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O Último Mestre do Ar

publicado em:23/09/10 12:19 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Era uma vez um diretor, roteirista e produtor chamado M. Night Shyamalan. Em 1999, quando ele realizou uma obra chamada “O Sexto Sentido”, que foi indicada a 6 Oscars, seu nome foi alçado ao primeiro time de Hollywood e suas obras subsequentes passaram a ser aguardadas com ansiedade pelos cinéfilos. A boa fase continuou com “Corpo Fechado”, “Sinais” e o ápice criativo de Shyamalan foi alcançado com “A Vila”, longa que capturava muito bem a atmosfera paranoica que passou a ser uma característica marcante dos Estados Unidos pós-11 de setembro. 

Porém, algo mudou em 2006, quando “A Dama na Água” foi lançado. Alguns podem dizer que esta é uma obra incompreendida, mas a verdade é que este filme é somente o primeiro sinal que indicava que M. Night Shyamalan estava perdendo completamente a mão. Isso se tornou ainda mais notável diante do desastre que se chama “Fim dos Tempos”, uma obra totalmente equivocada. O mais interessante diante disso tudo é que, mesmo não arrebatando mais a crítica e o público, Shyamalan ainda acha que está no caminho certo, o que nos deixa o seguinte questionamento: teria ele sucumbido a um ego que muitos já diziam ser enorme desde a época de “O Sexto Sentido”? 

Após assistirmos a “O Último Mestre do Ar”, a mais recente obra concebida por M. Night Shyamalan, a gente tem a certeza de que ele ainda não retomou o caminho que percorria até “A Vila”. O filme, que é baseado numa popular série do canal Nickelodeon, se apoia em uma mitologia que é bastante clichê: num mundo dividido em quatro nações (as do Fogo, da Terra, da Água e do Ar), só existe um ser (que é chamado de Avatar – por favor, não confundir com o longa de James Cameron) que é capaz de dominar estes quatro elementos. Cabe a ele, em consequência disso, manter o equilíbrio da Terra. 

Em “O Último Mestre do Ar”, Shyamalan toca em uma de suas temáticas favoritas. Em filmes como “A Vila”, por exemplo, o homem e o seu lado mais podre são os maiores vilões, os maiores responsáveis pelas transformações ocorridas no mundo em que eles vivem. Para oferecer um contraponto, o diretor e roteirista indiano sempre coloca algum personagem que vai brigar contra isso, tentando fazer a coisa certa. Nesta obra, estes papeis cabem, respectivamente, aos personagens interpretados por Dev Patel, Aasif Mandvi e Cliff Curtis; e ao grupo feito por Nicola Peltz, Noah Ringer e Jackson Rathbone. 

Com efeitos visuais de encher os olhos, “O Último Mestre do Ar” não é, nem de longe, o desastre que poderia ser. Os maiores erros cometidos por Shyamalan foram: a escalação de Jackson Rathbone (que é totalmente inexpressivo como ator) e o desenvolvimento corrido de sua história (especialmente no ato final). A verdade é que esta obra tem um claro propósito de ser o capítulo inicial daquilo que o diretor esperava transformar em uma franquia. Entretanto, diante da péssima recepção da crítica, duvido que ele possa explorar mais aspectos desta história. 

Cotação: 2,5

O Último Mestre do Ar (The Last Airbender, 2010)
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Noah Ringer, Dev Patel, Nicola Peltz, Jackson Rathbone, Shaun Toub, Aasif Mandvi, Cliff Curtis



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Comentários


É, o filme tem vários problemas, mas adoro a história da série que você classificou de clichê, hehe. O filme é apenas uma sombra dela. Também espero que o M. Night Shyamalan volte a boa forma.

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para quem assiste a série animada, entende que ‘avatar’ possui uma história rica, com personagens complexos e bem definidos, bem delineados em suas características e sentimentos. quando olhamos ao filme… bem, a verdade é que o filme se resume demais, se limita demais e se apequena demais dentro das suas enormes possibilidades. ‘avatar’ tinha tudo para ser um filme excelente mas o que vemos na tela é algo opaco, sem graça e às vezes até sem sentido. é tudo muito corrido a ponto de parecer feito de má vontade.

enfim, é mais um erro recente do shyamalan… o que é uma pena. para ambos, ele e a história que ele deixou de contar.

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Incrível como cada vez mais o Shyamalan parece estar se afundando. E não tem mais pra onde. Mesmo assim quero muito ver o filme.

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The Dude, como você conhece bem a série animada que originou este filme, confio em sua opinião. Pena que não resultou num bom filme.

Reinaldo, obrigada! Beijos!

Rafael Carvalho, ele está se afundando demais, o que é surpreendente, tendo a vista a forma como a carreira dele se iniciou.

