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Sonhos Roubados

publicado em:2/12/10 1:21 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Quando estava fazendo o documentário “Meninas”, que fala sobre a explosão do número de adolescentes grávidas no Brasil, a diretora Sandra Werneck entrou em contato com o livro “As Meninas da Esquina”, de autoria de Eliane Trindade, que retratava o cotidiano de três adolescentes que encontravam na prostituição uma forma de melhorarem de vida. A adaptação deste livro se transformou no projeto mais recente da diretora: “Sonhos Roubados”, que tem roteiro escrito por Paulo Heim.

No filme, acompanhamos o cotidiano de três adolescentes que vivem em uma favela do Rio de Janeiro. Jéssica (Nanda Costa), Sabrina (Kika Farias) e Daiane (Amanda Diniz) são grandes amigas e possuem em comum algumas características: não vivem em ambientes com um núcleo familiar definido (a primeira é criada pelo avô, a segunda é órfã e a terceira é criada pelos tios), não possuem maturidade e, principalmente, a vida delas é tão sem perspectiva e sofrida que elas não enxergam outra alternativa a não ser venderem o próprio corpo para satisfazerem as suas necessidades de sobrevivência.

Cada uma destas personagens tem uma motivação diferente. Jéssica tem uma filha para sustentar, Sabrina é sozinha no mundo e Daiane é uma jovem que ainda mantém uma certa inocência, mas que cai nesse mundo porque ela tem uma gana de ser independente e de conseguir as coisas por ela mesma. Na medida em que a trama de “Sonhos Roubados” avança, vamos assistindo as três jovens ganhando força e consciência – entretanto, é curioso perceber que, mesmo amadurecendo diante dos problemas que enfrentam, as jovens são impotentes em realizar qualquer tipo de mudança significativa em suas vidas.

Um ponto a se notar também em “Sonhos Roubados” é a insistência de Sandra Werneck em nos mostrar as suas três personagens como vítimas do ambiente em que vivem. A verdade é que, assistindo ao filme, a impressão que se tem é a de que os sonhos de Jéssica, Sabrina e Daiane não foram roubados. Elas mesmas que se meteram na situação em que se colocaram. A saída que elas optaram foi a mais cômoda e a mais fácil para elas. Desta forma, fica meio difícil ter empatia por elas e pelos problemas delas – a única, diga-se de passagem, que nos causa compaixão é Daiane, essa sim teve sua inocência roubada.

Cotação: 5,0

Sonhos Roubados (2010)
Direção: Sandra Werneck
Roteiro: Paulo Heim (com base no livro de Eliane Trindade)
Elenco: Ângelo Antônio, Zezeh Barbosa, M.V. Bill, Nanda Costa, Daniel Dantas, Amanda Diniz, Kika Farias, Silvio Guindane, Marieta Severo, Nelson Xavier



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Comentários


Um filme que até agora não despertou meu interesse, mas é algo á se pensar em um futuro próximo 😉

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Ué, achei que, ao final, a nota seria no mínimo 7.

É que você destacou os pontos mais interessantes do filme, né?

Mesmo assim, como te disse, tinha visto o trailer e tive oportunidade e vê-lo — mas, fica pra próxima! rs

Beijo

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James, assista sem expectativas.

Cristiano, exatamente. Meu foco foi esse aí. Beijo!

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Sandra Werneck me deixou uma boa imprenssão no documentário Meninas e fez um trabalho digno no filme Cazuza.Vi esse filme com certa expectativa porque pensei que ele seria derivado do documentário(Meninas foi um dos melhores documentários nacionais que vi em 2005)e o resultado me decepcionou muito.É o filme que tem as qualidades e os defeitos dos filmes ruins brasileiros.Boas atuações(principalmente de Nanda Costa)e um roteiro ruim que não sabe aonde quer chegar.Ultimamente o cinema brasileiro esta tão bom que é dificl um filme que desaponte o espectador,mas Werneck não acertou nesse filme.Você foi feliz ao avaliar que as três jovens que se colocaram nessa situação.E o que é a participação do M.V Bill?ele tem uma cena de sexo e uma atuação bem canastrona.O Rapper devia repensar a carreira de ator,afinal ele não é tão engajado??Beijos Kamila.

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Esse é o problema do cinema nacional se prestar a beatificar certas figuras. Enfim, ainda não vi este filme, mas sua opinião é consonante com grande parte da crítica.
Bjs

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É, Kamila, também esperava algo mais profundo do filme pelo documentário Meninas. O filme tem seus momentos, mas se perde principalmente no roteiro.

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Paulo, a Sandra é uma diretora bastante irregular, na minha opinião. Não conheço o documentário no qual o filme se passa, mas “Sonhos Roubados” é um tanto irregular. E não achei a atuação do MV Bill canastrona, para te dizer a verdade. Beijos!

Reinaldo, verdade. Beijos!

Amanda, concordo!

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Primeiramente devo dizer que o visual de seu blog ficou uma graça! Sobre o filme, devo dizer que concordo com muitas coisas, especialmente que estas são responsáveis pelo próprio destino; quando se olha de fora, dá impressão que todas são unicamente vítimas da “sociedade feroz”. E não é por aí.

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Também não gostei dessa insistência em mostrar que elas se tornaram o que são por causa do meio. As duas personagens mais velhas principalmente pouco [nada] fazem pra mudar sua realidade e acabam se tornando personagens sem valor e de difícil contato com quem assiste. Gostei da canção da Maria Gadú para esse filme. Nem havia gostado de primeira, mas depois que vi no filme estranhamente passei a gostar mais. rsrs

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Weiner, obrigada! 🙂 Exatamente.

Cassiano, em breve, a crítica!

Alexsandro, exatamente. Eu também gostei da música da Maria Gadu. Deve ser a melhor coisa desse filme, aliás.

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PUTZ! rsrsrsrs

Ka, eu ainda não conferi (e também não acredito que vá), mas é, no mínimo, hilária toda essa situação que tu expusestes.

Bjo

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Ando saturado dessa vertente favela no cinema nacional, mas até que curti o Sonhos Roubados (porém, a Sandra Werneck é capaz de fazer coisa melhor).

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Lembro que o filme foi aclamado em alguns festivais, mas parece mais um filme superestimado neste tipo de recepção. Vejo, sem pressa.

Beijos! 😉

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Cassio, sinceramente, não vejo nada de hilário na situação que acabei de descrever! Beijo!

Roberto, também acho essa vertente totalmente saturada. E concordo: a Sandra poderia ter feito algo melhor.

Mayara, exatamente. Veja sem pressa e, principalmente, expectativa. Beijos!

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