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Biutiful

publicado em:3/05/11 10:12 PM por: Kamila Azevedo Cinema

O nome do filme pode ser “Biutiful”, mas a realidade do personagem principal da obra dirigida por Alejandro Gonzalez Inarritu não é nada bela. Uxbal (Javier Bardem, indicado ao Oscar 2011 de Melhor Ator) é um antiherói, que acaba de ser diagnosticado com um câncer de próstata já em metástase. Com dois meses de vida, a jornada dele não é em busca da redenção ou da aceitação do seu destino. Uxbal, na realidade, vive um momento muito sombrio em que a sua grande preocupação é deixar seus dois filhos pequenos (que moram com uma mãe de trajetória altamente errante) numa situação confortável após ele partir.

“Biutiful” é a primeira obra que o diretor Alejandro Gonzalez Inarritu realiza sem a habitual parceria do roteirista Guillermo Arriaga. Porém, curiosamente, este filme trata muito dos temas recorrentes vistos nos longas resultantes desta antiga parceria de trabalho. “Biutiful”, de certa forma, lembra muito “21 Gramas”, no sentido de que a essência de ambos os longas fala a respeito da continuidade da vida, da necessidade do reencontro com o cerne que nos faz aquilo que somos ou, simplesmente, do sentimento de compaixão pela dor, pela jornada ou pelas escolhas equivocadas dos outros.

Assim como muitos outros personagens do universo dos filmes de Alejandro Gonzalez Inarritu, Uxbal é um homem que tem a vontade de acertar e de fazer aquilo que é certo. Ele trabalha com imigrantes ilegais, mas é bem intencionado com eles, mesmo cometendo erros bobos que levam a uma tragédia. A esposa dele vende seu próprio corpo para sobreviver, mas ele nunca a abandona e sempre está ali por perto para aquilo que ela precisar. Os dois filhos dele encontram na figura dele a estrutura familiar sólida que eles tanto precisam. Do mesmo jeito que ele não hesita em ajudar a esposa de um dos seus imigrantes ilegais presos, se certificando de que ela também tenha uma vida digna.

Em “Biutiful”, com a exceção da ausência de Guillermo Arriaga, Alejandro Gonzalez Inarritu se rodeou de constantes colaboradores, como o compositor Gustavo Santaolalla, o diretor de fotografia Rodrigo Prieto e o editor Stephen Mirrione. Por causa disso, a marca do diretor e o estilo que ele imprime são notadamente percebidos desde o primeiro ao último quadro. Uma obra dedicada pelo diretor em homenagem à figura de seu pai, isso nos ajuda muito a compreender “Biutiful”. Como dissemos, o filme não é sobre a redenção de alguém, sobre ultrapassar obstáculos ou vencer a dor. O longa fala sobre a busca de um homem pela paz, pelo conforto, por aquele instante em que ele pode dizer que pode partir em paz porque tudo vai ficar bem. E esse sentimento é representado por uma das mais belas cenas vistas em filme no ano de 2010, como também por uma das mais lindas atuações do ano passado.

Cotação: 9,5

Biutiful (Biutiful, 2010)
Direção: Alejandro Gonzalez Inarritu
Roteiro: Alejandro Gonzalez Inarritu, Armando Bo e Nicolás Giacobone
Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaib, Guillermo Estrella, Eduard Fernández, Cheickh Ndiaye, Diaryatou Daff, Cheng Tai Shen



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Comentários


Falou muito bem, Biutiful é um filme belissimamente triste, e que me encantou completamente. E Bardem aqui está fantástico, só de olhar suas expressões, já me subia uma angústia.
Abraços.

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Gabriel, obrigada!! Eu também achei uma obra belamente triste. A atuação do Bardem acabou sendo a minha favorita do Oscar de Melhor Ator desse ano! Abraços!

