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Cena da Semana*

publicado em:12/06/11 11:28 PM por: Kamila Azevedo Cena da Semana

*Atenção aos spoilers.

(A cena final de “Um Caminho Para Dois” [1967] – diretor: Stanley Donen)

Hollywood tem o costume de retratar, em seus filmes, amores idealizados, que sustentam, em boa parte, a fantasia de muitos sobre o amor/parceiro (a) que todos gostariam de ter de verdade. Entretanto, a realidade, na maior parte das vezes, não corresponde à fantasia. Por isso mesmo, agradecemos a existência de filmes como “Um Caminho para Dois”, de Stanley Donen, que, até bem pouco tempo atrás, continuava inédito no Brasil em DVD, mas acaba de ser lançado neste formato pela DVD Versátil.

“Um Caminho Para Dois” retrata o amor em sua forma mais verdadeira. Através de flashbacks que voltam às muitas viagens vividas pelo casal Mark (Albert Finney) e Joanna Wallace (Audrey Hepburn), encontramos o perfeito retrato dos muitos altos e baixos de um relacionamento que se predispõe a ser duradouro: o primeiro encontro, a descoberta da paixão, o início do namoro, a vontade de casamento, a lua-de-mel, a primeira briga, a descoberta da primeira gravidez, as infidelidades, os muitos conflitos, os momentos de infelicidade, a entrega à rotina, entre muitos outros.

Atualmente, o que se vê muito, na maioria dos casais e dos amores, é aquela falta de disposição em fazer mesmo com que o relacionamento funcione. Hoje em dia, a gente vê as pessoas desistindo muito facilmente de tudo. Falta aquele desejo de trabalhar forte nas lacunas de um relacionamento, de forma a fazer com que ele seja duradouro. São poucas as pessoas que conseguem ceder, que conseguem engolir o orgulho e se dedicar a algo. São poucas as pessoas que estão dispostas a trabalhar os conflitos e a tentar de tudo para fazer algo dar certo.

Mark e Joanna, nesse sentido, são um casal fora de moda. Numa química perfeita entre Albert Finney e Audrey Hepburn (um adendo importante: nessa mesma época, a atriz estava vivenciando a última crise que levaria ao término do casamento com Mel Ferrer e, dizem as más línguas, que ela e Finney se envolveram emocionalmente durante as filmagens), assistimos a um casal que, mesmo nos piores momentos, em que aquelas verdades que doem demais são ditas, em que você se sente mais humilhado, brigam e lutam pelo relacionamento deles e pelo sentimento (ou fiapo de sentimento, às vezes) que os une. Eles se recusam a desistir porque eles sabem que sempre terão um ao outro, independente do que aconteça mais na frente. Para fazer uma citação direta ao título do longa, esses são dois personagens que estão ali, juntos, naquela estrada, unidos pelo mesmo propósito. Eles são parceiros, independente de tudo. Eles se compreendem.

E, na data de hoje, não consigo pensar em outra maneira para retratar o que é o amor. “Um Caminho Para Dois” é ele, em sua forma mais alegre e dolorosa. Até porque amar é isso aí: é alternar a alegria com a tristeza. A questão principal é: você está disposto a brigar por ele?



Jornalista e Publicitária


Comentários


Que bom, não sabia que Um caminho para dois tinha saído em DVD, vou procurar. Ótimo texto, bem propício para o dia. É sem dúvidas, amas é alternar entre alegria e tristeza. O negócio é que poucos estão realmente dispostos a brigar por ele, ainda mais hoje em dia, onde tudo é mais descartável, com menos paciência.

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Amanda, o filme saiu no mês passado, em DVD. Comprei logo, como grande fã da Audrey que sou! 🙂 Obrigada! Pois é, hoje em dia, as coisas são tão descartáveis…

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Bela homenagem ao dia dos namorados Ka. Seu texto relamente cativa. Já vi esse filme há muito tempo, creio que no TCM, e não me lembrava dele. Aliás, para ser sincero, não me lembro de ter gostado tanto do filme assim. Preciso revê-lo.
bjs

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Bruno, esse filme é maravilhoso!

Reinaldo, obrigada!! Tente revê-lo, sim! Achei a obra maravilhosa! Beijos!

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Oi Kamila, não sei se concorda , mas uma atriz que poderia personificar alguns papéis interpretados por Audrey Hepburn hoje seria na minha opinião Marion Cotillard, principalmente o de Bonequinha de Luxo. Marion tem carisma, beleza e a delicadeza que algumas mulheres interpretadas por Hepburn pdem.

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Otavio, não se faz mais mesmo! Beijos!

Flávio, eu penso na Cotillard e na Natalie Portman. Acho que elas possuem as qualidades que a Audrey sempre incorporou.

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