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Um Olhar do Paraíso

publicado em:1/03/10 10:22 PM por: Kamila Azevedo Cinema

A história por trás do livro “Uma Vida Interrompida – Memórias de um Anjo Assassinado”, de Alice Sebold, é bem interessante. Enquanto tentava escrever a obra “Sorte – Um Caso de Estupro”, que foi baseado em sua própria experiência como vítima de violência sexual, Sebold se viu numa encruzilhada, porque não conseguia encarar o tema e colocar para fora tudo aquilo que sentia. Provavelmente, ela chegou à conclusão de que ela mesma não havia conseguido superar aquilo que passou. Portanto, imagino que a jornada que ela visualizou para Susie Salmon, a garota de 14 anos que será brutalmente violentada e assassinada, foi a maneira que a própria Alice Sebold encontrou de se livrar de todos os fantasmas de seu passado. 

Em sua essência, “Uma Vida Interrompida – Memórias de um Anjo Assassinado” conta a história de uma jovem que, num mundo intermediário entre o céu e a terra, vê a sua família lidando com a sua morte inesperada, ao mesmo tempo em que ela tem que contornar a dor de ver o seu assassino continuar a vida dele livremente, como se nada tivesse acontecido. No final, aprendemos que a história de Susie Salmon, na realidade, era a jornada de uma adolescente que morreu quando não estava preparada para isso. Susie não entende que a vida continua, inclusive para ela mesma, agora, em outro plano. 

A adaptação dirigida por Peter Jackson (que co-escreveu o roteiro ao lado de suas habituais parceiras Fran Walsh e Philippa Bowens) mantém essa essência central do livro de Alice Sebold, porém, em grande parte do filme, o que assistimos é a uma descaracterização da obra escrita pela norte-americana. Um lado positivo do filme “Um Olhar do Paraíso” é que ele é tudo o que uma adaptação deve ser, ou seja, oferece um olhar independente do livro que o originou, não se preocupando em querer fazer uma transposição fiel e literal das palavras de Alice Sebold (a equipe de roteiristas foi, particularmente, feliz no ato final, que é emocionante em vários momentos). Outros acertos do longa: o excelente trabalho de efeitos visuais e as performances de Saoirse Ronan (basta dizer que nenhuma outra atriz jovem poderia ter interpretado Susie da maneira correta como ela fez) e de Stanley Tucci (completamente assustador). 

Por outro lado, “Um Olhar do Paraíso” é uma sucessão infeliz de erros. O primeiro deles foi escalar Mark Wahlberg para o papel de Jack Salmon (além de ser novo demais, ele não conseguiu trazer a profundidade que o personagem exigia) e os mais sérios deles: relegar personagens como Lindsey e Abigail para um segundo plano, além de ter suprimido algumas tramas que seriam excelentes para compreendermos ainda melhor o momento em que Susie finalmente realiza que, para que a vida continue, as pessoas que ela ama precisam “deixá-la” para trás (e vice-versa). Infelizmente, a sensação que fica ao final de “Um Olhar do Paraíso” é a de que este é um filme que se desenvolve de forma equivocada e que não faz jus à jornada singular que é vivida por Susie. 

Cotação: 5,0

Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones, 2009)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens (com base no livro de Alice Sebold)
Elenco: Saoirse Ronan, Mark Wahlberg, Rachel Weisz, Susan Sarandon, Stanley Tucci, Michael Imperioli, Rose McIver, Carolyn Dando, Thomas McCarthy



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Comentários


Ao contrário de todos, gostei e muito. Mas, estou a procura do livro, acho que Peter Jackson soube novamente conduzir uma adaptação, ainda da mesma maneira competente, os efeitos são bons e o clima tenso é exuberante, além de um ótimo Tucci e Ronan!

Esqueci de perguntar, tudo bom Kamila? Rs.

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Não li o livro, e mesmo assim acho que o filme poderia render bem mais. Acho que Peter se perdeu nas duas histórias paralelas, que Mark continua sendo um modelo de cueca e que Tucci merecia a indicação no Oscar por Julie e Julia. No mais, acho que Saoirse se salva e espero vê-la em muitos outros projetos, melhores que esse, é claro.

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Airton, o Wahlberg está péssimo! Nem perca seu tempo com ele.

Jenson, leia o livro e verás que é uma obra superior ao filme. Tudo bem, obrigada. E com você?

Luís, concordo. Peter se perdeu totalmente. E Saoirse é simplesmente maravilhosa!

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Vc disse tudo Ka. Um olhar apurado para com um filme até mesmo razoável (acho 5,0 uma nota justa), mas que tinha potencial para muito mais.
Bjs

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Reinaldo, com certeza, este era um filme com potencial para render mais do que rendeu! Obrigada! Beijos!

