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Sucker Punch – Mundo Surreal

publicado em:19/04/11 1:06 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Nos anos 90, muito se falava a respeito de diretores como Baz Luhrmann, cujo estilo seria videoclíptico, com influência da linguagem da MTV. Nos anos 2000, a voga mudou. Entramos na era dos diretores influenciados pela linguagem dos videogames. Nesse filão, a grande estrela, com certeza, é Zack Snyder, diretor de obras como “300” e “Watchmen”, que parecem ser jogos filmados. Depois de uma experiência mais convencional no gênero de animação, em “A Lenda dos Guardiões”, Snyder retorna ao território que lhe é mais familiar com “Sucker Punch – Mundo Surreal”, filme que parece ter sido inspirado por uma graphic novel, mas, na verdade, saiu da mente do próprio Snyder.

O subtítulo que “Sucker Punch” ganhou dos tradutores brasileiros foi muito feliz, uma vez que a história que acompanhamos mistura elementos daquilo que é real com aquilo que é fruto da imaginação da personagem principal, a jovem Baby Doll (Emily Browning). Vítima de um ambiente familiar muito difícil, a garota é internada pelo padrasto em uma instituição mental. Como uma forma de fugir daquela realidade, dos tratamentos e da possibilidade de ser realizada uma lobotomia nela, ela começa a imaginar um mundo paralelo, no qual ela tem um papel muito bem definido: encontrar quatro objetos que irão ajudá-la a fugir de tudo isso que ela está enfrentando.

O mundo paralelo imaginado por Baby Doll é uma espécie de filhote de “Burlesque” misturado com “Showgirls” e “300”, sendo que com contornos bem mais exagerados (inclusive no tom das atuações dos atores contratados, especialmente Carla Gugino e Oscar Isaac). O curioso é que, até mesmo na sua realidade paralela, o sofrimento de Baby é constante e, mais uma vez, ela foge disso criando um terceiro mundo imaginário, no qual ela é uma guerreira que quebra o pau com qualquer homem ou criatura, não importa o quão poderosos e fortes eles sejam.

Zack Snyder é um diretor que sabe muito bem trabalhar com os elementos estéticos. Em “Sucker Punch – Mundo Surreal”, ele não tem problemas com essa parte. Entretanto, o filme peca demais no roteiro, que é confuso (você só vai saber que tipo de história está assistindo decorridos quarenta minutos da obra) e que termina de uma forma um tanto simplista e que menospreza demais a inteligência do espectador. A verdade é que “Sucker Punch” parece ser a obra errada pro diretor errado. Robert Rodriguez faria esse filme de uma forma muito mais trash, como a história realmente merecia ser contada. Snyder, pelo contrário, levou a storyline que criou muito a sério. E foi esse o grande percalço no seu caminho, no desenvolvimento deste longa em particular. Que ele faça melhor no novo filme do Homem de Aço.

Cotação: 4,5

Sucker Punch – Mundo Surreal (Sucker Punch, 2011)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder e Steve Shibuya (com base na história de Snyder)
Elenco: Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Carla Gugino, Oscar Isaac, Jon Hamm, Scott Glenn



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Comentários


Acho que dá para perceber o que acontece no começo sendo que a linguagem imposta pelo diretor só começa a ter um rumo quando é executado a primeira cena de ação.

É como tinha dito na resenha, se Snyder dissesse que isso era uma adaptação de videogame, estariamos a uma obra que respeita essa estetica … porém como cinema é extremamente precário …

Além disso o uso “confuso” da imposição entre fantasia-realidade não conseguiu ser bem desenvolvida …

Beijos Milla e descanses!

Mesma nota que eu … pensava que iria dar menos …

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João, eu não consegui entender a intenção do diretor, no início. Só depois, mesmo! Concordo com seu comentário sobre a questão fantasia-realidade. Beijos e descanse você também!

