz. Engraçado que tem umas cenas em Paris e a Carey ficou com uma carinha de “jovem Audrey Hepburn” em algumas cenas… Sei lá, fiquei com essa impressão. Talvez por ela ser magra e estar bem vestida (e com o cabelo preso nessas cenas. Digo isso pq andam pensando em Keira Knightley para “My Fair Lady” (HERESIA), não? Enfim, não perca “An Education” quando estrear!

E Ok! Vou escrever sobre os apresentadores do Oscar…

Bjs, e bom final de semana!

Responder

Oi, Kamila!
Qualquer projeto do Ang Lee já vem imbutido de muita curiosidade, já que seus trabalhos são na maioria das vezes, acima da média. Este “Se, jie” ficou no meu imaginário durante todo o ano passado, mas acabei esquecendo dele, acredita? Vou tentar alugá-lo já que seus apontamentos me deixaram muito curioso quanto ao resultado.
Beijos!

Responder

Reinaldo, obrigada! Concordo contigo sobre o Ang Lee e seu cinema. Adorei a observação final que você fez sobre a maneira como ele vê o amor. Beijos!

Otavio, obrigada! Que inveja tua de ter assistido “An Education”. Eu tenho acompanhado os paralelos que andam sendo feitos entre a Carey e a Audrey e gosto deles, acho as duas bem parecidas e graciosas. Beijos! Bom final de semana e aguardo seu texto sobre os apresentadores do Oscar!

Weiner, espero que assistas logo ao filme e que goste dele. Beijos!

Responder

Tem um argumento bastante interessante e o casal de protagonistas bem trabalhado. Muito acima da média.

Só é pena que Ang Lee insista no virtuosismo visual de algumas cenas…

Cumps. cinéfilos.

Responder

Poxa… Ang Lee, A Espiã, ótima fotografia… vou conferir a obra. Gostei da premissa.

Bom final de semana!

Responder

Eu também adorei esse filme – um dos meus 5 prediletos desse ano até agora, inclusive. E nem pensei em A ESPIÃ, que acho bem bom mas não no nível do filme do Ang Lee.

Bjs!

Responder

Sam, mas insistir no virtuosismo visual é algo bom do cinema dele, não??

Ramon, assista mesmo. Bom final de semana!

Bruno Soares, eu acho o filme do Ang Lee melhor! Beijos!

Responder

Também vou conferir, principalmente pela semelhança que você falou existir com “A Espiã”, ainda mais sendo um filme do Ang Lee.

Beijos, Ka.

Responder

O Ang Lee é um dos meus diretores favoritos (recentemente vi “Banquete de Casamento”, um dos seus primeiros trabalhos, e adorei), mas ainda não tive oportunidade de ver esse “Desejo e Perigo”, quem sabe em breve…

Responder

Parece ousado e ótimo. Ainda bem que virá em DVD nestes, já que é outro filme que tive problemas em relação a censura…

Beijos! 😉

Responder

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.