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Odiei tanto esse filme, que acabei esquecendo as boas produções dirigidas por Shyamalan, como “O Sexto Sentido”, “A Vila” e “Sinais”. Ele poderá se tornar um diretor completamente ignorado, se duvidar, por conta destas produções ridículas que ele faz.

Péssimo filme, só não perde para os comédias Aniston-Butler.

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Vinícius, infelizmente, a tendência é essa: a gente começar a se esquecer dos bons filmes que o Shyamalan produziu. O que é uma pena! E, olha, na minha opinião, as comédias Aniston-Butler são melhores do que esses filmes aí! rsrsrsrsrs

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Excelente, não? Também gostei muito hehe…

Ah, gostei do texto sobre as atrizes cotadas para o Oscar! Concordamos 90%.

Bjs!

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Sinceramente, eu achei o filme detestavel, não gostei mesmo, e a história poderia ser tão interessante e acabou sendo mal feita =/

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Cleber, pois eu perdi a confiança faz tempo!

Otavio, MUITO bom! rsrsrsrsrsrrsrs Discordamos no que em relação às atrizes cotadas para o Oscar? Beijos!

Kalel, exatamente. Só que a obra não é tão detestável assim…

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Perdi a fé no Shyamalan (acho que muitos de nós, rsrs). E acho o desenho original da Nickelodeon chatinho, então, passo longe desse filme. rsrs.

Beijos! 😉

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Mayara, não conheço o desenho na Nickelodeon, mas, como você, também perdi a fé no Shyamalan! Beijos!

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E de pensar que Shyamalan foi comparado(merecidamente)com Spielberg.O que aconteceu com o cineasta indiano?

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Paulo, o que aconteceu com ele é muito simples: ele deixou que o ego dele subisse à sua cabeça.

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Kamila, o filme está longe do desastre esperado e você deu essa cotação tão baixa? Que maldade! XD

Bom, você sabe muito bem que Shyamalan é um dos meus cineastas favoritos e acho uma tremenda perseguição essa que público e crítica têm com o diretor indiano. Parece até mesmo que querem fazer a caveira do coitado! Jamais considerei Shyamalan um artista egocêntrico. Até admiro essa sua determinação em fazer filmes autorais, escapando da exigências impostas por produtores picaretas. Acho que aos poucos ele tem mudado seu perfil. “O Último Mestre do Ar” é uma adaptação e ele cedeu o argumento do inédito “Devil” para outros realizadores. Resta aguardar para ver se todos serão mais flexíveis nesta mudança de ares.

Já sobre o filme comentado, infelizmente perdi a chance de ver nos cinemas. É o primeiro filme que não vejo no telão do diretor desde “A Vila”.

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Alex, maldade, nada! rsrsrsrsrs Não acho que ele sofra perseguição. Todo mundo está errado em relação aos filmes recentes dele?? Ele é egocêntrico, sim! E seus filmes deixaram de ser autorais há muito tempo!

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Concordo que esse novo trabalho de Shyamalan é bem fraco. Também escrevi sobre ele. E concordo também que o que disses: Shyamalan acha que está no caminho certo.

Mas esse aspecto é interessante. Não é a crítica ou o público que devem dizer o caminho certo para ele. Ele trilha o caminho que achar mais interessante, faz seus filmes como quiser, a crítica apenas avalia, mas não determina o caminho a ser seguido.

Por isso acho que, mesmo com péssimos trabalhos nesses últimos anos, Shyamalan continua sendo um cineasta autoral. Se assim não fosse, já teria sucumbido ao caminho proposto pelo público/crítica.

Abraço.

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Mateus, seu pensamento é interessante, apesar de eu não conseguir enxergar, nestes filmes recentes do Shyamalan, algo de autoral.

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Kamila, no Último Mestre do Ar isso é bem claro. Ao invés de enfatizar a ação, Shyamalan direciona a história para o lado zen, para a questão espiritual do garoto. No desenho ela existe, mas, no filme, Shyamalan a torna central.

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Mateus , entendi. Mas, eu não consigo enxergar isso como marca do diretor, sinceramente.

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Olha, não tive coragem de encarar até agora. Sou fã de Shyamalan mesmo com o a decepção que foi “Fim dos Tempos”. Agora, esse, ao contrário do filme anterior, não parece ter NENHUMA virtude. E isto me espanta.

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Wally, eu tive coragem e não me arrependo tanto assim, sinceramente. Porque não foi tão ruim quanto eu esperava!

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eu me arrependi e muito, principalmente pq assisti 3D. o desenho é muito bom, mas o filme nao vale a pena. e aind anao entendi pq ele mudou um aspecto importante da estoria, que é a dominação de fogo, infelismente o cara estragou o que poderia ser uma boa serie de filmes.

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Mateus, esse filme realmente não é bom. Como eu não sou familiarizada com o desenho, nem posso te dizer o por quê dessa mudança narrativa.

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