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Realmente o filme é uma sucessão de erros, o que é lamentável já que torcia bastante por essa produção. Além dos problemas na escalação de alguns nomes do elenco, penso que o roteiro foi o maior desses erros.

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Vinícius, eu também torcia tanto por esse filme… O roteiro foi mesmo um erro enorme, fora a escalação de alguns atores…

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Ah, até que não achei o Mark Wahlberg tão ruim assim, na cena dos barcos ele até me surpreendeu. Achei desperdício foi Susan Sarandon e Rachel Weisz com papéis tão ínfimos… Achei a direção de arte do filme linda, e algumas coisas interessantes. Não li o livro, mas no geral achei o filme aquém do que esperava. Principalmente o ato final.

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Bruno, uma pena que é uma sucessão de erros.

Amanda, eu odiei o Wahlberg. Odiei mesmo! E concordo que Sarandon e Weisz foram desperdiçadas, mas a Rachel foi prejudicada pela supressão de tramas importantes envolvendo sua pesonagem. E eu, surpreendentemente, achei o ato final bonito.

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Eu gostei um pouco mais do que esperava, já que falaram tão mal. Entre erros e acertos, é um filme razoável. Não é o melhor filme do ano, mas está longe de ser uma perda de tempo.

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Eu daria um 7, mas nao sou apaixonada pelo livro como vc, entao entendo sua decepcao e a nota.. A melhor coisa do filme eh a atuacao da Saoirse Ronan, e os momentos emocionantes ao fim, eh o que salva o filme de ser ruim. Ainda que me emocionei mais de uma vez, acho q devido a atuacao dela. Quando Susie chora, eu choro kkkkkkkk

Ah, e nao achei Mark Whalberg tao horrivel assim, ele ate que tem alguns poucos bons moments, parecia se esforcar pelo menos. Ja Rachel Weisz foi uma grande decepcao de tao apagada, me deu a sensacao de que nao queria estar naquele filme. Ao contrario da maioria, nao gostei dos efeitos do ceu surreal da Susie, ate teria preferido se o diretor tivesse deixado essa tecnologia de lado, e ao inves, tivesse recriado o ceu apenas com uma fotografia peculiar.

re:aquele gato eh de algum vizinho, as vezes ele/ela vem nos visitar hehe

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É, todos os blogueiros, TODOS, condenando negativamente este filme. Uma pena, quando eu vi o trailer – esperava mais…
Não vi ainda, por isso não posso dizer mais além.

Abraço!

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Leo, não é uma perda de tempo e é um filme somente razoável, infelizmente.

Romeika, a Saoirse, para mim, foi sensacional. A Susie que eu imaginava totalmente. Eu também me emocionei mais de uma vez no filme. Não gostei do Wahlberg e acho que a Weisz se tornou apagada porque acabaram com o material que ela tinha. E gostei dos efeitos no céu de Susie.

Cristiano, eu também esperava mais desse filme. Abraço!

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Levando em consideração o potencial do filme, como o Reinaldo já citou, 5 seria uma nota até alta demais.

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Realmente, tinha tudo para ser um filme marcante, por Peter Jackson ter uma história super interessante em mãos. Como sabe, ainda estou a procura do livro e tive probleminhas com o roteiro. Gostei das atuações de Saoirse e Tucci, apesar do último esta caricato ás vezes. Sobre Mark Wahlberg comparando com seus trabalhos anteriores, está normal, mas realmente, ele não combinava com o papel. Weisz deslocada e Sarandon prejudicadíssima pelo roteiro. E destaco a direção de arte e a fotografia, não a do paraíso.

Ou seja, é um Peter Jackson bem menor. Esperava-se muito mais, mas não é um desastre. PENA!

Beijos! 😉

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Erich, não acho que 5,0 é uma nota alta demais para esse filme.

Mayara, não achei Tucci caricato. Pelo contrário. Achei-o irreconhecível. Ele tá sensacional! Destaco o mesmo que você. Beijos!

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Concordo com vc! Saí muito triste do cinema. Mas não por causa da emoção do filme, mas pela pisada na bola de Peter Jackson.

Bjs!

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Comecei a ver o filme ontem, mas não terminei ainda. É uma enredo difícil, que trata de uma história real e dura, mas que ao mesmo tempo leva ao abstrato, o mundo intermediário da garota Salmon.

Se levarmos em conta o livro (que eu não li), como é de praxe, ficaremos sentindo falta de vários elementos, mas acho que é uma história pra ser assistida com o coração mais aberto, oscilando entre a identificação com o mundo de Susan e com a sede de justiça que seu pai quer.