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Dos principais filmes indicados ao Oscar falta ver esse e Inverno da Alma.Gosto muito de Amores Brutos,21 Gramas e Babel.Não entendo a implicancia que uma parte da critica tem com Inãrritu,dizem que Babel é esquematico,mas acho um filme muito bom e que traduz de forma magistral as diferenças culturais(criticos como Roger Ebert gostam do filme,Isabela Boscov e Ewald Filho nem tanto).21 Gramas é um exercicio de cinema muito bem realizado e Amores Brutos foi o inicio da “invasão latina” em Hollywood.Legal você ter gostado de Biutiful,pq temia pela carreira de Inãrritu sem Guillermo Arriaga(e a famosa briga pós cannes 2006).Legal essa comparação que vc fez com 21 Gramas que teve um final surpreendente(Sean Penn recebe o transplante do falecido marido de Naomi Watts.Benicio Del Toro Soberbo!,pena Tim Robbins ter levado o Oscar).Talvez algumas pessoas não gosta de Inãrritu pq nos filmes dele não tem redenção(como vc citou na critica)e trate de assuntos pesados(alguns detestam Amores Brutos pela violencia que os cães sofrem).Acho que vc faz parte do meu time:é uma fã do cinema de Inarritu.Estou na expectativa pra ver em breve.Disponivel em DVD? Beijos Kamila.

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Paulo, eu ainda não assisti “Inverno da Alma”. Eu gosto dos filmes do Inarritu, mas acho “Babel” muito fraco, pra ser bem sincera. “21 Gramas” é meu filme favorito da parceria Arriaga-Inarritu. Acho que ainda não está disponível em DVD. Beijos!

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Exato, Kamila, Biutiful é muito bem construído nessa busca por sossego. E Javier Bardem está maravilhoso. O filme me encantou também.

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Amém, Kamila! Concordo em tudo que vc disse nas últimas linhas. Até hj não me conformo por esse filme não ter vencido o Oscar de melhor filme estrangeiro esse ano.

Eu chorei copiosamente no cinema… sabe aquele choro que você não consegue conter? E logo ao final do filme. As pessoas se levantando e olhando pra mim. Maior vergonha rsrsrsrs..

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Concordo que seja umas das grandes atuações do ano de 2010 Ka, mas o filme – na minha avaliação – é cheio de problemas. Iñarritu realiza aqui seu filme mais fraco. O que é uma pena.
bjs

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Quero muito ver esse filme Kamila, não pude ver nos cinemas! Sua crítica só acendeu mais, espero q Javier dê banho realmente.

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Nossa, depois de tantas críticas negativas que tinha visto para esse filme, já tinha até desistido. Aí vem você e me acaba nesse post!

Agora é obrigação!

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Reinaldo, eu discordo de você em relação ao filme, mas tudo bem! Beijos!

Cassiano, que bom que gostou da crítica e espero que possa assistir logo ao filme.

Victor, que legal que te surpreendemos! 🙂

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Quero muito ver “Biutiful”, ainda mais por você dizer que lembra muito “21 Gramas”, que adoro e acho o melhor da ‘trilogia’ do Inarritu.

Beijos! 😉

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O cinema de Inarritu está se mostrando cada vez mais requintado em seus aspectos. Gosto mais de 21 Gramas (por motivos meramente subjetivos) a este, mas considero duas grandes obras do diretor.

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Flávio, obrigada!

Mayara, eu também acho “21 Gramas” o melhor da trilogia do Inarritu! Beijos!

Luís, concordo. Especialmente com a parte de “21 Gramas”.

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Ainda não vi, Kamila, então não posso opinar sobre o filme. Porque sobre o Inárritu, eu posso. Pra mim, trata-se de um péssimo diretor, depressivo, filma mal e até hoje dependeu dos roteiros do colega lá. Desculpa, minha base é Spielberg, Scorsese, Coppola (o pai), Kubrick, entre outros monstros.

Agora, com “Biutiful”, bom, deixa eu ver primeiro.

Bjs!

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Otavio, eu acho que ele foi péssimo, depressivo e filmou mal em “Babel”… ODEIO esse filme!! Eu te perdoo, claro! 🙂 Beijos!

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[…] e Byron Howard) 06. O Discurso do Rei (The King’s Speech, 2010, dirigido por Tom Hooper) 07. Biutiful (Biutiful, 2010, dirigido por Alejandro Gonzalez-Inarritu) 08. Inverno da Alma (Winter’s Bone, 2010, dirigido por Debra Granik) 09. O Concerto (Le […]

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