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Cada um tem a Gêmea que Merece

publicado em:15/02/12 11:42 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Comediantes travestidos de mulheres não é uma novidade no cinema. Jack Lemmon e Tony Curtis fizeram isso, por exemplo, em 1959, no filme “Quanto Mais Quente Melhor”, de Billy Wilder. Para falar de nomes mais recentes da indústria cinematográfica: Eddie Murphy, Martin Lawrence, os irmãos Shawn e Marlon Wayans, Dustin Hoffman, Robin Williams, entre outros, todos também já se travestiram em prol da comédia. Agora, chegou a vez de Adam Sandler, que, em “Cada um tem a Gêmea que Merece”, seu mais novo projeto com o parceiro habitual, o diretor Dennis Dugan, dá vazão ao seu lado feminino, de forma a continuar essa tradição cômica.

No filme, Sandler interpreta os irmãos gêmeos Jack e Jill Sadelstein. O prólogo de “Cada um tem a Gêmea que Merece” é muito contundente no sentido de mostrar que, desde a mais tenra idade, Jill é um motivo de vergonha para o irmão. A verdade é que o título dessa comédia é muito machista. Jill pode ser inconveniente, se vestir de uma forma espalhafatosa, contar histórias embaraçosas sobre Jack aos amigos e colegas de profissão dele, mas a verdade é que ela faz isso na maior boa intenção e inocência. É o jeito dela. Por outro lado, Jack não é o irmão perfeito que tanto pinta ser, uma vez que ele tem também muitas atitudes condenáveis – afinal, dispensa à irmã um tratamento que mais a faz se sentir um verdadeiro lixo.

O roteiro escrito por Steve Koren e Adam Sandler enfoca o período do feriado do Dia de Ação de Graças, momento em que Jill sempre faz sua visita anual a Jack, sua esposa (Katie Holmes) e seus dois filhos (Elodie Tougne e Rohan Chand). Esses sempre são dias muito difíceis para Jack, que não faz questão de esconder o descontentamento com a presença da irmã ali na rotina diária dele. A situação se agrava quando Jill decide estender sua visita por mais um mês. Do embate entre as personalidades do dois irmãos, da vontade de um de se conectar com o outro (de forma forçada, é claro) e das aventuras de Jill em uma cidade que lhe é desconhecida (ela vem do Bronx, bairro nova-iorquino, e Jack se mudou para Los Angeles) que vêm os momentos cômicos com o objetivo de causar risos na plateia.

Entretanto, como já havia acontecido em “Esposa de Mentirinha”, em “Cada um tem a Gêmea que Merece”, o ponto alto do filme vem da participação de uma estrela hollywoodiana dotada da capacidade de rir de si mesma. É incrível ver um ator do nível e da seriedade de Al Pacino (interpretando, aqui, a si mesmo) topando fazer as coisas que ele acabou desempenhando neste filme. O mais curioso ainda é vê-lo fazendo isso a sério, ao mesmo tempo em que você vê o quanto que ele está se divertindo com tudo aquilo. Um outro ponto interessante é ver a gama de pequenas participações que Sandler arrebanhou para este longa, como Johnny Depp, Shaquille O`Neal, John McEnroe, Bruce Jenner, entre outros – todos, diga-se de passagem tirando onda de suas próprias caras.

Se fôssemos enfocar somente esses momentos, “Cada um tem a Gêmea que Merece” seria um filme brilhante, mas, infelizmente, este não é o caso. Não se dá para esperar muita coisa de uma obra da dupla Adam Sandler e Dennis Dugan. A fórmula deles, aliás, é sempre muito simples. A impressão que se tem é a de que Adam Sandler, toda vez, interpreta várias variações de si mesmo disfarçadas do homem comum (pai, esposo e trabalhador) que tenta vencer os muitos obstáculos de seu dia a dia. Mas, não existe profundidade neste tipo de mensagem. Não com eles dois. O puro objetivo de seus longas é entreter e proporcionar às pessoas um tanto de leveza e risadas. A julgar pelos risos, na sessão em que eu estava, pelo menos nisso, eles conseguiram ser bem sucedidos.

