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Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres

publicado em:12/11/11 12:21 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Você pode até nunca ter ouvido falar de Serge Gainsbourg, músico, cantor e compositor francês. Entretanto, com certeza, você já escutou uma de suas mais famosas criações: a canção “Je T’aime…Moi Non Plus”, que ele gravou com sua então esposa, Jane Birkin, e que ocupa o imaginário popular há décadas. Esta “escandalosa” canção é um belo tributo à personalidade do próprio Gainsbourg, um homem viciado em cigarros e álcool, completamente apaixonado pelas mulheres e afeito a escândalos que marcariam toda a sua existência.

É este personagem o objeto de estudo da cinebiografia “Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres”, dirigido e escrito por Joann Sfar. O subtítulo nacional do filme, aliás, nada tem a ver com a história que este longa retrata. Sim, Gainsbourg (Eric Elmosnino) amava as mulheres e tirou das suas diversas musas inspiração suficiente para escrever clássicas canções e fazer do amor seu tema artístico. Entretanto, o que a obra mostra é que Gainsbourg foi muito além disso. Um compositor deveras transgressor, percorreu quase todos os territórios musicais, desde as trilhas de peças, os pops chicletes, o jazz, o rock, o funk, o reggae e se encontrando, definitivamente, no gênero da chanson (canção) que o consagrou.

“Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres” é um filme que foge um pouco do convencional, em se tratando das cinebiografias. O longa tem elementos de uma graphic novel (em parte por ter sido inspirado por uma, também de autoria de Joann Sfar) e utiliza personagens quase que animados para representar a consciência de Serge diante dos acontecimentos de sua vida. Neste sentido, é importante notar algumas incongruências na personalidade de Gainsbourg. Um homem de hábitos noturnos e boêmios, péssimo marido, mas que era um excelente pai e um ótimo filho – do tipo que ia visitar os pais todas as semanas, que ficou arrasado após o falecimento deles e que acabou sendo enterrado ao lado deles após sua morte, em 02 de março de 1991.

Se tem uma coisa que “Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres” nos mostra é que Serge Gainsbourg foi um homem que viveu plenamente a sua vida e que transformou a sua existência, aquilo que ele vivenciava e acreditava em pura arte. Ele era movido a amor e se transformou ao longo dos anos, por meio do contato com as suas diversas musas – e olha que elas foram muitas, desde as cantoras Juliette Gréco (Anna Mouglalis) e France Gall (Sara Forestier), passando pela atriz Brigitte Bardot (Laetitia Casta), a já citada Jane Birkin (Lucy Gordon) e, culminando em Bambou (Mylène Jampanoi), que foi a sua última esposa.

O resultado é um longa extremamente charmoso, com uma ótima direção de arte e que se apoia em muitas atuações arrebatadoras, com destaque para Eric Elmosnino como o protagonista e para Lucy Gordon como aquela que, provavelmente, foi o grande amor da vida de Gainsbourg. Na realidade, “Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres” é uma obra feita por alguém muito apaixonado pela obra de Serge, mas que soube manter distância emocional suficiente do tema para nos entregar um longa que nos desafia a se apaixonar também por esta personalidade fascinante. E vai ser difícil não nos entregarmos a Gainsbourg no decorrer dos seus 130 minutos de duração.

Cotação: 8,0

Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres (Gainsbourg (Vie Heróique), 2011)
Direção: Joann Sfar
Roteiro: Joann Sfar (com base na graphic novel de sua autoria)
Elenco: Eric Elmosnino, Lucy Gordon, Laetitia Casta, Doug Jones, Anna Mouglalis, Mylène Jampanoi, Sara Forestier, Claude Chabrol



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Comentários


Ainda não assisti esse 🙁
mas vontade não falta, vou fazer uma força para ver esse fds, pq sei q é coisa boa. Gostei do texto, elucida bastante a vontade de ver.

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É, também não assisti a esse ainda, está na minha lista há um tempo, pelo que você falou parece mesmo ser bom. Só aumentou a curiosidade.

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Amanda, é muito bom e interessante. Espero que a obra passe em breve por Salvador.

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Eu admito que eu conhecia mais o trabalho da filha dele Charlotte Gainsbourg,do que a de Serge.Como você falou “Je T’aime…Moi Non Plus” é uma música bem popular(sucesso nas boates brasileiras).Confesso que fiquei curioso em saber que o filme tem momentos na narrativa que usa animação(ou quase,como você mesmo disse).Fiquei com muita vontade de ver esse filme,e tomara que Laetitia Casta tenha intepretado bem Brigitte Bardot,que era uma mulher linda,de beleza clássica e que colocou a cidade de búzios no mapa do turismo internacional quando veio para cá fugindo dos paparazzi.A proposito ela não “era” bonita porque ainda esta viva(mas bem fora da midia).Mas pela sua critica o que me interessa é conhecer a história do pai de Charlotte Gainsbourg.Beijos Kamila.

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Paulo, eu também conheço mais o trabalho da Charlotte do que do pai dela. O filme é muito bom, foi uma agradável surpresa. Beijos!

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Gosto muito deste filme, uma bela surpresa ver, pois nem esperava tanto. Sou fã da obra musical do Serge Gainsbourg, desde pequeno. Não foi à toa que passei a admirar sua filha, Charlotte, também, rs. Serge teve um romance beeem tórrido, intenso e conturbado até com a Jane Birkin – por sinal, estou aqui ouvindo seu disco, o debut. Mas, o que torna esse filme mais interessante é, concordando contigo, a maneira não convencional dele. Poderia ter tido um ritmo normal, básico, seguindo a cartilha de tantos por aí. Mas, foi ousado em ‘brincar’ com o roteiro, o visual, o imaginário, é até surreal em alguns momentos…na verdade, é poético ao meu ver. Gostei mesmo. Os 130 minutos passaram voando, queria mais, rs.

Ótimo texto!

Beijão!

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Cristiano, eu também gostei muito do filme e do fato de ele ter estreado aqui na minha cidade. Eu conhecia pouco do Serge até assistir a este filme, mas fiquei muito satisfeita com o que assisti. E a estrutura narrativa dele, que foge desse convencional do gênero, é que é o grande barato desse filme. Obrigada! Beijo!

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