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VIPs

publicado em:12/04/11 10:19 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Desde que foi anunciado o projeto “VIPs”, do diretor Toniko Melo, e, na medida em que ficamos conhecendo mais informações a respeito da vida de Marcelo Nascimento da Rocha (personagem que inspirou o livro no qual este longa se baseia), um vigarista que se fez passar por muita gente, enganando anônimos e famosos; mais tínhamos comparações feitas com a figura de Frank Abagnale Jr., personagem principal do filme “Prenda-me se For Capaz”, de Steven Spielberg, o qual também foi um grande falsário, que se fez passar também por diversos tipos de profissionais.

Entretanto, a partir do instante em que a narrativa de “VIPs” começa a se desenrolar, mais ficam evidentes as diferenças entre os filmes de Toniko Melo e de Steven Spielberg. Em primeiro lugar, a visão de Spielberg sobre Abagnale é um tanto fantasiosa e mostra tudo isso de uma forma um tanto otimista e fascinante. Ao contrário do retrato que é feito por Toniko Melo. Para ele, alguém como Marcelo (Wagner Moura) é uma pessoa profundamente infeliz e dona de um vazio enorme, que só é preenchido quando ele está dando vida a esses seres que ele acredita ser.

Um outro ponto a se notar em Marcelo é que ele se joga tanto nessas historinhas fictícias que ele cria que, de alguma forma, acabou perdendo o contato consigo mesmo, com aquilo que ele é de verdade. No filme, ele só ganha consciência disso em um único momento (o qual antecede o epílogo), mas é um daqueles instantes em que a excelente atuação de Wagner Moura (um ator camaleônico por si só) atinge um patamar superior, em que ele diz muito somente com um olhar.

O roteiro escrito por Thiago Dottori e Bráulio Mantovani se fixa no interesse de Marcelo pela aviação. Ele possui um sonho de ser piloto de aviões e persegue isso com afinco, começando por baixo, como faz tudo em um aeroclube, até começar a pilotar para traficantes de drogas e, posteriormente, atingindo seu ápice, fazendo se passar pelo empresário Henrique Constantino, um dos herdeiros da Gol, tendo a cara de pau de aparecer no meio do Carnaval de Olinda, entre famosos e colunáveis, achando que vai passar completamente despercebido ali.

A dualidade do caráter de Marcelo é o que faz de “VIPs” um filme muito interessante de se conferir. Como já mencionei, chama muito a atenção o fato do personagem se deslumbrar tanto com a vida que leva que ele realmente chega a achar que é impossível ele ser pego ou ele ser desmascarado. Ele tem tanto fascínio em ser notado que ele chega a aumentar as histórias daqueles que ele se faz passar. Você vai até rir em muitos momentos, especialmente da coragem dele em tentar fazer os outros crerem que ele é aqueles figurões todos, mas, na realidade, o sentimento perene é o de pena, porque alguém que precisa fazer isso para se sentir completo, nunca se sentirá satisfeito. Ele vai querer sempre mais. É como um vício…

Cotação: 6,5

VIPs (2011)
Direção: Toniko Melo
Roteiro: Thiago Dottori e Bráulio Mantovani (com base no livro escrito por Mariana Caltabiano)
Elenco: Wagner Moura, Juliano Cazarré, Gisele Fróes, Arieta Correia, Roger Gobeth, Amaury Jr.



Jornalista e Publicitária


Comentários


Sabe que me surpreendi com o filme? Esperava bem menos, mas, no fim das contas, achei um bom drama, com toques cômicos que funcionam muito bem, e com um Wagner Moura em seu ápice. Não há rompantes de genialidade, há momentos fracos, mas o resultado final é positivo. Aliás, adorei a última cena de VIPs.
Ah, e uma correção: Juliano de Souza é um dos “personagens” que o protagonista encarna, é o traficante do final. O nome real do sujeito é Marcelo do Nascimento.
Abraço.

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Wallace, obrigada pela correção! 🙂 Tinha pego a info do release oficial do livro, que deve estar errado, então!

Eu também me surpreendi com o filme. Achei uma obra bem interessante. Com resultado positivo, como você bem disse.

