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Deixe-me Entrar

publicado em:14/06/11 12:43 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Baseado no suspense sueco “Deixe Ela Entrar”, do diretor Tomas Alfredson, o remake “Deixe-Me Entrar”, que foi escrito e dirigido por Matt Reeves, é um thriller psicológico de primeira linha, com personagens muito bem construídos e que dariam um bom estudo de personalidade, não só por causa da presença constante da violência entre eles, como também por causa da internalização de seus sentimentos – o que explica, talvez, a existência do primeiro fator que apontamos. Entretanto, o que chama mais a atenção nesta trama é o fato de que a ação é toda movida por crianças, que estão entrando na fase da adolescência – e isso transforma a experiência de assistir a esta obra em algo perturbador.

Analisemos, num primeiro momento, Owen (Kodi Smit-McPhee). Filho único; tímido; pais prestes a se divorciar; uma mãe preocupada com ele, mas imersa em sua dor pelo fim do próprio casamento; bullying na escola; solidão extrema; sem amigos próximos; não sabe nadar e fantasias constantes com a coragem de reagir a toda coerção que sofre no ambiente escolar. Analisemos agora Abby (Chloe Grace Moretz), aquela que se tornará a grande amiga dele em “Deixe Ela Entrar”: filha única; tímida; mãe ausente (ou inexistente); criada pelo pai; solidão extrema; sem amigos e dada a arroubos de violência (os quais serão explicados na medida em que se é revelado o que ela verdadeiramente é).

Os dois são muito parecidos, não? Parecia um encontro destinado a acontecer. Parecia que estes dois caminhos precisavam se cruzar. O título “Deixe-Me Entrar” funciona muito bem para representar aquilo que este filme verdadeiramente é. Owen possui características que são necessárias para atenuar o lado mais sombrio de Abby; enquanto esta possui o lado dark que Owen precisa ter para se firmar num ambiente que lhe é totalmente inóspito (o escolar). Ou seja, os dois precisavam deixar um ao outro entrar em suas respectivas vidas e efetuar todo o processo de influência e de construção de um relacionamento que é a característica mais marcante desta obra.

O curioso é que, apesar de ser uma história, aparentemente, sem conclusão, sem um desfecho que seja definitivo, “Deixe-Me Entrar” não se exime de abordar as consequências que este encontro terá para a vida de Abby e Owen, uma vez que ambos necessitam de uma espécie de guardião para eles mesmos e a grande questão deste longa é tentar entender se Abby quer ser a protetora de Owen e se ele quer exercer também este papel para ela. E isso é muito para se exigir de duas crianças, a verdade é essa.

Como já comentamos, no início de nossa resenha crítica, “Deixe-Me Entrar” é um thriller psicológico de primeira linha. Conduzido no ritmo certo pelo diretor e roteirista Matt Reeves (que foi um dos criadores do seriado “Felicity”), a obra se apoia em clássicos elementos deste gênero, como a ótima trilha sonora de Michael Giacchino (que ajuda a criar os climas de tensão nos momentos certos) e a fotografia consistente de Greig Fraser. Mas, os verdadeiros donos desse filme são os dois atores mirins Kodi Smit-McPhee e Chloe Grace Moretz, cuja profundidade das atuações chega a impressionar.

Cotação: 8,5

Deixe-Me Entrar (Let Me In, 2010)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves (com base no roteiro e no livro escritos por John Ajvide Lindqvist)
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Chloe Grace Moretz, Richard Jenkins, Elias Koteas



Jornalista e Publicitária


Comentários


Gosto bastante do original, mas nao simpatizo nem um pouco com essa mania americana de remakes, apenas por nao tolerarem legendas? Por isso estou com Haneke quando dirigiu a própria refilmagem de “Funny Games” quadro a quadro.

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Pois é, Kamila, gostei desse filme, mas porque ele é quase uma cópia do original sueco, consegue repetir até alguns enquadramentos. No fim, acho uma obra desnecessária, já tinha sido resolvida e nem era um filme antigo de pouco acesso. Podiam gastar dinheiro com obras novas. Agora, os dois atores dão show. Fiquei fã de Chloe Moretz desde Kick-Ass e aqui ela só confirmou o talento.

