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As Mães de Chico Xavier

publicado em:20/04/11 1:52 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Em uma determinada cena de “As Mães de Chico Xavier”, filme dirigido por Glauber Filho e Haldar Gomes, o médium mineiro (mais uma vez interpretado por Nelson Xavier) olha para o jornalista (Caio Blat) que insiste em tomar um depoimento dele para a sua matéria e fala: “Procure as mães. Eu sou apenas um instrumento em nome delas”. A verdade por trás dessa frase o repórter descobre num momento posterior: Chico Xavier se sentia plenamente realizado como médium quando ele psicografava as cartas que ofereciam o conforto para parentes que sobreviveram às perdas de entes queridos.

Neste sentido, o roteiro de Glauber Filho enfoca três mulheres: a primeira (Vanessa Gerbelli) perde o filho precocemente, a segunda (Via Negromonte) vê o filho sucumbir à luta contra o vício em drogas e a terceira (Tainá Muller) está grávida, não tem certeza se tem vocação para mãe e se vê sozinha após a morte trágica de seu namorado (Gustavo Falcão). As três histórias nos são contadas de forma paralela e se entrelaçam no ato final de “As Mães de Chico Xavier”, quando elas se juntam a muitas outras pessoas, na Casa de Preces mantida pelo médium mineiro, em busca das respostas para o sofrimento que as afligem desde o contato delas com a morte.

De uma certa forma, as motivações por trás dos acontecimentos retratados em “As Mães de Chico Xavier” lembram muito os vistos, recentemente, na obra “Além da Vida”, do diretor Clint Eastwood. Assim como na obra roteirizada por Peter Morgan, aqui temos o ser humano indo em busca das respostas sobre o que acontece após a vida neste plano acabar. Assim como na obra roteirizada por Peter Morgan, aqui temos a continuidade da vida após as pessoas que ficaram terem a certeza de que a vida segue e que o reencontro é uma possibilidade.

“As Mães de Chico Xavier” é o filme que encerra oficialmente as comemorações do centenário de nascimento do médium mineiro. Para efeitos de comparação, acaba sendo a obra mais fraca dessas homenagens todas justamente por não ter a mesma carga emocional de “Chico Xavier” ou de “Além da Vida”, por exemplo, e por transformar o grande legado do médium mineiro, com uma simples frase colocada nos créditos finais, em uma mensagem politizada contra o aborto. Não havia a necessidade disso.

Cotação: 3,0

As Mães de Chico Xavier (2011)
Direção: Glauber Filho e Haldar Gomes
Roteiro: Glauber Filho (com base no livro de Marcel Souto Maior)
Elenco: Nelson Xavier, Herson Capri, Via Negromonte, Caio Blat, Tainá Muller, Vanessa Gerbelli, Gustavo Falcão, Neuza Borges, Paulo Goulart Filho



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Comentários


É o famoso why cine brasileiro?

Acreditas que não vi ainda nenhum filme da temática mediunica …
Um dia, um desses filmes chega por aqui …

Beijos!

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É a frase final nem me incomoda tanto, por mais gratuita que a considere. Mas, a trilha sonora, a direção e o roteiro desse filme … Senhor!

O que acho mais complicado é que para falar da sinopse a gente tenha que entregar o clímax do filme.

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João Paulo, o Brasil está se especializando no cinema religioso… Beijos!

Amanda, a trilha sonora, a direção e o roteiro são horríveis mesmo. A obra parece até ser amadorística. E você tá certa. É difícil falar da história sem mencionar o clímax do longa….

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Kamila, qdo estava lendo a sua crítica tb me veio a mente o filme do Eastwood. A tua nota me assustou um pouco e eu já nem tinha muita curiosiodade antes.

Bjos.

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Infelizmente não verei.

Você foi gentil ao falar em “comemorações” do centenário de Chico. A mim, o filme aparenta algo feito às pressas pra se aproveitar a onda “filmes espíritas” e Chico Xavier. Entendo até uma certa proposta por trás disso da disseminação e massificação do espiritismo e sua mensagem. Mas acho que já tá na hora do Brasil levar o cinema mais a sério. Cinema não é favor, já chega de se contentar com a simples intenção.

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Raspante, pois é!

Bruno, eu também me lembrei muito do filme do Eastwood. Beijos!

Victor, não sei se o filme foi feito às pressas, mas ele é um tanto amador. Seu comentário faz sentido, mas acho que o Brasil tem até trabalhado bem nessa onda de filmes espirituais, independente das crenças de qualquer um de nós.

