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Missão Madrinha de Casamento

publicado em:24/10/11 10:59 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Desde que começaram a surgir as primeiras informações sobre a comédia “Missão Madrinha de Casamento”, filme dirigido por Paul Feig, logo começaram a vender a obra como a versão feminina de “Se Beber, Não Case!”, de Todd Phillips. Quem for assistir ao longa com isso na cabeça, sairá da sala de cinema com a sensação de que foi vítima de uma propaganda enganosa, uma vez que os dois filmes não têm nada a ver. As razões principais para isso não passam nem pela falta de cenas de comédia escatológica em “Missão Madrinha de Casamento”, mas porque a natureza da amizade feminina é completamente diferente da masculina.

Vejamos: a partir do instante em que recebe a notícia de que sua amiga de infância Lillian (Maya Rudolph) está noiva e a escolheu como madrinha, Annie (Kristen Wiig), não sabe bem o que fazer. Claro que ela está feliz pela amiga, mas ela não tem muita noção do que Lillian espera que ela faça, uma vez que, nos Estados Unidos, diferente do que ocorre no Brasil, a madrinha tem uma função bem participativa nos preparatórios da festa de casamento, organizando desde a compra/aluguel do vestido de noiva, passando pelo chá de panela/despedida de solteira, chegando até mesmo a detalhes cruciais para o sucesso do grande dia da noiva.

Todo esse processo será o estopim para uma grande crise pessoal que Annie irá enfrentar no decorrer de “Missão Madrinha de Casamento”. Na realidade, a vida dela já estava num ponto muito baixo, afinal a loja de bolos dela foi à falência, ela tem um emprego que ela odeia numa joalheria que ela conseguiu graças aos contatos de sua mãe (Jill Clayburgh, no seu último papel no cinema), ela está presa a um relacionamento com um homem (Jon Hamm) que só faz usá-la quando ele bem entende, ela aluga um quarto numa casa com dois irmãos completamente idiotas e, principalmente, ela se fecha para toda e qualquer oportunidade de mudar tudo isso – aqui, podemos entender o por quê do tema de Annie ser “Hold On”, música do grupo Wilson Phillips, já que a letra dessa música é mesmo a cara da personagem.

O fato de ela vivenciar essa crise naquele que é um dos momentos de maior felicidade para uma grande amiga dela faz com que Annie pareça um tanto egoísta. E, na verdade, é isso que ela o é. Mas, por incrível que pareça, essa é uma das maiores características da natureza da relação entre amigas. Esse mesmo conflito já foi explorado, de forma superficial, claro, no episódio “The One With Monica’s Thunder”, da sétima temporada de “Friends”, que mostra a forma infantil e ciumenta que Rachel reage à notícia de que Monica e Chandler estão noivos. A mesma coisa está representada aqui, neste filme, pelo ciúme que Annie tem de Helen (Rose Byrne), que é a segunda melhor amiga de Lillian e pessoa que possui uma vida que, na cabeça dela, é perfeita; e na forma como Annie acaba “sabotando” todas as etapas de planejamento e de eventos que levam ao casamento de sua melhor amiga.

Neste sentido, voltamos às diferenças entre “Missão Madrinha de Casamento” e “Se Beber, Não Case!”. No filme de Paul Feig (um profissional experiente da televisão norte-americana, com trabalhos em seriados como “The Office”, “Nurse Jackie”, “Parks and Recreation” e “Weeds”), não temos viagens inconseqüentes e atos de irresponsabilidade, pois as mulheres não possuem esse quê de “camaradagem” uma com a outra. As mulheres são confidentes uma da outra, mas, ao mesmo tempo em que estão ali pro que der e vier para suas amigas, não existe amizade verdadeira entre seres do sexo feminino sem uma pitada de inveja e de rivalidade. E retratar isso de forma perfeita é um dos pontos mais positivos do roteiro escrito por Annie Mumolo e Kristen Wiig.

Cotação: 6,5

Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011)
Direção: Paul Feig
Roteiro: Annie Mumolo e Kristen Wiig
Elenco: Kristen Wiig, Maya Rudolph, Rose Byrne, Terry Crews, Jessica St. Clair, Jill Clayburgh, Jon Hamm, Melissa McCarthy, Chris O’Dowd



Jornalista e Publicitária


Comentários


achei interessante esse seu ponto de vista feminino, na minha visão masculina não tinha captado essas nuances e vc tem razão esse filme não tem nd haver com SE BEBER NÃO CASE, não é nenhuma maravilha mesmo, mas ate q tem umas tiradas boas.

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Pois é, o que mais gostei do filme foi essa capacidade de traduzir bem o universo feminino, sua forma de amizade e disputas. Achei o filme bem divertido.

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Celo, as tiradas desse filme, particularmente, são ótimas.

Amanda, exatamente. Eu também achei bem divertido.

