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Cena da Semana*

publicado em:22/05/11 9:14 PM por: Kamila Azevedo Cena da Semana

(A polêmica de Lars Von Trier no Festival de Cinema de Cannes 2011 – 18.05.2011)

O cineasta dinamarquês Lars Von Trier ensinou, nesta semana, no Festival de Cinema de Cannes 2011, como ganhar e perder uma Palma de Ouro em questão de minutos. Explicamos: seu mais recente filme, “Melancholia”, foi recebido de forma bastante positiva pela crítica, sendo apontado por alguns como o melhor filme produzido pelo diretor. O favoritismo à Palma de Ouro, prêmio máximo de Cannes, era dado como certo. Mas, declarações altamente infelizes do diretor, na conferência de imprensa de divulgação da obra, colocaram tudo abaixo!

Nas declarações, Von Trier afirmou: “Eu achava que era judeu, era muito feliz por isso. Mas aí descobri que era nazista, quer dizer, minha família era alemã. (…) Eu entendo Hitler. Claro que ele fez algumas coisas erradas. Mas eu o compreendo. Claro que não sou a favor da Segunda Guerra, não sou contra judeus, nem Susanne Bier [a diretora de “Em Um Mundo Melhor”, que lança filmes pela produtora de Von Trier], Israel é complicado. Mas e agora, como termino essa frase?”.  A organização do Festival reagiu de bate pronto, declarando o diretor “persona non grata” no Festival, o que significa que, se ele vencesse algum prêmio na noite de gala (fato que não aconteceu) que encerra o Festival, ele não poderia estar lá para recebê-lo.

Após tanta polêmica, Von Trier retornou aos holofotes, afirmando que seu próximo projeto será um filme pornô e declarando o seguinte:  “Se eu ofendi alguém esta manhã (18 de maio) com as palavras que usei na coletiva de imprensa, peço sinceras desculpas. Não sou antissemita e não tenho qualquer tipo de preconceito racial, e nem sou um nazista”. Momentos depois, ainda soltou mais essas: “Esse banimento é uma coisa da qual me orgulho. Tenho certeza que, se meus pais estivessem vivos, também estariam orgulhosos de mim. (….) Fiquei sabendo que tenho que manter uma distância de 100 metros do Palácio dos Festivais. No domingo, acho que vou ficar do lado de fora fazendo sinais para saber se o filme foi premiado. (…) Acabo de descobrir o que significa a expressão ‘estraguei minha própria festa’ (I pissed on my chips, em inglês). Eu fico nervoso e me ponho a falar o que não devo. Não falei isso pra machucar as pessoas. Essa situação está prejudicando meu filme e minha produtora.”

Polêmicas à parte, a verdade é que o banimento de Lars Von Trier do Festival de Cinema de Cannes foi uma decisão impulsiva e totalmente arbitrária. Não concordamos com as afirmações efetuadas pelo diretor, mas a liberdade de expressão existe para que as pessoas exponham seus pensamentos (quer a gente concorde com eles ou não). Uma retratação pública do diretor, talvez, neste caso, bastasse para colocar panos frios em cima de tanto barulho.

No final, quem mais deve ter gostado da presença – e das declarações de Von Trier – no Festival de Cinema de Cannes 2011 foi Mel Gibson. Só assim para a imprensa deixar de pegar um pouco no pé dele. Será que Mel e Lars confraternizaram nos corredores do Festival? O Mel olhando para ele e dizendo: “ei, amigo, sei exatamente o que você está passando. Quer uma ajudinha? Vamos tomar uma cerveja, que a gente conversa”. Oops, me esqueci que o Mel não toma (ou toma??) uma cervejinha… Impossível não fazer a piada, me desculpem…

*Agradecemos ao Paulo Ricardo pela dica da Cena da Semana.



Jornalista e Publicitária


Comentários


Lars Von Trier tem talento. Não nego, ele consegue imprimir e impor seu estilo. Consegue arrancar atuações espetaculares de suas atrizes e a vitória de Dunst como melhor atriz é a prova de uma de suas marcas registradas …

… Mas não dá para esconder que ele defeca pela boca. Talvez um dos grandes motivos que alguns não tem essa admiração por esse diretor, no qual sua auto-afirmação, prepotencia e arrogancia levam ao ponto extremo do incomodo e repulsa.

Claro que o banimento dele em Cannes soa um pouco arbitrário, porém o que vamos fazer. A burrada desse elemento foi tanta que a distribuidora oficial dele aqui na Argentina, a Distribution Company não vai distribuir o filme por essas bandas.

Agora é tentar não olhar para as polêmicas e analisar a obra em si … Não será dificil … mas nós tentaremos.

Beijos Milla.

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João Paulo, é inegável que o Von Trier tem talento. Ele é um dos bons diretores do cinema atual. Agora, realmente, ele deveria ter ficado calado nessa situação e falou mais do que devia. Ele só prejudicou seu filme, no final das contas…. Beijos!