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A intensão de Snyder era criar um filme surreal misturando elementos fantásticos … o problema é que já sairam filmes melhores …

A única coisa surreal do filme é reamlente … os créditos finais … você viu?

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João Paulo, sim, você tem razão! Sim, assisti aos créditos finais, mas, não prestei muita atenção neles, não! rsrsrs

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Gostei do filme. está ceto que as atuações são precárias: a protagonista chega a dar dó, mas pra mim, não há ninguém pior que Vanessa Hudgens, em suas poucas cenas eu achei completamente irritante e até desconexa (e a vontade de rir?!). Mas tudo bem, sei que tenho certa implicância com a garota. Curti o visual e as cenas de lutas e claro,a ótima trilha sonora (mas, lembro que chegou a cansar em alguns momentos…). Agora o roteiro e aquele final… Bem, posso dar um “punch” em Snyder? Espero que ele se supere em “Superman”…. 😀

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Raspante, olha, eu não achei a Vanessa Hudgens tão ruim assim, não, pra falar a verdade… O visual e as cenas de luta e a escolha da música da Bjork foram meus momentos favoritos do filme.

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Filme muito pretencioso. Juntaram todos os fetiches nerds e esqueceram de dar sentido ao roteiro. Chega a ser monótono em algumas partes, mesmo seguindo uma narrativa ao estilo game.

Curti não.

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Eu não consegui odiar o filme. Meu problema com o Sucker Punch foi o elenco. Definitivamente não trabalharia com nenhum daquelas meninas, principalmente a insossa da Vanessa Hudgens. No geral, eu gostei do resultado. Ainda prefiro Watchmen, mas acho melhor do que muito coisa chamada de cult que anda rolando por aí.

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João Linno, concordo que tem uma pretensão enorme neste filme. Nem eu curti.

Reinaldo, exatamente! Beijos!

Roberto, eu não odiei o filme. Não achei o elenco fraco, pra ser sincera. Meu problema foi o tom da obra inteira. Achei que o Zack Snyder se preocupou demais com o visual e se esqueceu do conteúdo.

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Concordo que a história vai descendo a ladeira e o final é meio sem sal. quase um anti-clímax. Mas, não achei confuso. Na verdade, achei até bem cartesiano e com sentido. Podem achar simplista, bobo até, mas tem uma lógica bem clara ali.

Eu não consegui falar mal de Sucker Punch porque simplesmente adorei aquela cena inicial. É um clipe muito bem feito, cheio de nuanças, que casa perfeitamente com a música e tem uma função bem resolvida de nos resumir o prólogo. Fiquei mesmo encantada.

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Amanda, não é um filme confuso a partir do momento em que ele começa a fazer sentido, lá pelos quarenta minutos de filme…

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Oi Kamila, gosto muito da Abbie Cornish. Talvez seja o principal motivo para ver este filme. Abs!

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Cristiano, concordo que é um dos piores filmes do ano.

Flávio, a Abbie está ótima aqui. A personagem dela tem uma importância fundamental para a trama. Abraços!

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Olha eu discordo em parte da crítica kkk’
Eu nunca tinha ouvido falar do tal ‘Burlesque’, mas pelo visto é sim uma inspiração externa para o bordel. Diga-se de passagem, Sucker Punch é meu filme preferido 😛
Quanto à intenção de Snyder, os que se ligaram nas entrevistas da grande estréia do filme, em uma delas Snyder disse que ele já pretendia criar uma história de drama, fantasia e ação juntos numa mesma obra. Segundo ele e Shibuya (roteirista), eles resolveram criar espelhos ao longo da trama que apenas os mais atentos notariam. Acredito que com “mais atentos” ele quis dizer os que vissem pelo menos três vezes, porque cá entre nós é um filme realmente difícil de se entender. Esses espelhos são encontrados em cenas como o diálogo entre Baby e Florita (Sweet Pea, na versão original) no quarto, logo após a primeira luta no Japão feudal.

