logo

O Menino do Pijama Listrado

publicado em:11/03/10 1:22 AM por: Kamila Azevedo DVD

É da natureza do homem adulto tentar proteger as crianças. Na cabeça dele, a inocência e a ingenuidade que são típicas dessa tenra idade não devem ser maculadas por acontecimentos e pensamentos sérios e tristes. O que o adulto se esquece é que, às vezes, a criança tem uma sensibilidade maior do que a pensada e ela sente e sabe quando algo anda errado. O filme “O Menino do Pijama Listrado”, do diretor Mark Herman, conta uma história em que entramos em contato com uma verdadeira lição: a de que, em alguns casos, é melhor falar a verdade (ou um princípio dela), ao invés de correr riscos desnecessários e de ver algo trágico acontecer, no final. 

Bruno (Asa Butterfield) é um típico garoto de 8 anos, apaixonado por brincadeiras ao ar livre e por livros de aventura. A diferença é que ele vive na Alemanha, em plena II Guerra Mundial. Porém, Bruno está totalmente alheio a esta realidade e não faz a mínima ideia do por quê dos alemães estarem envolvidos no conflito, quem são os inimigos do país e quais as consequências dessa batalha. Então, quando o pai dele (David Thewlis), um oficial do exército de Hitler, comunica à família que ele foi promovido e eles terão que se mudar para uma nova cidade, a reação de Bruno é de tristeza, uma vez que ele não gostaria de abandonar os amigos e as brincadeiras do local ao qual já está totalmente adaptado. 

Logo, Bruno irá compreender que a sua nova residência é um ambiente sisudo e cheio de segredos. Ele não sabe, mas seu pai se tornou responsável por um campo de concentração, e a descoberta da verdadeira motivação por trás da promoção do patriarca trará problemas no relacionamento familiar, especialmente com a mãe/esposa (Vera Farmiga, numa performance extremamente sutil, porém excelente) que não admite ver seus dois filhos sendo criados num ambiente de pensamento com o qual ela tem sérios problemas. 

Entretanto, o viés mais interessante de “O Menino do Pijama Listrado” é a amizade que nasce entre Bruno e Shmuel (Jack Scanlon), menino que vive do outro lado da cerca que Bruno acredita esconder uma fazenda. Está claro que os dois meninos pouco sabem das respectivas realidades que vivem e que eles se assustam com determinadas coisas, mas, não importam as diferenças que os separam, o roteiro escrito por Mark Herman mostra uma importante mensagem de companheirismo, de fraternidade, de solidariedade e de altruísmo – coisas que são raras, ainda mais em tempos de guerra, quando a sensação que se tem é a de que cada um quer salvar sua própria pele. 

Baseado no best-seller escrito por John Boyne, “O Menino do Pijama Listrado” é uma obra que chama a atenção por diversos detalhes. O principal dele, é claro, é a história, que, apesar de clichê (afinal, quantos filmes já não falaram sobre a perda da inocência?) nunca chega a cair para um lado melodramático. Os secundários estão relacionados à parte técnica, especialmente aos figurinos, à direção de arte, à fotografia e à trilha sonora. Mas, talvez, o mérito principal deste longa seja o fato de que ele é uma daquelas obras que fica com a gente até mesmo após o término dele. E isso é qualidade rara nas obras cinematográficas atuais. 

Cotação: 8,0

O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pyjamas, 2008)
Direção: Mark Herman
Roteiro: Mark Herman (com base no livro de John Boyne)
Elenco: Vera Farmiga, David Thewlis, Rupert Friend, Asa Butterfield, David Heyman, Jack Scanlon 



Jornalista e Publicitária


Comentários


Estou ansioso pra ler o livro, só assim me permitirei a conferir o filme, prefiro nessa ordem. Mas sei que irei me surpreender, positivamente, das duas formas – literária e cinematográfica.

Abraço!

*Uma aprendizagem… é o que há de mais intenso em Lispector! Adoro observar Lore idealizando o homem perfeito: personificado em Ulisses.

Responder

Cristiano, eu não li o livro. Mas, fiquei curiosa para fazer isso depois de ver o filme. Abraço! Estou adorando minha fase Clarice Lispector. Tenho aprendido muito com ela!

