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Tudo Pode Dar Certo

publicado em:25/11/10 10:38 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Se existe alguém que entende a situação de interpretar o alter ego de si mesmo, esse alguém – além de Woody Allen – seria o comediante Larry David. Afinal, no seriado “Curb Your Enthusiasm”, David interpreta alguém que é completamente baseado em si mesmo, da mesma forma em que, em “Seinfeld”, ele permitiu que um dos personagens (George Costanza) fosse completamente baseado nas suas características pessoais. Portanto, é totalmente natural a escolha dele para estrelar “Tudo Pode Dar Certo”, a obra mais recente do diretor e roteirista Woody Allen a estrear nos cinemas brasileiros.

Neste filme, Woody Allen – através do personagem interpretado por Larry David, Boris – estabelece uma grande conversa com o público sobre um tema que parece ser uma verdadeira obsessão do cinema: a forma como os seres humanos se relacionam um com os outros. O interessante é que ele não está diante de nós para falar de dramas pessoais. Pelo contrário, Boris quer nos mostrar uma visão própria do amor. Um ponto de vista que, aliás, diga-se de passagem, é quase como se fosse o resultado de um estilo de vida de alguém que sabe que o universo não conspira a favor de nada – na realidade, dependemos mesmo é da sorte e do fator mundano que ele denomina “whatever works” para fazer com que um relacionamento funcione de verdade.

O roteiro de “Tudo Pode Dar Certo” se atém ao relacionamento que Boris – que pode ser considerado um gênio – estabelece com Melody (Evan Rachel Wood, numa atuação inspirada) – uma jovem totalmente ignorante de conhecimentos gerais sobre qualquer assunto. Ele abriga a garota, meio que sem querer, em sua casa e começa a compartilhar com ela de vários assuntos, os quais podem ser grandes ou não para a pobre cabecinha dela. O filme ganha em densidade quando o relacionamento de Boris se estende a toda a rede de pessoas que fazem parte da vida de Melody, como a mãe (Patricia Clarkson), o pai (Ed Begley Jr.) e os interesses amorosos dela (John Gallagher Jr. e Henry Cavill).

Por falar bastante sobre o acaso, poderíamos dizer que “Tudo Pode Dar Certo”, dentro da filmografia de Woody Allen, seria uma espécie de derivado de “Ponto Final – Match Point”, filme que o diretor fez em 2005 e que marcou a retomada de sua carreira depois de várias obras sem repercussão. A diferença é que, aqui, estamos diante de uma comédia nata, com personagens caricatos e que são fundamentais para a grande mensagem que Boris quer nos deixar: “o amor, apesar do que todos dizem, não supera tudo, nem dura para sempre. No final, as aspirações românticas da nossa juventude estão reduzidas para aquilo que funcionar”. Ou seja, cada um sabe o que é melhor para si…

Cotação: 6,5

Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2010)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Larry David, Michael McKean, Carolyn McCormick, Evan Rachel Wood, John Gallagher Jr., Patricia Clarkson, Henry Cavill, Ed Begley Jr., Jessica Hecht



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Comentários


Boa noite, Ka.
Aê, finalmente conferiste-o! Só não sei se gostastes, de fato. Acho que não, né? Afinal, receber a cotação 6,5 deve significar está muito aquém do teu bom gosto…

Só discordo da afirmação “seria uma espécie de derivado de ‘Ponto Final – Match Point'”, pois enxergo traços que o ligam muito mais a “Annie Hall” e a “Hannah e suas Irmãs” do que à revolução daquele “Match Point” na carreira até então linear do diretor. Não é a toa que o roteiro deste “Whatever Works” ficou engavetado desde a época de seus congêneres, o que reforça mais ainda seus laços de fraternidade.
Bjo, Ka
😉

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Cassio, eu gostei, sim! A nota é subjetiva. Ninguém entende mesmo, só eu! rsrsrsrsrsrs Obrigada pelo comentário! Beijo!

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Estou com o filme aqui no computador. Só falta ver. Mas esse estou guardando para ver em casa, assim vejo mais tranquilo.

Beijos e abraços. Gostei do novo layout.

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Ainda não consegui assistir “Tudo Pode Dar Certo”, talvez pela falta de empolgação em todos os textos que leio sobre ele, mas vou tentar vê-lo em breve.

Ah, legal os novos detalhes no lay out blog.

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Amanda, é um bom filme, mas falta aquele detalhe para nos empolgar mesmo! Obrigada! O Luciano, do A Sala, que me presenteou com o novo head. Eu adorei! 🙂

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Kamila, eu gostei muito do filme e acho que ele tem mais a ver com o “velho” Woody Allen dos anos 80! Não vejo nada com os últimos “Match Point” ou “Vicky Cristina Barcelona” (que, por sinal, são meus favoritos dele, acredite…rs).