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O maior problema desse filme é que Toniko Melo não acreditou no projeto que estava filmando.Explico.Quando foi anunciado o projeto do filme Vip´s todos os meios de comunicação anunciaram como “o filme do cara da Gol” e todos esperavam que o filme fosse baseado na história dele.Não que Marcelo tenha algo de relevante e modelo de exemplo,mas se o diretor entrou no projeto ele tem que assumir.Aí o Marcelo(de verdade)em uma entrevista na cadeia para o Amaury Jr. revelou que vai processar Wagner Moura e o diretor por usar fatos da vida dele sem o consentimento dele(que ironia,Marcelo processando Wagner Moura,patético).Aí o Toniko Melo com medo de processo deu meia volta e o filme não é sobre o Marcelo,ué é sobre quem então??Não gostei da entrevista que ele deu no site Omelete,ele atacou os criticos de cinema,argumentando que não reconheceram o papel importante que ele teve na grande atuação de Wagner Moura e não aceitei ele não admitir que o filme foi inspirado na vida do Marcelo.Sabe a imprenssão que eu tenho Kamila,que ele queria usar aquela entrevista que ele deu pro Amaury Jr. no carnaval fora de epoca em recife.Isso é um desrespeito principalmente com a escritora Mariana Caltabiano.Um diretor tem que acreditar no que está filmando porque isso passa para o espectador.Veja o caso do filme da Bruna Surfistinha.Eu vi essa semana e achei um filme bom e admirei o trabalho de Marcus Baldini que contou uma história que tinha tudo de clichê(a moça ingênua que vira garota de programa eencontra o principe encantado…)e transformou em um filme que fala de uma pessoa que tinha seus defeitos(o filme deixa claro que Rachel não era uma boa filha e que se relacionava bem somente com a mãe),não quis glorificar a imagem dela(vicio em cocaína e erros e mais erros)e o final foi um filme honesto.Se um cineasta contar a história da ‘Branca de Neve e os 7 anões ‘e fizer isso de uma forma original e acreditando no projeto,com certeza o resultado vai ser bacana.E não foi isso que Toniko Melo fez em Vip´s.Bjs e fique a vontade pra discordar(ou não) da minha teoria.

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Oi Kamila, filmes como esse e Bruna Surfistinha me levam a pensar , quais são os principais objetivos dos realizadores, será que de certa forma eles não querem puxar simpatia da platéia para alguma dessas figuras, apontando sempre um motivo para amenizar ou justificar seu atos…

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O filme foi tão comentando, que pela primeira vez me senti realmente interessado por um projeto brasileiro, os comentários tem sido razoaveia, mas, verei quando sair em DVD!

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Paulo, postura lamentável, a do diretor. Mas, ele deve ter agido assim por medo de processo mesmo…. Eu só posso falar que, da minha parte, acreditei no filme. Beijos!

Flávio, nem “Bruna Surfistinha” ou “VIPs” me fizeram ter simpatia pelos personagens principais!

Cleber, assista, sim!

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Onde vc vislumbra diferenças entre Vips e Prenda-me se for capaz é onde eu vejo mais semelhanças. A diferença é que a personificação do vigarista multifacetado por Di Caprio é mais pop do que a de Moura, apesar de ambos terem momentos cômicos…

Bjs

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Escrevi recentemente sobre este e tivemos percepções semelhantes, Kamila. A nota, inclusive, é a mesma. Achei um bom filme, é um entretenimento bacana, mas infelizmente as preferências do roteiro em privilegiar determinadas passagens para contar a trajetória de Marcelo sucumbiu outras muito mais interessantes. O filme acaba desperdiçando mt potencial…

Bjs!

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Reinaldo, exatamente. Perfeito seu comentário e sua visão! Beijos!

João Linno, concordo!

Elton, não sei se ele desperdiça potencial porque não conheço a história do Marcelo. Beijos!

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Gostei da sua comparação com Prenda-me se for capaz, pois também achei os dois filmes sutimente diferentes, e vi muitos comparam suas semelhanças. Agora, gostei das escolhas dos realizadores. Construiram um filme interessante de ser acompanhado, um obra por si só, independente dos acontecimentos reais. Essa dualidade foi exatamente o que me encantou no filme.

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Moura interpreta por olhar, e isso só os grandes conseguem. Quero muito conferir esse filme Kamila.

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Otavio, sim, com certeza! rsrsrsrs Beijos!

Amanda, exatamente. Estamos juntas nessa. A dualidade também foi o que mais me interessou nesta obra.

Cassiano, o Wagner é um grande ator mesmo. Assista ao filme, sim!

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Foi o último filme que vi no cinema, semana passada. Li muitas críticas negativas, mas acho que tudo depende de como olhamos para a obra.
A atuação do Wagner é maravilhosa, e isso vale(eu sou fã dele, então sou suspeita). Acho que focaram demais na coisa dele querer ser piloto e do Recifolia, deixando de contar coisas importantes da vida dele. Mas o filme é bom como entretenimente e até para pensar a que ponto o ser humano chega. E como disse antes, para ver a atuação do Wagner Moura.

Tinha ouvido sobre essa semelhança com Prenda-me Se for Capaz, mas achei que nem tinha tanta semelhança assim. As histórias dos dois personagens em um certo ponto se distanciam completamente.

Beijos!!

PS – Você disse lá no blog que eu sempre estou postando custas, né? É que sou fascinada por curtas. Tem muita porcaria, mas você acha coisas fantásticas que não passam no cenário comercial.

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Porque voce nao faz um twitter para podermos acompanhar melhor seu blog, se fizer avise 🙂 adoro seu blog.

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