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Cabeça a Prêmio

publicado em:29/10/10 10:51 PM por: Kamila Azevedo Cinema

“Cabeça a Prêmio” marca a estreia na direção de um longa metragem do ator Marco Ricca, um dos que tem uma carreira mais consistente no cinema brasileiro. Além de diretor, o ator também co-escreveu o roteiro de sua obra ao lado de Felipe Braga. O tema que eles escolheram não poderia ser mais atual e fala sobre o cerco fechado a uma família que comandava uma rede enorme de negócios ilícitos há anos, na região Centro-Oeste do Brasil, e que precisa tentar compreender qual será o próximo passo a ser dado.

Tendo esta premissa como ponto de partida, “Cabeça a Prêmio” aborda, paralelamente, vários clichês do cinema, como: a mocinha que se apaixona pelo vilão, o sócio que quer passar a perna no outro, o arrependido que quer deixar a vida de desonestidade, o capanga sem escrúpulos e que topa tudo, o matador atordoado e que possui certa ética de trabalho, a corrupção enraizada nas instituições, o homem comum que se torna uma vítima por tomar uma decisão errada ou por estar na hora errada no local errado, entre outros.

Por causa disso mesmo, “Cabeça a Prêmio” resulta em uma obra um tanto irregular em sua estrutura narrativa, uma vez que muita coisa acontece, ao mesmo tempo; muitos conflitos são criados e, às vezes, não se tem o tempo necessário para desenvolver bem todas as storylines. Por outro lado, o grande trunfo do filme, em decorrência disso, acaba sendo o excelente elenco que Ricca reuniu para compor esta gama de personagens – todos atores interessantes em papeis bem diferentes dos que costumamos vê-los (com a exceção de Alice Braga e de Fúlvio Stefanini, que repetem tipos que já conhecemos bem).

No final, o mais adequado é avaliar “Cabeça a Prêmio” como o primeiro passo de um dos nossos ótimos atores rumo a um caminho que é natural, tendo em vista até mesmo a própria trajetória de Marco Ricca. Com este filme, ele mostra um interesse por fazer um cinema que tenha uma cara própria (preste atenção ao sensacional final que ele criou e que é o ponto alto do longa) e que fale sobre temas que tenham alguma relevância pública. Ele é um nome a se prestar atenção como diretor.

Cotação: 6,0

Cabeça a Prêmio (2010)
Direção: Marco Ricca
Roteiro: Marco Ricca e Felipe Braga
Elenco: Alice Braga, Cássio Gabus Mendes, Daniel Hendler, Eduardo Moscovis, Fúlvio Stefanini, Otávio Muller, Via Negromonte, César Troncoso



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Comentários


Gostei um pouco mais que você, hehe, ele me envolveu, conquistou, principalmente pela paixão de Marco Ricca demonstrou. Concordo que tem muita história e clichês. Só não sei se concordo com o “a mocinha que se apaixona pelo vilão”. Você está falando de Denis? Não acho que seja um vilão…

Tomara que Ricca continue no ofício e melhore a cada dia.

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Não concordo que o filme seja irregular. Mas concordo que o final seja sensacional e que Ricca é promissor no novo ofício. Para mim, Cabeça a prêmio é dos melhores filmes nacionais do ano.
Bjs

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Acho que vou dar uma chance e vou vê-lo.

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Amanda, me lembro de seus comentários positivos sobre este filme. Concordo que o Ricca demonstra muita paixão pela história que quer contar e isso é legal. Eu acho que ele é um vilãozinho, sim. Ou, no mínimo, uma vítima de um sistema. Santo, ele não é! Também torço para que Ricca continue e melhore nesse ofício.

Reinaldo, eu amei o final!!! Beijos!

Robson, para mim, você já tinha assistido a este filme.

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Ah, mas tem Alice Braga! E o Marco Ricca. Ainda não vi, mas vou dar uma chance pra ele.

Bjs! Bom fim de semana!

