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Tetro

publicado em:3/06/11 9:29 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Produzido, escrito e dirigido por Francis Ford Coppola, “Tetro” foi somente o terceiro longa metragem feito na década passada por um dos grandes diretores do cinema hollywoodiano. A obra segue o caminho de “Velha Juventude”, seu filme anterior, e é uma produção independente do diretor, sem qualquer comprometimento estético e financeiro com um grande estúdio hollywoodiano. Ou seja, o que vemos na tela é o puro cinema de autor, com todas as opções criativas, estéticas e narrativas do diretor, sem qualquer intromissão externa.

A história de “Tetro” está centrada em torno de dois personagens – Angelo Tetrocini (Vincent Gallo) e seu irmão mais novo Bennie (Alden Ehrenreich) – e gira muito ao redor da confluência entre o passado e o futuro. Explicamos: quando era mais jovem, Angelo deixou a casa do pai, um maestro famoso (Klaus Maria Brandauer) e passou a viver num “exílio” em Buenos Aires, terra natal de seus familiares, deixando para trás aquilo que ele era e assumindo uma nova vida e uma nova identidade, passando a ser chamado de Tetro.

O filme retrata o reencontro entre Tetro e Bennie, quando este aporta em Buenos Aires com o cruzeiro no qual trabalha como garçom. Assim, ficamos sabendo que Bennie está quase retraçando a trajetória do irmão, também tendo abandonado a casa do pai para viver longe das amarras familiares e de um ambiente marcado, especialmente, pela rivalidade e pelas relações maculadas. Na realidade, como nos é revelado um pouco mais tarde, a grande jornada de “Tetro” é a busca de Bennie pela sua verdadeira identidade, por aquilo que ele é de verdade – e isso depende exclusivamente dos detalhes sobre a sua vida que sempre lhe foram negados e que somente Tetro lhe é capaz de revelar.

A grande riqueza da história de “Tetro” acaba sendo justamente o cerne principal do filme, que é utilizar estes personagens para retratar uma história de acerto de contas com o passado, de ter a coragem para encarar o que ficou pra trás, de forma a poder encontrar seu futuro. Neste sentido, é importante prestar atenção à maneira como Coppola e seu diretor de fotografia Mihai Malamaire Jr. estruturaram este aspecto do longa. No filme, o presente é sombrio como a fotografia em preto e branco, enquanto o passado é colorido, porque é a parte mais definida dessa história.

Um filme inteiramente rodado nas ruas de Buenos Aires, “Tetro” é uma obra que tem um quê de melodrama e de melancolia. Todos esses sentimentos nos são revelados através de nuances da história, da excelente atuação de Vincent Gallo (que compensa a fraqueza do ator que interpreta Bennie) e das cenas que utilizam partes de ópera e de dança. O curioso é que a obra tem momentos muito descontraídos e que tiram muito do peso da storyline central. A cena final, com uma frase que é muito emblemática no sentido de conclusão desta jornada, pois revela a aceitação do que Tetro e Bennie são de verdade, é um dos belos momentos cinematográficos vistos em 2011, até agora.

Cotação: 8,0

Tetro (Tetro, 2009)
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Francis Ford Coppola (com base no livro de Mauricio Kartun)
Elenco: Vincent Gallo, Alden Ehrenreich, Maribel Verdú, Rodrigo de la Serna, Erica Rivas, Klaus Maria Brandauer, Carmen Maura



Jornalista e Publicitária


Comentários


Coppola=Gênio. O pai, claro. Bjs!

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Otavio, sim! 🙂 Não faça como a pessoa atrás de mim, após a sessão de “Tetro”: a filha é mais talentosa que o pai! Quanto sacrilégio, né??? rsrsrrss Beijos!

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Ka, gosto muito, MUITO MESMO, deste filme. Me comovi bastante com os personagens, e acho o filme pura arte e bem dirigido também. Gallo tem momentos inspirados aqui. O filme passou totalmente despercebido no Oscar, até hoje nem entendo.