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Herculano, eu não assisti ao original, mas fiquei bem curiosa para assistir, especialmente após ter gostado do remake.

Amanda, eu também gostei do filme e ele me deixou com vontade de assistir ao original sueco. Os dois atores infantis, realmente, são um destaque tremendo!

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Fiz o caminho inverso: assisti a esse primeiramente, me apaixonei pela trama, “acreditei” que o filme era “original”, acreditei na trama que prende e até emociona pela boa atuação do par mirim central. De fato, Chloe tem se mostrado uma ótima atriz! e Kodi, assim como o fez no ótimo “A Estrada”, é um ator cuidadoso, até com o olhar.

Daí, quando vi o tal original, até gostei, mas preferi esse mesmo. Sinceramente. E sei que só eu penso assim, rs.

Ótimo texto, Ka!

Beijão

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Cristiano, eu também fiz o caminho inverso. Assisti a este primeiro para poder ver o original (ainda tenho que fazer isso, na verdade). Eu também acreditei muito na trama que prende e me envolvi com as duas atuações centrais. Obrigada! Beijão!

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Gostei demais dessa versão. Para mim, ela superou a original. A garota (Chloe Grace Moretz) é uma das melhores atrizes dessa nova geração.

Bjs.

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Excelente análise Ka. É um filme reverente ao original (que vc já disse não ter assistido), mas que consegue exprimir força própria. Em muito pelo ótimo par central.
Bjs

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Sem dúvida é um grande filme! Mas a sensação de deja vu faz com que esse seja totalmente desnecessário pra mim. Não vejo problemas em agregar elementos novos, adaptar uma realidade. A grande questão é que o filme é sutilmente diferente só, mas as vezes traz cenas exatamente iguais. Pode ser até melhor que o original, por uma questão de gosto e abordagem mais americanizada, já que o “Ela” é mais ainda away da indústria. No entanto, pra mim, é como pegar um filme que já era bom e refilmá-lo com a intenção de aprimorá-lo. Pra mim, é como se refilmassem “O Curioso Caso de Benjamim Button”, por exemplo, dando aquele último ajuste, mas mantendo 90% do original.

Não quero criticar o filme, apenas essa mania chata de Hollywood.

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João Linno, não posso comparar os dois filmes, porque falta eu assistir ao original, mas concordo que a Chloe é uma grande atriz. Beijos!

Reinaldo, obrigada! 🙂 O par central que faz esse filme ser sensacional, na minha opinião, tirando o roteiro. Beijos!

Victor, não posso nem falar muito sobre seu comentário porque ainda não assisti ao filme original.

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Prefiro o original. Mas esse é bom. O sueco torna os conflitos sexuais mais complexos, com a androginia da vampira. Chloe Moretz é ótima atriz, mas jamais será confundida com um menino. Ela é linda. Ah, e o final na piscina é muito mais bem filmado e impactante na versão original.

Bjs!

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Pra mim não há aquele do original é melhor, ambos são tão iguais que não consegui preferir algum. Por mais que tenha gostado mais do menininho do original, gostei mais da Chloe Moretz aqui. O que realmente importou foi a história – um belíssimo conto de amor e confiança baseado no terror de vampiros de verdade.

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Otavio, poxa, teu comentário tem um grande spoiler! 🙂 Mas, tudo bem! Vou conferir o filme original! 🙂 Beijos!

Kahlil, fica difícil eu comparar os dois filmes já que ainda tenho que conferir o original!

Gabriel, concordo com a parte final do seu comentário!

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eu vi as duas versões, e achei que o original deu uma maior profundidade na relação entre os dois, diferente do americano que “pulou” essa parte, mas que soube criar um clima tenso a obra.
mas o que adorei nesse filme, foi que me lembrou do livro Drácula de Bram Stoker e pareceu ser uma releitura da amizade entre o conde e o seu fiel ajudante Reinfield.

