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Família Vende Tudo

publicado em:31/10/11 11:16 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Se fosse uma crônica, “Família Vende Tudo”, filme escrito e dirigido por Alain Fresnot, seria um daqueles retratos perfeitos de um grupo familiar suburbano, que trabalha duro vendendo produtos contrabandeados do Paraguai na rua e que sofre as consequências de ter uma vida profissional informal. Porém, estamos diante de uma obra cinematográfica, a qual deve ser analisada como tal. Neste sentido, o longa é uma comédia de costumes, que fala a respeito de uma família que não hesita em utilizar aquela que é a sua única filha como ferramenta de rápida ascensão social.

A história de Lindinha (Marisol Ribeiro), é importante mencionar, acontece em qualquer extrato social. Bonita, porém desprovida de certa inteligência, a jovem é completamente apaixonada pelo cantor brega Ivan Carlos (Caco Ciocler). Cansados de tanto trabalharem e não verem sua vida mudar, os pais de Lindinha (Lima Duarte e Vera Holtz) decidem colocar a menina propositalmente no caminho de Ivan Carlos, de forma que a filha deles possa seduzir o cantor, engravidar dele e viver da pensão que seu eventual filho receberá do pai famoso. Ou seja, temos o desenho de uma situação que envolve o velho conhecido golpe da barriga.

Por meio desta situação, o roteiro de “Família Vende Tudo” faz uma discussão a respeito, não só deste tipo de pessoas que se aproveitam dos outros (não que Ivan Carlos seja alguém totalmente inocente, diga-se de passagem…), como também fala sobre os meios de comunicação de massa (por meio da exposição excessiva que Ivan Carlos sofre na mídia e da subtrama que retrata o desejo de sua mulher – interpretada por Luana Piovani – de tornar-se uma cantora fabricada por um produtor destinada ao sucesso). De uma certa maneira, o que o longa nos mostra é que estamos passando por uma perda progressiva de valores, uma vez que o que importa para as personagens que fazem parte deste universo retratado por Alain Fresnot é se dar bem – independente dos meios alcançados para transformar isto em realidade.

“Família Vende Tudo” possui um tom predominantemente cômico, portanto o terreno está pronto para que atores do calibre de Lima Duarte, Vera Holtz e Caco Ciocler (naquele que é o papel mais diferente de sua carreira) possam brilhar. A presença deles atenua a falta de experiência dos jovens Marisol Ribeiro e Robson Nunes. Entretanto, no decorrer da experiência de se assistir ao filme, mesmo tendo a consciência de que ele não tem o propósito de ser levado a sério, fica sempre aquela sensação de que Carlos Reichenbach falou sobre estas mesmas questões, de uma forma muito mais competente, no longa “Falsa Loura”.

Cotação: 4,0

Família Vende Tudo (2011)
Direção: Alain Fresnot
Roteiro: Alain Fresnot
Elenco: Caco Ciocler, Lima Duarte, Ailton Graça, Vera Holtz, Luana Piovani, Marisol Ribeiro, Marisa Orth, Robson Nunes



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Comentários


Não me interessei por esse filmes apesar de ter algumas pessoas que eu gosto no elenco (Lima Duarte, Marisa Orth…)
Acho que fiz bem em não ter visto no cinema.

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Gostei muito do Desnudo do Fresnot, é um diretor bem competente.

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Correção Kamila, o filme se chama Desmundo.

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João Linno, o elenco é a melhor coisa desse filme, disparado.

Cleber, verdade?? Eu não gostei muito desse filme, pra ser bem sincera.

Flávio, esse foi o primeiro filme que eu assisti do Fresnot. Ainda não assisti “Desmundo”.

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Eu ri em algumas partes, mas o filme é uma vergonha alheia total. Parece mais um grande ensaio mal desenvolvido e cheio de arestas desnecessárias. Gostaria de assistir a esse “Falsa Loura” que você mencionou, não conhecia. Se houve esse deja vu, aí é que o “Família…” sai perdendo mesmo.

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Victor, eu também ri em algumas partes do filme, mas, na maior parte do tempo, achei uma obra MUITO irregular. Concordo em relação ao roteiro. Tente assistir “Falsa Loura”, sim, que é um filme mais bem trabalhado que esse.

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É, também fiquei curiosa em relação a “Falsa Loura”, e concordo com o que você falou. O filme é irregular, apela em muitos momentos, apesar do bom elenco. Como disse Victor “vergolha alheia”.

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Vixe, eu assistir esse filme no começo do ano no CinePE e me lembro que não tinha gostado muito. Tudo bem falso ao mesmo tempo que eu visse um potencial narrativo.

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Amanda, vergonha alheia define mesmo algumas situações que a gente vê neste filme! rsrsrsrs

Luís, o filme tem potencial narrativo, mas isso é totalmente desperdiçado.

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Como diria Walter Salles “Um filme brasileiro tem muito a dizer sobre nós,o cinema pode ser o espelho do país que vivemos”.Eu sou um “devorador” de filmes nacionais e vou conferir “Familia Vende Tudo”.Kamila,eu gosto de “Falsa Loura” mas quando o Mauricio Mattar entra na história ela desanda totalmente.Nada contra o ex-namorado de Angélica,só não gostei do personagem dele.Hoje vou ver “Reflexões de um Liquidificador” e tem outro filme nacional que estou doido pra ver:”Trabalhar Cansa”(Isabela Boscov só comparou com “Cheiro do Ralo” e “Estomago”,quer mais?)Beijos e bom feriado.

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Paulo, poxa, não conhecia essa frase do Walter Salles. ADOREI!!! 🙂 Eu também me considero uma devoradora de filmes nacionais. Tento assistir a todo filme produzido por nosso país, ao qual eu tenha acesso. Ainda não assisti “Reflexões de um Liquidificador” e “Trabalhar Cansa”. Beijos e bom feriado!

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Gostei um pouco mais do filme que você rsrs. Achei uma comédia bem leve e funciona muito bem como entretenimento. Caco Ciocler está muito bem, sempre achei seu talento meio subestimado e foi bom vê-lo num papel tão diferente do que costuma fazer. Somando os prós e subtraindo os contras fica um saldo positivo para a comédia.

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Alexsandro, a comédia é, sim, leve e diverte, até certo ponto. Adorei a performance do Caco Ciocler como eu disse no meu texto. Mas, acho o roteiro muito irregular.

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