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Desenrola

publicado em:11/02/11 12:41 AM por: Kamila Azevedo Cinema

No ano passado, a diretora e roteirista Laís Bodansky provou, com “As Melhores Coisas do Mundo”, que é possível o cinema nacional fazer um filme sobre o universo adolescente apresentando um olhar maduro, colocando em discussão a confusão emocional que é passar por uma fase da vida que já é naturalmente difícil e na qual estamos tentando encontrar, não só a nossa identidade, como também a aceitação dos outros para aquilo que somos de verdade.

A diretora Rosane Svartmann (de obras irregulares como “Mais uma Vez Amor” e “Vida de Solteiro”) bebe muito na fonte de Laís Bodansky para entregar “Desenrola”, filme que ela co-escreveu com Juliana Lins, e que segue 20 dias na vida de Priscila (Olívia Torres), adolescente de 16 anos que se vê sozinha no apartamento que divide com a mãe (Cláudia Ohana), enquanto esta está em uma viagem de negócios.

Se fosse um filme produzido pelo cinema norte-americano, com certeza “Desenrola” falaria sobre 20 dias de muita farra e festas de Priscila aproveitando a sua liberdade. Porém, Rosane Svartman, felizmente, não segue este caminho (afinal, “Muita Calma Nesta Hora” está aí pra isso…). O que interessa para ela é que, coincidentemente, neste período em que a própria Priscila está tomando conta de si mesma, a jovem (e seus amigos) irão passar por um processo de auto-descoberta da sexualidade e do primeiro amor, com as decepções e as alegrias que fazem parte disso. Há que se louvar, nesta trajetória de Priscila, o fato de que Rosane mostra, acertadamente, que é errando que a gente aprende a reconhecer aquilo que é melhor para nós ou, no caso de Priscila, a pessoa que é mais certa para ela.

De uma certa forma, existem muitos paralelos entre a jornada de Priscila e a de Mano, o protagonista de “As Melhores Coisas do Mundo”. E é impossível assistir “Desenrola” e não recordar a obra de Laís Bodansky, uma vez que os conflitos são os mesmos e a lição aprendida por Priscila é a mesma que a de Mano. A diferença é que Svartmann fala sobre a adolescência de uma forma carioca, com muita praia, música, gírias e leveza. Fora que Priscila tem um ambiente familiar muito mais aberto ao diálogo do que Mano tinha. Enfim, mais uma obra que deveria ser obrigatória para os adolescentes brasileiros. Os conflitos deles estão aqui, não na “Malhação” e nos “Rebeldes” da vida…

Cotação: 9,0

Desenrola (2011)
Direção: Rosane Svartmann
Roteiro: Rosane Svartmann e Juliana Lins
Elenco: Olívia Torres, Lucas Salles, Kayky Brito, Vitor Thiré, Daniel Passi, Claudia Ohana, Jorge de Sá, Juliana Paes, Letícia Spiller, Marcello Novaes, Marcela Barroso, Pedro Bial, Roberta Rodrigues, Ernesto Piccolo, Heitor Martinez Mello



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Comentários


Olá, Kamila.
Já faz algum tempo que visito seu blog. Gosto muito!
Ao ler o que vc escreveu me deu vontade de ver esse filme.
Bjs.

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Deborah, obrigada pela visita e pelo comentário! Espero que assista “Desenrola” e goste do filme. Beijos!

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Gostei de As Melhores Coisas do Mundo de Laís Bodanzky então as chances de gostar de Desenrola é grande.Aqui na minha cidade não esta em cartaz,mas quando for lançado em DVD verei.Beijos.

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É, Desenrola é a versão carioca e feminina de As melhores coisas do mundo, hehe. Só acho que o filme de Laís procura tocar em assuntos mais sérios, atingindo os adultos também. Não que virgindade, amor etc seja algo banal, mas muito do drama do roteiro só faz sentido mesmo nessa época da vida.

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Paulo, assista, sim! Beijos!

Rafael, obrigada! 🙂 É sim, tão bom quanto “As Melhores Coisas do Mundo”.