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Otavio, ok! Beijos!

Renan, eu fiquei com vontade de assistir ao original, justamente depois de assistir à cópia!

Fabrício, interpretação interessante e, como eu já disse várias vezes aqui, eu fiquei foi é com vontade de conferir o longa original depois de ver esse.

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Vi esse filme em DVD antes de ontem e gostei muito.Não consegui ver o original sueco,mas tem um video no youtube com o final do original que é identico ao americano.Um filme de terror que em alguns momentos é um “terror romantico” rss…não estou falando de filmes “romanticos melados” como a saga crepusculo.Owen esta preso a si mesmo.A ausencia do pai que ele senti muito,ao bullyng que ele sofre na escola(e depois tem o revide na cena da orelha cortada) e no isolamento do mundo.Abby também esta presa,pelo simples fato de ser uma vampira.E ao unir essas duas história temos um filme de terror original.A poucas semanas comentamos os clichês do genero terror e Deixe-me Entrar é o oposto disso.Você ressaltou bem a trilha de Michael Giacchino(em alguns momentos lembra dos filmes de Kubrick,será que só eu tive essa imprenssão?).Vi Deixe-me entrar com a minha irmã e sua xará ficou com os olhos cheio de lagrimas.Um filme de terror que flerta com amor,até rimou né rss,Beijo.

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Acho que se a gente pensar nela como uma vampira que precisa de um guardião, já que seu protetor já está ficando velho, e sem tratá-la como uma criança indefesa, o filme ganha bastante em complexidade, além de que, por mais que aparente inocência, ela precisa matar pessoas para sobreviver. Nesse caminho de procurar um substituto para seu velho protetor, ela precisa extrair o lado mau do garotinho e atraí-lo para uma nova vida.

Apesar de gostar muitíssimo do filme sueco, um primor de sutileza que esse remake não alcança com tanta força, eu chego a gostar desse filme. Ele não trai o roteiro original, só falta mais força nas imagens e sentidos mais apurados que o Alfredson tanto sabia dar a seu filme.

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adorei a nova versão apesar de eu não ter assistido o original eu gostei muito desse filme e acho a choe uma gata!

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Paulo, pois é! Esse filme tem essa estranheza de flertar com o amor, no meio de tanto terror. E isso é curioso demais. Beijos!

Rafael, mas, a gente deve pensar dessa forma mesmo! Porque o Owen se tornará o protetor da Abby, de uma certa forma. Eu preciso assistir ao original!

Cristian, legal!

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o problema desse filme foi apenas a necessidade norte-americana de tratar o público com certos cuidados e revelando informações que passam despercebidas no filme original (que parece que você ainda não viu, então não irei comentar) e deixando tudo explicito para os olhos do público.

APESAR disso… esse filme ainda é um dos meus favoritos na temporada 2010/2011 e pretendo comprar o blu-ray assim que for lançado.

e espero que publique logo as suas previsões do próximo Oscar. o/

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Tulio, eu não assisti ao filme original, então não posso criticar a forma como o roteiro da refilmagem foi tratado. Eu só posso dizer que adorei esse filme! E as previsões do próximo Oscar saem hoje!

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Eu assisti aos dois mas na minha opinião o remake americano deu de 10 a 0! Na história, e no elenco com certeza! Kody Smith Mcphee é um ótimo ator, e a Chloë então nem se fala! A garota deu um show nesse filme, como em todos que ela já fez como Kick-ass (Hit-Girl), 500 Dias com Ela, Horror em Amityville (Chelsea), O olho do mal, Em busca de um assassino (Anne), Dark Shadows, Hugo Cabret (Isabelle), Hick, etc etc etc! Ela é ótima! A melhor atriz da faixa etária dela na minha opinião!Essa garota é show!!!By:Super Fan!!!;)

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Maiara, eu não conheço o filme original, mas gostei muito desse remake norte-americano. Concordo também em relação aos dois atores jovens deste longa.

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