Tou devendo uma opinião do final, mas pra mim a nota seria um pouquinho melhor: 7. Mas te garanto que vou procurar o livro, fiquei interessada.

Bjão Kamila!

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Tucci assustador? Eu fiquei com medo foi do bigode dele.
Filme fraco demais. Teve uma cena no final que só faltou tocar “Unchained Melody” pra ficar igual ao Ghost. lol

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Otavio, exatamente. O Peter Jackson pisou feio na bola aqui! Beijos!

Elloa, você verá que o livro é bem melhor que o filme! Beijo!

John, eu achei Tucci assustador. E o final é daquele jeito mesmo, até no livro. Não acho que lembrou “Ghost”. rsrsrsrs

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Caramba Kamila, achei esse filme ruim demais. Nem o desenvolvimento do mundo imaginário de Susan é satisfatório e muito menos os personagens da família dela e seus dramas no mundo terreno. Tudo é muito raso e frágil, até a composição do personagem do Tucci. O pior é aquele final moralista e adocicado. Ruim demais!

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Adorei esse filme, gostei do primeiro ao último minuto, bastante tenso, um dos melhores dessa safra do oscar, a fotografia é espetacular, Stanley Tucci está assustador na pele do serial killer, grande trabalho do Peter! Filmaço! nota 8.5!
Abs! Diego!

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Rafael Carvalho, não diria que é um filme ruim demais. Mas, é uma obra abaixo da média, com certeza. E eu gostei do Stanley Tucci.

Diego, eu discordo de você em quase tudo. Concordamos somente em relação ao Stanley Tucci. Abraços!

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esse filme podia render mais se o jackson não perdesse tanto tempo tentando dar um lirismo ao céu ideal da menina e mostrasse mais da realidade da perda, da morte e da transformação que a tragédia traz a cada um dos personagens.

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Dessa vez concordei com os críticos esse filme é medíocre, o que valeu a pena foi as atuações de Stanley e Saiorse, o Peter Jackson ficou tão preocupado com os excessivos efeitos especiais que se esqueceu de dar um drama melhor, pois o drama é péssimo, chorei nesse filme por saber que ele tinha uma história que tinha de tudo para ser um excelente filme e estragou, além disso ele deveria pelo menos dar uma melhor explicação sobre o estupro e o assassinato acho que ele ficou com medo de mostrar isso para não ficar pesado, mas seria o mais correto a fazer. Nota 5,0

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The Dude, concordo com você. E é justamente isso que faz do livro uma obra especial. O fato de que a obra lida com a dor.

Nayara, medíocre é uma palavra forte, mas concordo que valeu a pena pelas performances de Stanley Tucci e Saoirse Ronan.

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Medíocre é a mesma coisa de mediano algo que não é bom nem mau.

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Nayara, medíocre, para mim, é pior do que é essa sua definição!

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Não é minha definição é do dicionário, também achava que medíocre era algo pior, mas se esse for o caso eu troco a palavra medíocre por mediano.

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Bem que poderiam fazer filmes dos livros que vc colocou na crítica, mas não Peter Jackson como diretor. Vc acha que se o filme fosse direcionado por Clint Eastwood ficaria melhor

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Eu acho ke o filme um olhar do paraiso conseguiu ensinar a adolecentes e até mesmo outras pessoas uma lição de vida,conseguindo mostrar ke os cuidados dos pais são essencias dentro da própria cidade ou região,Susie Salmão foi perfeita para o filme registrado,só de pensar que o que a conteceu com ela no filme esta acontecendo todos os dias com outras pessoas até as mais perto de nós,aprendi muito com esse filme e vou procurar o livro para mais detalhes – se o filme ja foi suficiente para eu entender a vida da menina acho ke o livro vai render bem mais Adorei

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Nayara, o pior que Peter Jackson era o diretor perfeito para esse filme.

Victória, verdade. Existem muitas Susies Salmons por aí, mas eu acho que a grande mensagem do filme é que quem a gente ama sempre sobrevive no coração da gente. A gente nunca se esquece das pessoas que amamos.

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Eu Acho que a Susie salmon era minha alma gemia,o Destino nos traça caminhos contrários. quando assisti o filme senti uma tristeza enorme em meu peito, pensei em minha filha pequena, e no coração destas pessoas que tem coragem de fazer o Mal.

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O filme é muito comovente,quem já se aprofundou na doutrina espírita vai entender melhor, mas o que não gostei foi toda aquela fantasia do céu,ficou muito artificial, tudo bem que algumas eram necessárias para mostrar a confusão de pensamento do espírito,mas outras fogem totalmente da realidade.

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