Amanda, exatamente. Concordo com sua visão sobre o filme da Laís. “Desenrola” é mais descontraído!

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Nossa, agora sim fui surpreendido!

Não sou fã de “As Melhores Coisas do Mundo”, acho um filme correto e só. Confesso que não tenho me animado muito com “retratos de uma fase da vida”, que insistem em querer mostrar um pouco de tudo, mesmo tendo um foco um pouco mais específico. Parece ser obrigatório pincelar sobre as amizades, a escola, os amores, a família, os gostos musicais… Ainda acho tudo muito forçado, como se o único propósito fosse para poder mostrar tudo.

Posso estar profundamente enganado com o “Desenrola”, claro! Ou talvez seja Inocência minha ter como parâmetro filmes do John Hughes ou um “Conta Comigo”, que também mostravam “retratos de uma fase da vida”, e pincelavam um pouco de cada coisa, mas de modo sutil e com um propósito maior.

De qualquer forma, fico feliz de você ter gostado e até me encoraja a assistir o filme! Vamos ver se esse preconceito que ando tendo cai um pouco.

Bjs Kamila!

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É, tô afim de desenrolar este filme! [ok, esqueça a piadinha fail e considere que quero ver, rs]

abs 🙂

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Que surpresa, não esperava tais comentários – ainda não conferi -, mas farei em breve ;D

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Victor, espero que seu preconceito caia, sim. “Desenrola” merece a chance. 🙂 Beijos!

Raspante, rssrsrrrss Tá desculpado! Abraços!

Cleber, assista, sim, ao filme.

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Eu gostei muito desse filme também! Mas As Melhores Coisas do mundo realmente é melhor. Uma pena que o público brasileiro rejeite e depois reclama que cinema nacional é sempre a mesma coisa.

Parabéns pelo texto!

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ainda não conferi, mas é inegável que As melhores coisas do mundo é um forte referencial para medir um filme como Desenrola. Passou no seu crivo. Isso é bom sinal…
beijos

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Ivan, concordo contigo em tudo do seu comentário! Obrigada!

Rodrigo, uma pena mesmo que já tenha saído de cartaz.

Reinaldo, espero que, se assistir, goste! Beijos!

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Assisti “As Melhores Coisas do Mundo” nas férias e fiquei apaixonada, foi uma identificação total com os dilemas do protagonista. Espero isso desse “Desenrola”, apesar de ver Pedro Bial creditado. rsrsrs.

Beijos! 😉

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Oi Kamila, o único se não a este filme é o rapaz da foto no topo do seu post. Acho o Kaiky um ator que se tornou muito ruim. Espero que pelo menos no filme , ela ofereça algo pelo menos regular.

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Uau, 9,0? Sabe eu desanimei para ver esse filme há um tempo. Achei que seria a cópia de “As Melhores Coisas do Mundo” mas na visão feminina, e as analogias que você faz só confirmam o que eu penso. Beijos!

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Flávio, mas o Kayky, neste filme, está muito bem!

Fael, mas não é uma cópia de “As Melhores Coisas do Mundo” tendo o ponto de vista feminino. É uma obra bem diferente. Que aborda outro aspecto da adolescência. Se eu fosse você, assistia. Beijos!

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Que bom que você gostou. Não gostei tanto quanto você, mas também vejo uma surpresa nesse filme. Não esperava nada e acabei vendo uma espécie de As Melhores Coisas do Mundo carioca. rsrs Algumas piadinhas me pareceram desnecessárias e se eles se levassem mais a série e tivessem mais ousadia no roteiro, se sairiam tão bem quanto a dupla Bodanzky e Bolognesi.

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Não gostei. Primário e amadorístico. Não acredito que essa diretota ja tenha feito outros filmes. Parece que não ansceu pra isso, se até agora não aprendeu a fazer cinema. Frustrante. Um bom tema desperdiçado.

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Alexsandro, eu adorei, pra falar a verdade. Concordo com seu comentário!

Cybele, discordo de você, até porque a Svartmann é uma diretora experiente.

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