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[…] “As Mães de Chico Xavier” é o filme que encerra oficialmente as comemorações do centenário de nascimento do médium mineiro. Para efeitos de comparação, acaba sendo a obra mais fraca dessas homenagens todas justamente por não ter a mesma carga emocional de “Chico Xavier” ou de “Além da Vida”, por exemplo, e por transformar o grande legado do médium mineiro, com uma simples frase colocada nos créditos finais, em uma mensagem politizada contra o aborto. Não havia a necessidade disso. (Crítica publicada em 20 de Abril de 2011) […]

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Passados mais de 2 anos da estréia de “As Mães de Chico Xavier” nos cinemas brasileiros, um dos principais alvos usados para denegrir este inesquecível filme pelo “crítica de cinema”, a Sra. Camila, foi a dedicatória “ás crianças vítimas de aborto provocado” que consta nos créditos finais do filme. Espero que agora, com a estréia do polêmico filme americano “Blood Money-Aborto Legalizado” que entrou em cartaz em circuito comercial em todo o Brasil ele tenha entendido o por quê da referida homenagem. O documentário denuncia a indústria que fatura bilhões de dollares nos EUA a custa dos sofrimentos de mulheres e do assassinato de bebês. Tudo sob o ponto de vista científico e humanista. Sem nenhum argumento religioso, Sra. Kamilla!! O aborto é fruto de uma sociedade materialista e egoísta. Chico Xavier pregava o caminho do AMOR á VIDA, desde a concepção. PAZ & BEM!

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Luís Eduardo Girão, em primeiro lugar, gostaria de dizer que é uma honra ter a presença do senhor no nosso blog. Como o senhor pode perceber, já fizemos algumas resenhas de filmes produzidos pela Estação Luz Filmes e parabenizo o senhor pelo belo trabalho que realiza na difusão da doutrina espírita por meio da linguagem cinematográfica. Sem dúvida, o trabalho que o senhor faz tem muita relevância e influência positiva perante os outros. Em segundo lugar, deixe-me abordar o assunto do comentário feito pelo senhor. Caso o senhor tenha lido meu texto com atenção, em nenhum momento denegri o filme “As Mães de Chico Xavier”. Pelo contrário, fiz um comentário pontual sobre uma impressão que eu tive ao final do longa. Em nenhum momento da minha resenha crítica tive a intenção de denegrir o filme produzido pelo senhor. Nem com esse comentário pontual, que considero mais uma observação, não uma posição final sobre “As Mães de Chico Xavier”.

O senhor não me conhece pessoalmente (da mesma forma que eu não conheço o senhor pessoalmente), não sabe das minhas crenças pessoais (da mesma forma que eu não conheço as crenças do senhor). Não sou a favor do aborto e, em nenhum momento, o comentário pontual que faço deixa isso subentendido. Talvez, ao assistir ao filme citado pelo senhor, entenda o por quê da homenagem feita ao final de “As Mães de Chico Xavier”. Talvez, como o senhor mesmo diz, passados dois anos da estreia de “As Mães de Chico Xavier”, eu tenha a oportunidade de rever o filme e rever a minha posição inicial sobre a obra. Sei que o senhor é espírita. Eu também sou. Tenho aprendido constantemente sobre mim mesma e sobre os outros desde que decidi seguir a doutrina espírita e tenho plena consciência de que Chico Xavier pregava o caminho do amor, do bem, da caridade e, principalmente, da humildade.

Para finalizar, o senhor não precisa se referir a minha pessoa de forma pejorativa utilizando o termo “crítica de cinema”, pois assim não o me considero. Sou uma jornalista apaixonada por cinema e que gosta de escrever sobre a maneira como os filmes me fazem sentir. Esse site não tem o propósito de ser profissional sobre o tema. Para isso, temos os devidos críticos de cinema, em seus blogs, nos jornais, em revistas e em outros meios. Sempre vi o “Cinéfila por Natureza” como uma forma de dividir a minha paixão sobre cinema com outras pessoas que também gostam do mesmo tema. Sempre vi o “Cinéfila por Natureza” como um espaço em que eu poderia aprender com a troca de opiniões entre os textos, os comentários, os leitores e visitantes ocasionais.

Da mesma forma que aprendo com todos eles, aprendi com essa troca de comentários feita com o senhor.

Que Deus o abençoe!

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