Ótimo texto teu, como sempre.

Beijo

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Cristiano, eu também gostei bastante de “Tetro”. O filme tem essa cara artística mesmo. O Gallo tá excelente mesmo e a obra bem que poderia ter sido lembrada no Oscar. Obrigada!! Beijo!

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Também gostei muito do filme, a história, as interpretações, a estética, o preto e branco com as cores no passado. Realmente é “um dos belos momentos cinematográficos vistos em 2011”.

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Nem é o Coppolão que a gente sabe que já foi, e acho que nunca mais o será, mas é muito bom. Filme extremamente cult, não se preocupa nem um pouco de soar o contrário e por isso não vai agradar muita gente. Achei muito bom, muito bonito, um momento belíssimo para o cinema recente, como você disse e a amanda repetiu, e tem lá seu charme que envolve.

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Um dos melhores filmes que vi em 2010. Pura arte!

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Alexsandro, mas o Coppolão em sua não melhor forma, ainda é melhor do que muita coisa que a gente vê por aí… Exatamente. A obra é totalmente cult e não é para todos.

Raspante, assista! 🙂

Leo, também achei isso!

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Kamila eu sou tão,mas tão fã do Coppola que vou seguir a linha do Otávio Almeida e vou descreve-lo em uma palavra:MAGISTRAL! e olha,a menina que falou atrás de vc no cinema q a filha é mais talentosa q o pai com certeza falou besteira(perdoa ela,ela não viu O Poderoso Chefão 1 e 2 e Apocalipse Now).Mas que a “Coppolinha” é talentosa,há ela é(tomara que vc goste de Um Lugar Qualquer,pq eu adorei o novo filme dela).O que eu diria para o Coppola?Obrigado por tudo “Padrinho”.Beijos e fico feliz da nossa geração reconhecer um veterano que já esta na história como um dos maiores diretores de todos os tempos,junto com Scorsese,Kubrick e Spielberg.Beijos.

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Bom filme, mas para o padrão Copolla está fraco.

http://filme-do-dia.blogspot.com/

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Paulo, ela falou muita besteira, quase que eu me virava para respondê-la, mas é melhor deixar quieto. E não acho a Coppolinha talentosa, não! Ela é muito superestimada…. Beijos!

Kahlil, mas mesmo quando está fraco para o Padrão Coppola, ainda é melhor do que MUITA coisa vista por aí…

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Vivo quase perto de onde o filme foi filmado … EPIC WIN!

Tirando isso, é um filme extremamente seguro, envolvente, com personagens emblemáticos e acima de tudo, um conflito pesado sobre familia. I love tudo eheheeh

Iria comentar alguns detalhes mais a fundo, mas esquece … é muita coisa …

Beijos Milla!

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Boa crítica Ka. Tetro é mesmo um belo filme. Há quem enxergue um diálogo entre esse filme e a produção de Sofia Coppola, mas não vejo dessa maneira. O minimalismo de Sofia contrasta com o tom operístico de tragédia de Coppola pai. E uma ou outra afinidade temática não é o suficiente para pautar uma comparação nesse nível…

bjs

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João Paulo, eu também adoro esse filme! Depois comenta esses detalhes mais a fundo, por favor! 🙂 Beijos!

Reinaldo, obrigada! Eu também não vejo qualquer diálogo entre essa obra e o que Sofia Coppola faz! Perfeito seu comentário! Beijos!!!

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Tetro, me envolveu desde o primeiro instante e a flata do colorido visual não se fez notar haja vista o deslumbramento de sentimentos
que se fizeram presente, realçando cada detalhe com uma nuance cintilante ainda desconhecida por mim.. Filme envolvente e ‘irritante” como toda obra de arte deve ser, tirando-nos do lugar comum.
Assitam todos os que querem ARTE.

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