Baseado em uma famosa série de rádio, que foi adaptada para a televisão, histórias em quadrinhos, dentre outras mídias, “O Besouro Verde”, filme dirigido por Michel Gondry, é a grande obra de amor do comediante Seth Rogen. Além de ter escrito o roteiro do longa com seu melhor amigo Evan Goldberg, Rogen ainda abriu mão de cerca de 14kg para interpretar o papel principal. No material original, a história central de “Besouro Verde” era apresentada como um drama criminal. Aqui, nesta adaptação, temos um viés mais sarcástico e cômico, até mesmo para oferecer a Rogen a chance que ele tem de mostrar aquilo que é sua especialidade: fazer a gente rir.

Entretanto, por boa parte de “O Besouro Verde”, fica difícil sentir empatia pelo personagem principal. Britt Reid é o herdeiro de um empresário do ramo jornalístico (Tom Wilkinson) que, aparentemente, nunca quis saber de encarar responsabilidades na vida – só querendo saber de farras e de mulheres. Pobre menino rico, se vê numa posição diferente após a morte de seu pai. De repente, dono de um jornal famoso, Reid foge, mais uma vez das responsabilidades, ao utilizar sua empresa para veicular os feitos de seu novo hobby: combater os criminosos de Los Angeles ao lado de seu fiel escudeiro, Kato (Jay Chou).

A diferença, no entanto, do Besouro Verde para os outros super herois que conhecemos é que, apesar de querer fazer o bem para as pessoas em geral, a forma como ele aborda esta meta é completamente diferente. Tanto o Besouro Verde quanto Kato se apresentam como bandidos, fazendo arruaças pelas ruas de Los Angeles, de forma a atrair as atenções dos criminosos verdadeiros e não chamarem a atenção para aquilo que eles querem verdadeiramente fazer. Estranho, não? Mas, é um plano que funciona, tendo em vista que eles atraem a ira do grande chefão do crime na cidade californiana, Chudnofsky (Christoph Waltz, completamente desperdiçado).

Dirigido por Michel Gondry (um cineasta que sempre imprime uma marca diferente aos filmes que dirige), “O Besouro Verde” é uma obra tipicamente hollywoodiana, tanto que você nem notará que está diante de um filme do Gondry. O que ele adiciona de diferente a esta equação é um trabalho de montagem muito bem feito (preste atenção às cenas que mostram as lutas de Kato e a forma como ele encara seus oponentes). Entretanto, o problema maior de “Besouro Verde” reside justamente naquele que teve o maior cuidado para colocar esta obra na grande tela: Seth Rogen. Ao que tudo indica, além de não saber atuar (é constrangedor vê-lo enrugar a testa para fazer uma cara de mau), o ator inseriu muita forçação de barra nos diálogos cômicos. Sempre tem que ter uma brincadeirinha, uma piadinha engraçada e sarcástica… Isso funciona no começo, mas, no decorrer da obra, vai ficando extremamente repetitivo.

Cotação: 6,0

O Besouro Verde (The Green Hornet, 2011)
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Seth Rogen e Evan Goldberg (com base na série radiofônica de George W. Trendle)
Elenco: Seth Rogen, Jay Chou, Cameron Diaz, Tom Wilkinson, Christoph Waltz, Edward James Olmos, David Harbour