Também acho que Evan Rachel Wood BEM que merecia uma indicação ao Oscar de 2011, sério, ela está muito inspirada mesmo. Concordo!

Achei sua nota estranha, esperava um 7,5 no fim ou mais! rs

Ah, muito bom mesmo o novo layout!
Beijão!

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Cristiano, concordo em relação à Evan, que está ótima no filme. Obrigada! Beijo!

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Só tenho que concordar com você. Gosto bastante desta fita e estou ansioso pelo novo trabalho de Allen!
[]’s

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Primeiro, parabéns pelo novo layout. mudanças sutis e que deixam o seu espaço ainda mais elegante. Então Ka, eu achei esse filme do Woody Allen ótimo. Muitos torceram o nariz para a fita, talvez por que soubessem que era um roteiro antigo que Allen apenas atualizou (a piada do Obama e do táxi é ótima). Contudo, acho até mesmo superior ao elogiado (com todos os méritos, diga-se) Vick Cristina Barcelona.
Beijos

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Gostei bastante desse filme, mesmo que seja um colagem dos outros filmes do Allen, é divertido, o personagem principal é muito profundo, adorei no geral!

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sebo, eu também estou ansiosa para o novo trabalho dele. Abraços!

Reinaldo, obrigada! Eu também achei um filme bem legal. Eu não sabia que este era um roteiro antigo que o Allen atualizou. Interessante. Mas, eu ainda prefiro “Vicky Cristina Barcelona”. Beijos!

Cleber, eu também gostei!

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Adoro as obras de Woody Allen e já estava curioso pra assistí-lo pela boa repercussão que tiveram sobre a atuação de Evan Rachel Wood,mas após o seu texto ele parece ser ainda mais interessante.
Abraços

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Achei o melhor filme de Woody Allen desde “Match Point”. E adorei a Evan Rachel Wood, sem falar no Larry David, claro. Mas ela está sensacional.

Ah, adorei o novo layout 😉

Bjs! Bom final de semana!

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Primeiro, amei o novo layout, ficou lindo! 🙂

E segunto, também amei “Tudo Pode Dar Certo”. rsrs. O que eu esperava de um filme do Allen se cumpriu, com aquele pessimismo que o personagem tem, o que acaba lembrando muito um alterego do próprio Woody. Deixou-me com um sorrisão no final.

Beijos!

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Leandro, é interessante mesmo! Abraços!

Otavio, eu gosto muito de “Vicky Cristina Barcelona”, e acho melhor que este filme, sinceramente. Obrigada! Beijos e bom final de semana!

Mayara, obrigada! 🙂 Eu achei a cena final muito boa! Beijos!

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Os filmes que trazem personagens que ou são interpretados por Allen ou se revelam ser um alter-ego dele, são os que considero os mais fracos do diretor – ao menos os desta geração (claro, Annie Hall e Manhattan são insubstituíveis) – então estou adiando ver este. Mas eu deveria e já passou da hora.

ps: adorei a cara nova! =D

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Achei esse bem fraquinho tb… dei um 6! E ficou legal mesmo o novo estilo do cinefila por natureza!

Bjos.

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É sempre bom saber que um grande diretor, mesmo que nao faça uma obra-prima por ano (seria pedir demais!) – ainda assim é capaz de nos encantar com esses filmes pequeninos, mas muito agradáveis. Hoje vou assistir ao novo trabalho dele e espero o mesmo frescor, tanto no texto quanto na construçao dos personagens, o que uma especialidade dele.

Belo o novo layout de seu blog.

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Wally, eu não tenho problemas quando Allen usa seu alter-ego. Acho que funcionou bem demais, aqui, este recurso. Obrigada!

Bruno, não diria que é um filme fraco. Que bom que gostou. Beijos!

Rafael, exatamente. Este é um filme pequeno, mas muito agradável. Espero ler sobre o novo trabalho dele em seu blog. Obrigada!

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Toda narrativa do filme conduz para a ultima cena(que é mt boa).Larry David não tem carisma e o papel ficaria melhor se o proprio Woody Allen fizesse.Bjs e gostei da nova roupagem do blog,ficou bacana.

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Verdade. A última cena é excelente, tanto que foi destacada aqui no blog. Não acho que o protagonista ficaria melhor se o Allen o tivesse feito. Gostei do trabalho do Larry David. Beijos e obrigada!

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Acho que não existe ator melhor para interpretar esse personagem do que o Larry David. Combinou muito o roteiro do Woody Allen com a marca de ranzinza que o ator já tem registrada. E falando em roteiro, Woody Allen nunca decepciona com seus roteiros, até em seus títulos menos interessantes como Scoop, e esse é mais um exemplo. A cena final, que você já destacou em outro post é a prova disso. Gostei mais que você do longa, acho que foi muito convincente e interessante observar a vida do ponto de vista do Boris.

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