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Bem … o povo foi ver Anticristo pelo potencial do filme ou pela polêmica que carrega?

Ai está o ponto que Trier gosta de mexer no espectador … em ver o filme pela polêmica do que o filme pode dar ao publico.

Beijos

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O que posso dizer de Von Trier? Ele foi errado, e muito. Só mostra que ele é sim um babaca no final das contas. Porém, achei muito estranha a atitude de ‘Cannes’, cadê a liberdade de expressão neste momento? Por mais errado que Von Trier esteja, é perceptível que ele estava sendo bem “irônico” neste momento. Afinal, qual o motivo desta pergunta sobre Hitler se nada tinha a ver com ele e com o seu filme? Vai entender….

Agora, nada supera o constrangimento de Dunst na coletiva HAHAHAHA

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Eu continuo achando tudo isso lamentável, a declaração, a expulsão, a polêmica. Acho Lars Von Trier um grande diretor, e estou muito curiosa por Melancolia, ainda mais depois das declarações dos críticos. Mas, polêmica parece mesmo ser a marca do diretor. Não por acaso ele criou o Dogma 95, não por acaso ele sempre alfineta algo ou alguém em suas entrevistas.

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João, espero que tenham visto por ser um filme interessante, não por causa da polêmica. Beijos!

Raspante, ele errou, sim, mas a reação do Festival também foi errada. O constrangimento da Dunst foi a reação perfeita para as bobagens que o Von Trier disse.

Amanda, eu também acho tudo muito lamentável. E ele adora polêmica. Adora! Isso é fato!

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Oi Kamila, pelo menos o Rick Gervais vai ter alguma piada infâme pra fazer , se ele apresentar o GG no ano que vem e se a tal repercussão das declarações do Von Trier não cair no esquecimento. Os roteiristas de Uma Família da Pesada e o pessoal do Saturday Night Live também poderão se aproveitar disso.

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Flávio, isso ele só terá a chance de fazer se o filme do Lars Von Trier for lembrado no GG…

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Acho que o Von Trier teve a publicidade que tanto almejava, mas é uma pena um diretor desse porte fazer essa tática, já que ele é um dos melhores da atualidade, não precisava fazer esse papelão. E tô super curioso de conferir Melancolia.

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Obrigado pela citação Kamila,gosto do Cena da Semana e achei oportuno debatermos esse assunto.Antes de mais nada seu texto esta otimo e o Mel Gibson aceitaria uma cerveja sim hehehe.Concordo contigo,não é hora dos criticos apedrejar Lars Von Trier e ele já pagou pelo que disse pela enorme e merecida repercussão das declarações dadas.Sou totalmente contrário ao banimento do cineasta nos proximos festivais,acho uma decisão exagerada e se isso ocorrer eu acredito ser uma perseguição dos organizadores do festival e do presidente Gilles Jacob.A minha opinião é que a declaração do dinamarques é preconceituosa e de extremo mal gosto,mas em um regime democratico todos tem direito de falar o que bem entender(contudo que não seja algo moral direcionado a uma pessoa).Foi uma opinião e todos nós sabemos que von Trier adora uma polêmica,ele só não sabia que essa teria tamanha repercussão.Sobre o festival e os vencedores eu fiquei surpreso com a vitória de A Arvore da Vida de Terrence Malick.Eu acompanhei o festival pelos videos de um canal portugues no Youtube e no final da exibição um critico ficou ofendido e disse que era melhor ver um “documentário da Discovery” do que o filme de Malick.Os criticos de Cannes pegam pesado com alguns filmes,casos como Irreversivel de Gaspar Noé(boa parte saiu na cena de estupro),Ensaio Sobre a Cegueira de Meirelles(alguns criticos queriam solução pra cegueira e Meirelles explicava que era uma metafora e não Eu Sou a Lenda com Will Smith),Anticristo de von Trier dividiu os criticos e tantos outros casos.Mas é um festival que consagra com criticas elogiosas como Cidade de Deus,Entre os Muros da Escola e Onde os Fracos Não Tem Vez que saiu da croissant rumo a consagração no Oscar.Por isso que Cannes é tão bom,tem celebridades,polemicas e bons filmes que nos proximos meses serão lançados no Brasil e poderemos conferir.Mais uma vez eu agradeço pela citação e parabéns pela atenção que vc tem com seus leitores.Eu já disse isso algumas vezes e vou repetir:sou leitor assíduo do Cinéfila por Natureza.Beijos e boa semana Kamila.

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Ele é muito talentoso, mas sempre falar algo que ninguém quer ouvir. não é a primeira vez que cria polêmica.

Acho que o filme não deveria ter sido punido por causa do que ele disse.

Vou continuar assistindo os filmes dele e quero ver esse último, mas ele podia calar a boca e parar de falar porcaria.

Beijos!!

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Fabrício, eu concordo com seu comentário!