Cotação: 3,0

Cada um tem a Gêmea que Merece (Jack and Jill, 2011)
Direção: Dennis Dugan
Roteiro: Steve Koren e Adam Sandler (com base na história de Ben Zook)
Elenco: Adam Sandler, Al Pacino, Katie Holmes, Elodie Tougne, Rohan Chand, David Spade, Nick Swardson, Tim Meadows, Norm McDonald, Valerie Mahaffey, Dana Carvey, Regis Philbin, Shaquile O`Neal, Christie Brinkley, John McEnroe, Bruce Jenner, Johnny Depp



Jornalista e Publicitária


Comentários


O grande erro de Sandler é a escolha dos filmes. Ele é talentoso e engraçado, mas na maioria das vezes se envolve com comédias sem roteiro algum e até sem graça.

Até mais

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Hugo, um detalhe importante a mencionar sobre o Sandler: ele escreve e produz a maioria dos filmes que faz. Então, a culpa é toda dele… Até!

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Gosto de Adam Sandler em filmes dramaticos como “Embriagado de Amor”,”Reine Sobre Mim” e até na dramédia “Funny People”.É uma pena Al Pacino se sujeitar a essas participações(deve ter recebido um bom cheque).Você foi muito feliz nessa definição dos últimos papéis de Sandler,realmente é variações dele mesmo disfarçado de homem comum.

Beijos!

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Não tenho mais paciência com Adam Sandler. Pelo jeito, ele vai envelhecer sem saber a hora de parar com esses péssimos filmes…

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Bom, não tenho tanto desapego a Sandler, até alguns filmes seus me emocionaram, como O Paizão. Agora sinceramente, esse aí não me motiva em nada…rs Deve ser uma aberração.

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Paulo, eu não gosto do Sandler em filmes dramáticos. Prefiro ele em filmes assim. Bom, Al Pacino não está aparecendo muito no cinema, então acho que faltam oportunidades pra ele. Se ele fez esse filme, é porque achou que seria interessante e diferente pra ele (gosto de pensar dessa maneira). Beijos!

Matheus, eu ainda tenho um pouco de paciência… Apesar de ele fazer filmes que, na maioria das vezes, não me agrada.

Celo, eu nunca me emocionei assistindo a um filme dele. Eu gosto de assistir aos filmes dele pra rir mesmo! rsrsrs E esse filme não chega a ser uma aberração. Pra mim, até o próprio Adam Sandler já fez coisas piores e de muito mais mal gosto que esse aqui…

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Kamila Azevedo, codinome: Coragem. rsrs.
Aprendi com o passado, Ká, Dennis Dugan + Adam Sandler, olha, só quando eu estiver muito chapado e ainda assim desconfio de que acharei alguma graça nos filmes dessa dupla cancerígena ao bom senso cômico.

Verei um dia só para ter um parecer certeiro, mas não tenho pressa e nem vontade de conferir isso aí rs.

Bjs!

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Elton, não acho que seja coragem assistir a esse tipo de filme. Gosto de assistir a um besteirol desse, de vez em quando, pra desopilar um pouco a mente. rsrsrs Eu sei que a dupla Dugan-Sandler não ajuda, tem um péssimo retrospecto, mas os filmes deles são ruins, feitos para divertir e quem assiste sabe disso. Beijos!

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“O puro objetivo de seus longas é entreter e proporcionar às pessoas um tanto de leveza e risadas. A julgar pelos risos, na sessão em que eu estava, pelo menos nisso, eles conseguiram ser bem sucedidos.”
Então porque a nota 3?
Parece-me contraditório, para dizer o mínimo (não que mereça 8 ou algo assim, hehehe)

Ah…. Não siga o rebanho crítico que desdenha de filmes engraçados porque são “do Adam Sandler” ou “têm Seth Rogen no elenco”. Mainstream tb é cinema, e se é engraçado tb merece aplausos.

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Não sou fã do Sandler, mas também não tenho um ódio mortal como a maioria das pessoas tem por ele. Quem sabe um dia o cara acerta..

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Edward, eu não estou seguindo rebanho crítico algum. Se eu fosse seguir qualquer rebanho crítico, eu estaria chamando o filme de lixo, coisa que eu não fiz. Eu tenho opinião própria, como comprovam os muitos textos aqui publicados. A nota é 3,0 porque o roteiro do filme é ruim e a direção é ruim. Isso não se pode ignorar. Eu concordo com você que mainstream também é cinema, mas esse filme aqui é o mais do mesmo da dupla Sandler-Dugan. Não tem um elemento novo como “Esposa de Mentirinha”, o filme anterior deles, ofereceu, por exemplo…

Cleber, os filmes dele podem ser errados, mas o povo gosta. Ok, seguirei os dois blogs, então.

