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Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme

publicado em:13/10/10 12:34 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Localizada na cidade de Nova York, Wall Street é considerada o coração financeiro dos Estados Unidos. Afinal, lá estão localizadas a Bolsa de Valores da cidade, bem como um número enorme de prédios de Bancos de Investimentos, os quais estão, muitas vezes, responsáveis, por investir as economias de milhões de norte-americanos. Como a economia dos Estados Unidos é a mais importante do mundo, imagina a responsabilidade daqueles que cuidam destes recursos. Nas mãos deles estão, praticamente, todas as economias do mundo, porque, se algo desanda em Wall Street, é somente o começo de uma crise que se espalha para o resto do mundo.

Em 1987, o diretor Oliver Stone fez um filme que se passava dentro desta realidade. “Wall Street – Poder e Cobiça” tinha como personagem principal um jovem corretor da bolsa de valores interpretado por Charlie Sheen, que era pego como pupilo por Gordon Gekko (Michael Douglas, numa performance que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator). Bud Fox era o típico representante da geração yuppie (alguém influenciado pelo ambiente competitivo das corporações e que valorizava comportamentos que lhe trouxessem uma maior renda e um maior status) e estava disposto a fazer de tudo para chegar ao topo.

23 anos após este filme, Oliver Stone retorna para este universo com “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme”. A obra se passa nos períodos que antecederam e que culminaram na grande crise econômica vivida nos Estados Unidos nos anos de 2008 e 2009, quando grandes bancos de investimentos (além de outras instituições financeiras) faliram – deixando também boa parte da população norte-americana em enormes problemas, uma vez que a maioria das empresas falidas lidavam justamente com o crédito hipotecário, que é algo que qualquer norte-americano de classe média possui.

O detalhe mais curioso em “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme” é que não estamos diante de uma história de um homem que é levado pela ganância que possui para crescer, ser bem sucedido e rico. Está claro que estas são metas que Jacob Moore (Shia LaBeouf) possui. Entretanto, o mais importante para ele é a noiva Winnie Gekko (Carey Mulligan), bem como a lealdade aos princípios que ele aprendeu com seu grande mentor, Louis Zabel (Frank Langella, excelente). É por um misto de amor e de interesse próprio que ele começa a se relacionar com Gordon Gekko, o pai com quem Winnie se recusa a ter contato.

O roteiro escrito por Allan Loeb e Stephen Schiff fala muito sobre como a jovialidade de Jacob, ao mesmo tempo, é benéfica (pois ele tem garra para brigar e arrogância na medida certa para lutar por aquilo que ele acredita ser o mais correto) e maléfica (pois ele está facilmente mais vulnerável à influência de gente como Gordon Gekko e Bretton James, que representam a Wall Street de 1987) dentro do ambiente em que ele resolveu trabalhar. “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme”, na realidade, é um grande conto sobre pessoas que erram e acertam, possuem qualidades e defeitos e que, no meio disso tudo, tentam fazer a coisa certa – ou aquilo que é mais correto para eles próprios.

De certa maneira, “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme” é um filme que mostra que os tempos mudaram. Você pode agir esquecendo a sua consciência, mas sabendo, o tempo inteiro, que você corre o risco de pagar um preço muito alto por isso. O problema é que, geralmente, a gente só se dá conta disso tarde demais. O desfecho do longa de Oliver Stone é bem romântico e idealizado, porque Jacob Moore vai ter a chance de consertar o que fez e Gordon Gekko também tem uma oportunidade de redenção. Mas, isto aqui é cinema. A vida real nos mostra que nem sempre é assim – afinal, tantas vidas são destruídas por causa de gente como eles e Bretton James.

Cotação: 7,0

Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street – Money Never Sleeps, 2010)
Direção: Oliver Stone
Roteiro: Allan Loeb e Stephen Schiff (com base nos personagens criados por Stanley Weiser e Oliver Stone)
Elenco: Michael Douglas, Shia LaBeouf, Josh Brolin, Carey Mulligan, Eli Wallach, Susan Sarandon, Frank Langella, Austin Pendleton



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Comentários


Toda critica que leio sobre o filme(inclusive a sua)cita a boa atuação de Frank Langella.Mas a dúvida que eu tenho é outra:por esse papel Michael Douglas pode ser indicado ao Oscar de melhor ator?

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Paulo, depois que o Frank deixou o filme, ele perdeu muito de sua graça para mim. E não acho que Douglas será indicado ao Oscar. Talvez, um Globo de Ouro.

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Frank Langella realmente é um ator de outro nível, como você falou, o filme cai depois dele. Achei excessivamente longo, como a maioria dos filmes de Oliver Stone, mas tem um tema interessante. Acaba valendo a pena. 3/5

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Acabei de chegar da sessão. No geral eu até gostei do filme, porém assim como você não gostei do final, esse não é o tipo de filme que se deve levar muito para o lado sentimental, digamos assim.

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Assim como como o cleber, preciso ver o primeiro filme para poder ver este …

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Robson, exatamente.

Cleber, eu assisti ao primeiro filme há muito tempo…. Tanto que nem me lembrava de muita coisa ao assistir a esta continuação.

Raspante, então, espero que possa assistir logo às duas obras.

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Michael Douglas só será indicado se for um eco de sua atuação no primeiro Wall Street, nesse ele não está tão fenomenal apesar de bem. E Frank Langella está mesmo muito bem.

No geral, acho que esse filme perdeu um pouco o foco, ao contrário do primeiro que era bem focado, mas ainda assim é interessante. E realmente, a redenção final ficou falsa, ainda mais depois do que ele tinha feito.

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Ótima crítica Ka. Vc traduz muito bem a principal mensagem deste novo Wall street e permite uma boa inflexão para quem assistiu as duas obras e ainda não tirou o saldo de seus respectivos períodos.
Beijão!

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Amanda, não acho mesmo que Douglas será indicado nesta award season. Langella é o grande coadjuvante deste filme. Concordo que esse filme perde um pouco o foco.

Reinaldo, obrigada! Beijo!

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Tenho umas perguntas que irá me ajudar. Ideia ou mensagem do filme? Para você relacione o filme com o seu cotidiano, dentro da sociedade em que você vive? Contribuições do filme para o estudo da disciplina?

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