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tbm fiquei com a impressão que muitas coisas eram mostradas meio que cortadas e que excluindo a trama principal, do resto muitas vezes se via apenas flash do que acontecia, abriu-se várias possibilidades de aprofundamento de diversos personagens de diversas tramas paralelas, mas na maioria delas eu ficava com a impressão que o filme queria apenas abrir mesmo sem concluir muitas das linhas que ele traçava.. talvez para deixar em cada telespectador a tarefa de imaginar e concluir o que ele não mostra… ele mostra que muitas coisas são mais complexas embora não disseque tal complexidade… mas não achei que isso deixou o filme ruim. a cena final é bem legal mesmo.

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Destaco dois detalhes que você felizmente citou no filme Cabeça a Prêmio.Na segunda parte você fala dos clichês abordados no filme e isso é consequencia da maior deficiencia do cinema brasileiro:Roteiro.Conto nos dedos os roteiristas de alta qualidade.Cito 3 que são de alto nível:
Bráulio Mantovani:Nomeado ao Oscar,escritor dos melhores filmes do cinema nacional,ele é um craque.
Jorge Furtado:Esta no mesmo nível que os roteiristas americanos.O que é aquele roteiro soberbo de O Homem Que Copiava?.E sua filmografia tem filmes de qualidade e particulamente gosto muito de Saneamento Básico e O Homem Que Copiava(que é sua obra prima!).
Luiz Bolognesi:sua esposa Laís Bodanzki é uma talentosa diretora,mas o roteiro do maridão ajuda muito.Bicho de 7 Cabeças,Chega de Saudade e As Melhores Coisas do Mundo é uma mostra disso.
Provavelmente devo estar esquecendo de outros grandes roteristas brasileiros,mas infelizmente os de qualidade são poucos.E na quarta parte do seu texto eu cito o que é de melhor(pra não dizer fenomenal)no cinema brasileiro:a necessidade de abordar temas sociais que inquietam nossos cineastas.Padilha revela a corrupção policial,Meirelles aborda o inicio do tráfico de drogas no rio,Cao Hamburguer nos fez lembrar como a ditadura militar foi uma página triste na nossa história,Salles com um olhar documental entra na periferia de São Paulo e mostra uma triste história de exclusão social,sob o olhar de 4 irmãos,Eduardo Coutinho é um dos documentaristas mais originais do mundo e Cláudio Paiva revela o lado marginal da sociedade com um cinema provocador e inquietante.Já se foi o tempo de Arnaldo Jabor(A Suprema Felicidade esta sendo massacrado pela critica)e os irmãos Barreto com um cinema superficial para estrangeiro ver.Kamila,sempre que você posta uma critica sobre um filme brasileiro,independente de você gostar ou não da obra eu encerro com a frase:Nossa geração esta presenciando o melhor momento da história do cinema brasileiro.E pode crer corinthiana,nós vamos contar isso para os nossos netos.Beijos e bom final de semana.

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Otavio, dê mesmo! Os dois nomes que você destacou merecem a chance. Beijos! Bom final de semana!

Nilo, a cena final é um bom exemplo disso que você citou em seu comentário. Da necessidade do Marco de deixar a gente preencher as lacunas.

Paulo, eu concordo que a gente está presenciando um grande momento do nosso cinema. Acho que os nossos filmes estão ganhando identidade e variedade. E isso é bom! Nosso cinema só tende a crescer. Beijos e bom final de semana!

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Gostei do seu último parágrafo. Importante passo dentro da carreira do Ricca. Espero que ele enverede novamente pela direção. Ele leva jeito (salvo algumas falhas de roteiro).

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Roberto, eu também espero que ele enverede novamente pela direção, porque ele tem jeito mesmo pra coisa.

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mila, vc já assitiu “como esquecer”?
é o filme com ana paula arosio.. aqui na bahia ainda tá no cinema mas já tem um tempinho que estreiou… eu achei mto bom.. e eh nacional…

:p

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Nilo, ainda não estreou aqui na minha cidade. Mas, eu tô a fim de conferir quando passar aqui.

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