Responder

Kamila, concordo com sua resenha. Eu não só vi o filme como também li o livro – que é muito melhor que a película, embora seja muito fiel à obra de John Boyne. E, desde que li e vi O Menino do Pijama Listrado, tenho lembranças da relação amorosa entre Bruno e Shmuel. Esse filme deveria ser exibido em salas de aula para dar noção de bondade, amizade, entre outras coisas, muito embora o cenário não seja nada favorável. Beijos!

Responder

Olá Kamila, tudo certo?
Eu gostei moderadamente da versão cinematográfica de “O Menino do Pijama Listrado”. É mais um exemplar que entra para o hall “o livro é melhor que o filme” – tem coisa mais batida do que isso? Mas é a pura verdade.

Gostei do filme, mas achei ele muito pontual, digamos. “Agora o espectador ri, agora o espectador chora”. Chorei? Como não chorar com aquele desfecho? rs, mas achei um pouco calculado e algumas passagens belas reduzidas a clichézinhos. Além de ser um pouco reducionista a imagem da guerra e tal.

mas as atuações (o garotinho dá um show, e Vera Farmiga igualmente excelente) são grandiosas e a trilha sonora de James Horner também é muito bonita e eleva o filme.

{***]

ABS!

Responder

Kamila e leitores: como disse no meu comentário, eu li o livro há algum tempo e fiz um texto sobre ele, publicado em meu blog. Abaixo, o link a quem possa interessar http://renan-canuto.blogspot.com/2009/09/o-menino-do-pijama-listrado.html

Kamila, desculpe a propaganda! Bjs!

Responder

Renan, exatamente. O filme deixa uma linda lição! Beijos! E não precisa se desculpar pela propaganda!

Elton, tudo bem, obrigada. E com você? Como não li o livro, vou me eximir de comentar sobre o trabalho de adaptação. Eu me emocionei com o desfecho, e não esperava aquilo! Concordo com os aspectos técnicos que você destacou. Abraços!

Responder

Não li o livro, mas o filme me emocionou. A historia da amizade dos dois garotos é bem trabalhada e o golpe final nos pais é forte e interessante.

abraços

Responder

Kamila, tudo bom? Como vai?
Bem, todos elogiam muito o livro. O filme, verei esse final de semana pro você, rs!

Beijos!

Responder

Kamila, gostei muito desse filme! Foi emocionante e muito bem produzido. Destaco ali, além dos ótimos garotinhos, a linda trilha do James Horner…

Responder

Kamila, não consigo deixar de pensar que esse filme tem um quê forçado, principalmente na utilização de humilhação justamente contra criancinhas e velhinhos, porque aí é inspira mais pena, coitadinhos. Acho o texto fraco e o final muito moralista, tipo lição de moral mesmo. Nem a Vera Farmiga ajuda a melhorar as coisas.

Responder

O tema não é dos meus preferidos, mas é incrível como todo mundo gosta desse filme. Parece ser uma boa pedida, ainda mais com a Vera Farmiga no elenco.

Responder

Não gostei do filme e acho que se deu ao fato de eu ter lido o livro antes, mil vezes melhor. O filme muda várias coisas, incluindo personalidades das personagens. Vera Farmiga excelente.

Responder

Acho um filme razoável. Já não esperava muita coisa, mas como você disse não é tão melodramático. Ganha pontos aí. Em resumo, é outra história de segunda guerra e de perda de inocência. Vera Farmiga está muito bem tb!

Beijos!

Responder

Amanda, realmente, é um golpe final cruel nos pais do menino! É como se eles tivessem que aprender diante da dor.

Jenson, tudo bem, obrigada. E com você? Eu fiquei com vontade de ler o livro e espero que goste do filme. Beijos!

Matheus, concordo contigo!

Rafael Carvalho, discordo de seu comentário. Não achei o filme forçado. Tanto que nem esperava aquele final! JURO!

Vinícius, e a Vera Farmiga tá bem inspirada nesse filme. Recomendo!

Rodrigo, não li o livro e, com certeza, teria uma perspectiva diferente da adaptação se tivesse feito a leitura da obra original.

Ciro, concordo!

Responder

Amei este filme. Não li ainda o livro de John Boyne, mas achei que o filme captou bem o que ele quis retratar em sua obra. Um assunto tão constante no cinema, mas que conta muito bem o ponto de vista infantil. E, destaco também a bela trilha do James Horner.

Beijos! 😉

Responder

Não faz muito meu tipo de filme, não gosto de me sentir triste por dias seguidos (rsrs), mas concordo que tanto o livro quanto o filme são realmente ótimos. E, reforçando TODO mundo aqui de cima, acho a trilha de Horner um achado de 2008.

