Cena da Semana
(Émile Zola [1937] – diretor: William Dieterle)
Ao contrário do que o título original (“The Life of Émile Zola”) quer nos fazer crer, o filme dirigido por William Dieterle não é uma cinebiografia sobre o renomado escritor francês. O roteiro escrito por Norman Reilly Raine, Heinz Herald e Geza Herczeg destaca um momento especial da trajetória de Émile Zola: o envolvimento dele no caso Dreyfus (o oficial judeu Alfred Dreyfus foi julgado e considerado culpado – injustamente – de traição ao Exército francês), quando Zola escreveu diversos artigos em jornais e revistas levantando fatos que seriam fundamentais para que Dreyfus conseguisse a revisão do processo e provasse a sua inocência.
O acontecimento também levou o próprio Émile Zola aos tribunais, uma vez que, após a publicação do artigo “J’accuse”, o escritor foi processado por difamação e condenado a um ano de prisão. O filme “Émile Zola” ainda destaca um outro fato particular da vida do famoso escritor, conhecido por retratar o caráter do povo francês em suas obras: as circunstâncias misteriosas de sua morte, em decorrência da inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono – já que muita gente acredita que Zola foi, na realidade, assassinado por inimigos políticos, muito em parte em decorrência da sua participação no desenrolar final do caso Dreyfus.
Vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1938, “Émile Zola” peca justamente por não ir muito a fundo nessas questões principais do roteiro. Na parte que retrata a ascensão do escritor francês, por exemplo, tudo é mostrado de uma forma tão rápida que não dá nem para a gente entender mesmo como foi a transformação de Zola de mero homem comum em um dos escritores mais renomados da literatura de seu país. Os problemas continuam na fase do relato do caso Dreyfus. Acredito que, ao contrário do alerta colocado no início dos créditos, os roteiristas deveriam ter se mantido fiel à realidade dos fatos, ao invés de terem modificado-os visando propósitos dramáticos.
É, hoje você foi longe, não conheço esse, mas fiquei curiosa.
Gostaria muito que você fizesse review sobre Dodsworth (1935), que dizem ser um filme maravilhoso e Infâmia (1936), ambos de William Wyler.
As críticas referentes a Dodsworh são as melhores possíveis – escancara algumas hipocrisias da elite, dizem.
Amanda, assista, se puder, é legal!
Pedro, obrigada pelas dicas, foram anotadas. Já assisti “Infâmia” do Wyler e é um GRANDE filme!!!!
Eu sei, li sua resenha (excelente por sinal). Mas falo do Infâmia de 1936, em que o plot é um caso extra-conjugal e não o homossexualismo (não permitia falar esse tema na época). Queria saber se a primeira versão do filme presta.
Sobre Dodsworth, é impressionante como 9 a cada 10 pessoas citam esse filme como um dos melhores dos anos 30 e de todos os tempos. Estou ansiosíssimo para assistir, mas estou esperando seu aval (voce é ótima crítica, por isso, confio na sua opinião).
Pedro, ahhhhh, então procurarei. Os dois filmes!!! Obrigada pela confiança! 🙂