Paulo, obrigada pelo comentário, pelos elogios e pela presença de sempre. Eu te agradeço pela sugestão e concordo que este é um tema importante a ser debatido. Seu comentário tá bem completo e vou tecer uma observação somente em relação aos vencedores da noite. Eu pensava que ia dar “The Artist” no prêmio principal e Tilda Swinton como Melhor Atriz… Beijos!

Carissa, verdade. Não é a primeira, nem será a última vez que o Lars criará polêmica. Beijos!

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Se Lars Von Trier já é conhecido pelas polêmicas que se envolve, o festival não deveria fazer tamanho alarde em cima das declarações dele.

Bjos, Kamila.

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Mas o banimento foi simbólico… Tanto que o filme continuava elegível e o próprio Giles Jacob disse que o banimento foi válido apenas para esse ano. Não afetará a relação de Cannes com o cineasta.Bem, isso posto, preciso pontuar que concordo que a atitude (tanto de Von Trier quanto da direção do evento) foi impulsiva. Mas há legitimidade na atuação da direção de Cannes em pontuar que a plataforma que o festival oferece não é para a propagação de intolerância e preconceito. Se o próprio Von Trier admitiu estar confuso com a frase, o que dirá de um interlocutor?
Digo isso pq o dinamarquês é mestre em criar polêmicas vazias para se promover. Seus filmes já não fazem isso por ele há muito tempo…
Nesse aspecto, faz todo o sentido ele se dizer orgulhoso do banimento…

Beijos

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O cara diz em 2009 no mesmo festival: “Eu sou o melhor diretor do mundo”, dois anos depois diz que tem uma certa simpátia por Hitler, fala sério, hein. Espero que seu filme faz jus a tudo isso.

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João Linno, mas, nesse caso, era impossível não fazer alarde em cima do que ele disse. Beijos!

Reinaldo, o banimento foi simbólico depois de esclarecido, mas a primeira impressão que deu foi de arbitrariedade. Eu entendo seu raciocínio e posso concordar até com ele, como sempre, porque você é muito ponderado. Beijos!

Cleber, o Lars gosta de provocar barulho!

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Ele exagerou, mas acho que ainda existe certa restrição de organizações com relação a liberdade de expressão, que não é por completa. Não curto muito o Von Trier, apesar de gostar de “Dancer in the Dark” e até que fiquei curiosa por “Melancholia”, mas para ver a perfomance da Kristen Dunst.

Beijos e tenha uma ótima semana! 😉

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Perdeu uma grande chance de ficar calado. Quem quer aparecer demais, dá nisso. E, sinceramente? Bem feito! Cannes tinha que tomar uma atitude. Infelizmente, a Europa como um todo ainda guarda dor do Holocausto e ainda tem medo desse tipo de coisa, porque viveu isso. Não adianta, pode ter sido ironia ou qualquer outra coisa, mas ainda não será tolerável por lá esse tipo de “brincadeirinha”. Coisa chata gente que “quer ser polêmico” e ficar gritando pra tentar mostrar que é. Sorte dele é que tem talento, senão diria que tem a mesma síndrome da Preta Gil.

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kkkkkkk, impagável sua piadinha no final do texto! Foram infelizes os comentários de Von Trier pra um povo que ainda é traumatizado (e sempre será) com os acontecimentos da Segunda Guerra. O banimento foi justo, na minha opinião, mas ainda assim uma coletiva para uma retratação deveria existir. Bjos.

P.S¹: Isso não muda minha grande vontade de ver o filme e nem a de ninguém, acredito.
P.S²: Não se incomodaria se eu colocasse o link do seu blog lá no meu, não é? 😀

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Mayara, eu também não sou a maior fã do Von Trier, mas sempre acabo assistindo aos filmes dele. Beijos e ótima semana!

Victor, pois é…. O Von Trier falou demais.

Fael, obrigada! Claro que não me incomodo de você colocar um link pra cá no seu blog! 🙂

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Lamentavel a atitude de Von Trier, e lamentavel a resposta do festival. Ainda pior foi a justificativa do presidente de cannes dizendo que foi apenas um cartão vermelho e que serviu de lição para dizer que em cannes é proibido falar de política.

Isso tá me cheirando a pressão de patrocinadores judeus e ao eterno chefão de cannes, judeu tb.

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Cassiano, lamentável em ambos os casos. Sobre os bastidores, evito comentar, até porque não conheço as políticas de Cannes….

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Tem um outro vídeo que mostra na íntegra o depoimento do Lars Von Trier e que é impagável por causa de Kirsten Dunst, visivelmente incomodada com a situação! Agora, o homem é louco e disso nós já sabemos. Cannes parece não ter percebido que certas coisas dele não podemos levar em consideração!

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Matheus, eu li sobre a reação da Kristen e assisti ao vídeo também. Pois é! O Lars é dessas aí! rsrsrs

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