“- Todos aqueles giros e gemidos… A dança é muito mais que excitação!”

também segundo Snyder, ele se referia aos seus filmes de ação. Podemos interpretar a fala como: “Todos os slow motions e golpes bem elaborados… O filme de ação deve ser muito mais que aquela euforia com as cenas de luta”. E mais à frente, outra indireta:
“- A minha (dança) é pessoal. Ela diz quem eu sou. O que é que a sua diz?”
“- Ela diz que vou escapar daqui. Que vou ser livre.”

nessa cena, uma pequena brincadeira (ou talvez uma pegadinha que possa revelar o enredo). Dito isto, Florita responde: “- Não se esqueça de mandar um cartão postal do paraíso”. Se você reparar na cena final quando o ônibus segue o caminho, pode ver uma placa que ironicamente está escrito: Paraíso. Mas confesso que não sei o que ele quis dizer kkkk’
E ainda mais à frente outra indireta de duplo sentido, quando Baby revela o plano e Florita diz:
“- E não vai ser: Ah, desculpe, Blu, a gente não vai fazer de novo, porque a gente vai morrer!”
Então Rocket responde:
“- Nós já estamos mortas”
Pode até ser que não, mas não acho que essa frase se refira ao presente estado em que se encontravam. Para quem viu o filme todo deve entender o que estou dizendo.

Como sua ideia era criar um porquê por trás de uma cena de luta, indo além da velha história de uma briga entre dois reinos (não menosprezando 300, por favor! É um filme excelente), acho que Snyder foi sim bem sucedido na sua ideia, escondendo uma curiosa mensagem de auto-ajuda por trás de tudo aquilo. “- Ah, João, mas o filme foi embolado”, tá, sabemos que sim. Mas acho que o roteiro do filme deveria começar com um marca texto sobre o título SUCKER PUNCH. Para os que não sabem, o termo informal não tem uma tradução exata, mas entende-se como uma gíria da língua como um ‘soco surpresa’, um ‘golpe inesperado’. Você vai para o cinema crente que ia assistir uma simples cena de guerra (o que já é de se esperar em filmes de reinos e com super heróis) e acaba levando de brinde uma história por trás disso e ainda uma mensagem de auto-ajuda, que particularmente achei uma ideia plausível! Afinal o slogan já diz tudo sobre o filme: Você estará despreparado. E ainda um pequeno susto no final (spoiler), as fantasias não pertencem à Babydoll, como a grande maioria acredita. Mas à Florita, que foi a única a encontrar na realidade o motorista e o garoto no ônibus. É como se o filme fosse uma lembrança fantasiada da verdadeira protagonista (o que deixa às espreitas se a história contada por Rocket é verdadeira e se realmente elas não são loucas. Particularmente desconfio de que ela possa sofrer de esquizofrenia, mas é uma opinião pessoal!)

Só mais uma coisa, desculpa, mas descordo totalmente quanto às interpretações. Acho que o Oscar Isaac e a Carla Gugino fizeram uma interpretação tão surpreendente e plausível que sinceramente deveriam ser premiados. O tempo todo eu desconfiei de que o vilão Blu fosse tão louco quanto ‘suas meninas’. Comparado à outro trabalhos do ator, e da atriz também, acho que foi uma das obras mais profundas que já deram vida com tamanha precisão.

Bom, é isso. Eu acho (EU!) que o filme é perfeito, mas confesso que precisei muito do google e de opiniões externas de fãs e críticos para entender a história. Mas quando entendi, me apaixonei!

Agora, só não entendi o que quis dizer quando disse que ele menosprezava o intelecto do espectador, Me explique por favor.

😀

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João Felipe, obrigada pela visita e pelo comentário e por expor o seu ponto de vista. Respeito sua opinião. Quando eu falo que Zack Snyder menospreza o intelecto do espectador é porque eu acho que ele trata o espectador de uma maneira condescendente, especialmente em se tratando das muitas falhas que esse roteiro possui.

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