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Planeta dos Macacos: A Origem

publicado em:6/10/11 1:34 AM por: Kamila Azevedo Cinema

O nome do filme é “Planeta dos Macacos: A Origem”, o que quer fazer com que você subentenda que estamos diante de uma prequel dos acontecimentos retratados nos longas da série “Planeta dos Macacos”, quando, na verdade, a trama dessa obra difere muito da narrativa central dessa franquia cinematográfica, que fala a respeito de macacos que escravizam seres humanos. Na realidade, não dá nem para ver, em “Planeta dos Macacos: A Origem”, qualquer indicativo de que isso irá acontecer, num futuro próximo.

O roteiro de “Planeta dos Macacos: A Origem”, filme dirigido por Rupert Wyatt, faz uma discussão muito interessante a respeito das similaridades entre o homem e o macaco – fato este que é até muito natural, tendo em vista que a espécie humana foi originada deste tipo de animal. O longa coloca os símios como seres suscetíveis a reagir de acordo com instintos humanos. Na obra, esses animais são as cobaias do estudo do Dr. Will Rodman (James Franco), o qual está interessado em encontrar a cura para o Mal de Alzheimer – a motivação dele, para isso, é pessoal, uma vez que seu pai (John Lithgow) é portador desta doença.

O estudo de Will é levemente desvirtuado a partir do instante em que ele acaba levando uma de suas cobaias para morar em sua casa. Ceasar (Andy Serkis) nasceu em um laboratório, foi criado num ambiente diferente de seu habitat natural e, por isso mesmo, acaba desenvolvendo hábitos de um ser humano – aprendendo diferentes línguas e desenvolvendo certas habilidades que outros animais da sua espécie não possuem ou, pelo menos, não têm a chance de descobrir –, se transformando, quase, num membro da própria família de Will.

No entanto, um animal nunca pode ficar muito distante do seu habitat natural e o grande ponto de virada da trama de “Planeta dos Macacos: A Origem” acaba aparecendo quando Ceasar se vê obrigado a lidar com seus instintos de defesa animais e a sua própria agressividade. Ao entrar em contato com outros de sua mesma espécie, o conflito que se desenha é o de levante dos macacos que são, constantemente, abusados pelo homem (seja como cobaias de laboratório, seja como moradores de um abrigo para membros dessa espécie). O lado mais interessante, nisso tudo, é a forma como os macacos se comportam: a reação deles é sem violência, mas de forma totalmente organizada e coordenada. Eles só violentam se provocados, por puro instinto de defesa.

Dentro desse contexto, é importante prestar atenção na performance do ator Andy Serkis, que dá vida à Ceasar por meio da técnica de captura de performance (ele já havia trabalhado com esse mesmo recurso na criação de Gollum, para a trilogia “O Senhor dos Anéis”, de Peter Jackson). Sem poder se expressar muito verbalmente, utilizando somente a linguagem corporal e as expressões faciais, Serkis faz um trabalho de composição de personagem que beira a perfeição. É incrível poder testemunhá-lo transformando Ceasar numa extensão de ser humano, ao mesmo tempo em que ele tenta encontrar a sua identidade animal sem perder a sua verdadeira essência. Num mundo perfeito, esse é o tipo de trabalho que o Oscar reconhece – isso se o “preconceito” com a atuação apoiada pela tecnologia fosse superado pela AMPAS.

No desenvolvimento de seu conflito central, a trama de “Planeta dos Macacos: A Origem” acaba se aproximando – e muito – do que vemos ser retratado no subestimado “A.I. – Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg. Os dois personagens centrais desses filmes (Ceasar e David) são seres que vivem longe de seus ambientes, inseridos em uma outra cultura e que querem ser aceitos, mas não podem fugir daquilo que realmente são. E é justamente esse entendimento um dos pontos mais legais de um filme que possui um enfoque na discussão moral, mas possui a falha de não abordar algumas subtramas, como a que fala sobre os efeitos do vírus criado por Will nos seres humanos que são expostos a ele. Talvez, os produtores apostam nas continuações para expandir essa discussão. Então, que elas venham, porque “Planeta dos Macacos: A Origem” ainda dá muito pano pra manga.

Cotação: 8,0

Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes, 2011)
Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Rick Jaffa e Amanda Silver (com base no livro de Pierre Boulle)
Elenco: James Franco, Freida Pinto, John Lithgow, Brian Cox, Tom Felton, David Oyelowo, Andy Serkis



Jornalista e Publicitária


Comentários


Li sobre algumas falhas de roteiro, que concordo, mas mesmo assim não deixaria de dar a mesma nota que você, pois gostei MUITO!