João Linno, idem! Não sou fã, nem tenho ódio mortal. Sempre assisto aos filmes dele.

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Kamila
calma calma
Seu blog é ótimo, leio sempre (apesar de não comentar muito) e com certeza vc tem opinião própria.
É que nota 3 para uma comédia onde a plateia ri de fato me parece injusto (ou talvez tenhamos conceitos muito distintos de avaliação). O medo que tenho é que notas e textos se automatizem demais, algo que estaria relacionado ao fato de estarmos nos distanciando da magia que é sentar-se numa sala escura para ser entretidos por fotografias que fluem a 24 fps. Especialmente quando se trata de uma comédia.
Esposa de Mentirinha foi um dos melhores do Sandler nos últimos tempos, e olha que não gosto de Jennifer Aniston. Os filmes dele com o Frank Coraci são acima da média. O Paizão é um dos meus guilty pleasures. Punch Drunk Love é top.

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Edward, eu estou calma. Só tentei responder ao que ficou subentendido em seu post. Agora, você se explicou melhor. Minhas notas são ligadas a conceitos (excelente, ótimo, bom, regular, péssimo). Acho que meus critérios, nesse ponto, só eu entendo mesmo, uma vez que, muitas vezes, os textos parecem indicar uma nota que não aparece. Eu acho que minhas notas ou textos não são automatizados. E nem me distancio dessa magia que é estar na sala escura. Tanto que tento sempre analisar os filmes pela forma como eles me fazem sentir. Concordo sobre “Esposa de Mentirinha”. Tanto que meu texto foi um dos poucos a elogiar a obra, que eu realmente adorei. E, como disse aqui, não gosto do Sandler como ator dramático… Prefiro ele nas comédias.

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Tô fora! Imagino seu desespero Kamila tendo milhões de filmes ótimos estreando e vem as gêmeas…mas o público gosta. Li uma reportagem recentemente falando que os grandes filmes da temporada (O Artista, A Separação e Os Descendentes) são fracassos de bilheteria aqui na terra do Lula!

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Cassiano, imagine!! Os cinemas daqui me frustram com essas estréias no meio da temporada do Oscar… Ninguém merece! E não me surpreende a notícia de que esses três filmes são fracassos de bilheteria por aqui. O grande público brasileiro gosta mesmo é de filmes como “Cada um tem a Gêmea que Merece” e “Filha do Mal”…

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Nossa, preferi evitar Cada um Tem a Gêmea que Merece. Desde o primeiro trailer me pareceu uma bomba. Se não tivesse mais nada no cinema, quem sabe. Mas não é o caso. Adam Sandler vem, cada vez mais, comprovando sua mediocridade como comediante. E Al Pacino enterrando sua carreira… Quando a homens travestidos, os melhores nisso, são, de longe, a turma do Monty Python, o grupo de humor mais genial de todos os tempos!

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Júlio, eu nào acho Adam Sandler medíocre como comediante. Os filmes que ele faz que o são. Al Pacino enterrando sua carreira?? Bom, ele não tem recebido muitas propostas de filmes ultimamente. Acho que ele viu essa como uma boa oportunidade de rir de si mesmo e de chamar a atenção de novo ao seu nome. Quem sabe não dá certo e ele volta a nos brindar com ótimos personagens e excelentes performances novamente?

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Opa, Kamila. Pois é, Al Pacino não faz uma obra-prima desde Fogo Contra Fogo, eu acho. Uma pena que a maioria dos atores setentistas estejam decaindo: De Niro, Keitel, Pacino, Hoffman… Há anos atrás, ele não aceitaria um papel num filme desses. E Adam Sandler é um ator ruim, a meu ver, que só presta em Embriagado de Amor – porque Paul Thomas Anderson consegue transformar até Mark Whalberg num monstro! Era bom ele na época do SNL, mas abandonou o programa e seus filmes vem decepcionando muito.

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Júlio, como já disse aqui, não gosto de Adam Sandler em sua versão ator dramático.

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