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então, que bom saber que não é a mesma coisa que se beber, não case!
gosto do filme, mas não acho uma das melhores comédias de todos os tempos, sabe?

interessante o filme, veio arrebatando fãs desde o lançamento. estou pensando em ver.

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Taí um aparte minucioso da percepção dominante em relação ao filme. De qualquer jeito, permanece a menção positiva.
bjs

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Raspante, não tem nada a ver com “Se Beber, Não Case”. Assista, sim.

João Linno, é um filme bem divertido, sem apelar pra baixarias, o que é melhor. Beijos!

Reinaldo, obrigada! Beijos!

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Pela sua critica eu não comparo mais com “Se Beber,Não Case”.Você foi perfeita no comentário.E concordo em relação a amizade feminina que as vezes tem um pouco de inveja rss,o diretor que melhor retrata a amizade masculina é Judd Apatow(o famoso BROMANCE).Apesar de gostar do primeiro “Se Beber,Não Case” eu acho que Todd Philips apela para baixaria:a amizade masculina nos filmes dele é a base de drogas,sexo,alcool e muita inconsequencia.Vou ver “Missão Madrinha de Casamento”.Tenho muita simpatia por Maya Rudolph(ou senhora Paul Thomas Anderson).Beijos.

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É impressão minha ou os homens tem gostado mais do filme que as mulheres? rsrs. acho que é parecido sim com SBNC. não é uma igual, claro, mas é beeeeem parecido. Só nao percebe quem não quer. E a respeito do filme é uma comédia por vezes bem escatológica, mas que as vezes tudo funcionava. Tem cenas e sacadas muitoo, muitoo boas ali. De fazer rolar de rir. E esse seu último parágrafo tá ótimo. Eu tbm não tinha captado.

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Pelo texto, jurava de pé junto que teria uma nota melhorou …
Mas continuo a dizer que esse é um dos melhores exemplos de comédia romantica esse ano. Era isso que faltava ao gênero … uma abordagem coerente, real e concreta e não aquela irreal e longe de uma realidade como se vê em Sex In The City … e como disse o companheiro em cima … isso é verdade … os homens gostaram muito mais de Bridesmaids por que se viu que não existem maquiagem … Que no fundo no fundo, as mulheres também tem os mesmos problemas que nós e ao mesmo tempo as mesmas qualidades … Temos medos … temos inseguranças … valorizamos nossas amizades e sabemos que os constrangimentos que passamos (todos nós) ao final de tudo … pode nos criar momentos de risos incontroláveis.

Beijos Milla!

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Paulo, o que eu mais gostei neste filme é que ele não apelou pras baixarias. O filme tem piadas honestamente engraçadas.

Andinhu, acho que, pelo que eu percebi, tanto as mulheres quanto os homens gostam do filme igualmente! 🙂

João, pois é…. Essa questão de nota é tão subjetiva. Acho que só eu mesma que entendo meus critérios. rsrsrsrs Não considero esse filme uma comédia romântica. Acho que ele é uma comédia propriamente dita. Adorei seu comentário! Beijos!

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Parabéns pela crítica Kamila. Realmente não gosto de comédias de baixaria e afins, curto mais produções como essa , que arrancam o humor pelo excelente timing pra comédia de seu elenco.

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Posso confessar que sempre adorei Rose Byrne? Sim, não acho que em Damages ela fica muito por baixo de Paty Hewes, mas..tudo bem. E é ela que me motiva a assistir esse filme que vem recebendo boas críticas e as ressalvas que você também percebeu.

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Luís, eu gosto da Rose Byrne também! rsrsrsrsrs Ela está ótima aqui. Tem um excelente timing cômico!

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[…] passava aos alunos cenas de filmes (como “Blade Runner – O Caçador de Androides”, “Missão Madrinha de Casamento” e “Alien – O Oitavo Passageiro”) que ilustram muito bem as definições que nos foram […]

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Ora comédia, ora comédia romântica, ora comédia dramática, ora um completo drama. Não há uma definição exata para “Missão Madrinha de Casamento”, a verdade é que mesmo trabalhando com inúmeras vertentes do cinema, o longa dirigido por Paul Feig, sabe lidar perfeitamente com todas elas e se sai bem na maior parte do tempo. Kristen Wiig e Melissa McCarthy são as duas jóias do filme, felizmente vimos act Caça-Fantasmas o filme novamente. A história é ótima, e vai crescendo a cada cena, a princípio parece um projeto pequeno sem grandes propósitos, mas ao decorrer da trama, percebemos o quão interessante é este filme, por nos proporcionar momentos de boas reflexões ao mesmo tempo em que nos faz rir, a lá Judd Apattow. De fato não é uma comédia vazia, feita para rirmos e pronto, há boas intenções por trás deste humor escrachado.

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Camila, só posso concordar com esse comentário, apesar de não ter assistido ainda à “Caça-Fantasmas – O Filme”.

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