Responder

Acho apelativo, banalização da tragédia que foi o Holocausto. Existem filmes que compreendem a grandiosidade desse acontecimento (SCHINDLER, O PIANISTA etc.), e outros que somente buscam explorá-lo para arrancar lágrimas do espectador. O MENINO DO PIJAMA LISTRADO está nesta segunda categoria.

Responder

Mayara, também adorei este filme. Não li o livro ainda então nem posso julgar o trabalho de adaptação. A trilha do James Horner é mesmo muito bonita. Beijos!

Luís, eu não fiquei triste por dias seguidos depois de ver este filme. 🙂

Wallace, não achei um filme apelativo. Apelativo, pra mim, é “A Vida é Bela”.

Responder

Eu ameei o filme! 😀
Tem uma linda lição de vida! onde mostra que a amizade e o amor está acima de tudo!

O mais tocante é a visão ingênua de uma criança em um mundo cruel dos adultos. A amizade de BRUNO e SHMUEL mostrou o mundo onde os preconceitos de diversidades, sejam eles de qualquer categoria, credo, classe social ou côr, esmagam a esperança e a vontade de se viveer em paz.

Responder

Mandy, como assim????

Crisciely, também amei o filme. Gosto de filmes que retratam essa visão ingênua de uma criança no mundo cruel dos adultos.

Responder

Amei este filme. Não li ainda o livro de John Boyne, mas achei que o filme captou bem o que ele quis retratar em sua obra. Um assunto tão constante no cinema, mas que conta muito bem o ponto de vista infantil. E, destaco também a bela trilha do James Horner

Responder

Gostei muito do filme pois gosto de filmes que retratam a realidade.

Responder

Natiele, concordo. O filme deve ter captado bem o livro do John Byrne – apesar de eu não ter lido o livro. A trilha é muito bela mesmo!

Ericka, eu também me emocionei no final.

Eveny, eu também!

Responder

Fui ver esse filme porque nao tinha nada pra fazer, então logo me apaixonei pela estória. Mas quando vai se aproximando pro fim se torna um dos filmes que nunca mais irei ver, pois a cena final toda vez que toco no nome do filme aparece na minha cabeça e vem lagrimas aos olhos. É muito bom e marcante 😉

Responder

, a cena final emociona mesmo. Muita gente se sente como você diante deste filme. 🙂

Responder

bem, este filme tem consistência, alguns defeitos mas em suma, agrada, nós é q estamos fartos desse tipo de filmes, é um problema nosso, deve-se analisar como se fosse o primeiro a ser lançado, sem comparações, por isso admiro a história e deve ser contada, e discutida, não estamos tão livres assim de viver situações como esta, inclusive cresce o preconceito dia após dia, povos contra povos, por isso “precisamos de filmes assim “para nos guiar, nos emocionarmos, e n abandonar o olhar puro de uma criança para com os despautérios das ações lamentáveis que fazem os adultos…

Responder

eu ameei esse filme, meu professor de História pediu pra todos os alunos assistirem
é muito emocionante e ao mesmo tempo tempo triste

*-*
Beijoos ;**

Responder

Kamila,
Descobri apenas hoje seu blog e comecei a percorre-lo. Muito bom!
Quanto ao filme em questão tenho apenas uma ressalva: é “limpo” demais – para época, personagens e circunstancias. Não queria ver um melodrama e entendo que o objetivo principal era focar a amizade, aparentemente impossível, aos poucos surgindo entre os meninos. O livro também segue esta linha, mas não sofre a interferência visual que, talvez em função de informação demais sobre a época, me incomodou.

Responder

Richard, obrigada! Eu não acho que esse filme seja um melodrama, mas entendo seu comentário, especialmente em relação à questão do livro não sofrer esse tipo de interferência visual.

Responder

Desculpe, me expressei mal. Com o “Não queria ver um melodrama” eu queria dizer afirmar que o filme não é um melodrama, o que poderia ser criado facilmete atraves de uma ‘vitimização’ dos presos. Mas também não queria um cenário até certo ponto asséptico.
abs

Responder

Richard, não precisa pedir desculpas. Fique tranquilo. Ahhh, isso é verdade. Por esse ponto, o filme não é um melodrama, até mesmo por causa do desenvolvimento natural da trama – e esse seria um caminho fácil a seguir, verdade. Abraços!

Responder

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.