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É um filme bem realizado mesmo, com links interessantes com as obras classicas. Os atores até estão bem, mas o macaco digital rouba a cena. Sera q rola uma contibuação? Bem feita seria bem vinda. Abração!

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Mandy, mesmo com as falhas de roteiro, eu também gostei MUITO do filme.

Celo, o macaco digital rouba a cena por completo. E acho que tem tudo pra rolar uma continuação. Abraço!

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Gostei muito desse filme.Os melhores efeitos especiais do ano,favoritissimo a ganhar o Oscar nessa categoria.Bjs.

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Interessante sua comparação com AI. Gosto muito do resultado de A Origem, recriou a saga sem deixar de respeitar a original. E Andy Serkis rouba mesmo a cena.

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Gostei do filme, apesar se não ter visto a versão clássica de “Planeta dos Macacos” e nem os remakes (falha grave) rsrs

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Já me enrolei muito. Coisas corridas e pouco tempo infelizmente. Mas vejo ainda essa semana. Queria ter revisto os filmes anteriores, mas sei que isso só vai fazer com que eu crie muitas comparações, e crie outras percepções sobre a obra. Melhor ver, criar um conceito e depois rever as antigas. Mas sou do time que não odiou por completo o filme de Tim Burton. E já ansioso pela atuação de Andy Serkis.

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Em linhas gerais, concordo com vc Ka. Contudo, não acho que a atuação de Serkis seja minimamente merecedora de uma indicação ao Oscar. E não há demérito nenhum aí. Ele está ótimo, mas conforme já salientei em meu blog, ele não é o único responsável por essa “composição”. Além do mais, esse aspecto da “imitação” resgataria outra polêmica suscitada em anos como o que Jamie Foxx ganhou por Ray. Aquilo é uma atuação ou uma imitação? Enfim, pano para a manga…
bjs

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Cleber, não deixe de assistir.

Victor, perfeito comentário! Acho que você vai gostar do filme.

Reinaldo, obrigada! Você tem certa razão em seu raciocínio, até porque Andy Serkis contou com vários recursos auxiliando a atuação dele. Eu acho a atuação do Jamie Foxx, em “Ray”, pura imitação. Naquele ano, meu vencedor teria sido Leonardo di Caprio. Beijos!

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Gostei bastante deste. Realmente não tem muita coisa a ver com o filme original, mas este é bem divertido. E como vc disse sobre a construção de Cesar por meio do ator é muito boa. Ele chegava a assuttar as vezes com cara de ser humano com raiva. A sequencia da fuga já é uma das melhores do ano.

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Oi Ká, gostei muito desse filme, realmente adorei esse filme, por isso vim ler a sua critica!
Tem duas cenas nesse filme que me intrigaram.
Você reparou que enquanto o personagem de Tom Felton reclama com o irmão, sobre o desaparecimento de seus Biscoitos Coockies, na TV está passando a seguinte manchete: “Icarus – Entering Mars Atmosphere”.
A outra cena é logo depois que a rebelião acontece, e os macacos passam por arvores, fazendo centenas de folhas caírem, o jornal que está sendo entregue aquele dia tem a seguinte manchete: “Lost In Space?”.
O que você acha dessas cenas? (to viajando? rs)
E também o gordinho que foi infectado pelo “ALZ-113” e começou a ter sintomas estranhos e devido a isso faleceu.
E antes de morrer, passou o vírus para o comissario de bordo, e depois dos créditos finais vemos que quando ele viaja para outra cidade, a mensagem é clara de que aquele vírus vai se espalhar…
Isso tudo indica que vai rolar continuação né?
Será que Marte vai ser o “planeta dos macacos?”, ou de lá vai vim alguma coisa pra Terra?
Planeta dos Macacos seria aqui na Terra, porque o “ALZ-113” deixa macacos inteligentes mas nos humanos provoca a morte?
Queria a sua opinião 😀
(mesmo já fazendo tanto tempo que esse filme estreou rs)
Beijos Rafa.

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Rafael, eu também gostei muito desse filme. Não acho que você esteja viajando, mas, quando eu assisti a este longa, juro que não reparei nestas cenas e acho que elas são apenas uma coincidência, até porque, na trama de “Planeta dos Macacos: A Origem”, não temos esse tipod e referência. Sim, essas cenas que você citou, relacionadas ao vírus, são a indicação primordial de que teremos continuação e que ela, provavelmente, abordará essa epidemia do vírus… Beijos!

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