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Cena da Semana*

publicado em:26/02/12 9:47 PM por: Kamila Azevedo Cena da Semana

*Atenção aos spoilers.

Quando o 84th Annual Academy Awards começar, logo mais, com apresentação de Billy Crystal, os cinéfilos, com certeza, devem estar com algumas perguntas em mente: “O Artista” ou “A Invenção de Hugo Cabret?”; Martin Scorsese ou Michel Hazanavicius?; George Clooney ou Jean Dujardin?; Quem irá vencer Melhor Edição e Melhor Edição de Som?, que parecem ser duas categorias que serão fieis da balança na noite de hoje… Porém, nenhuma pergunta está causando tanta discussão quanto: Meryl Streep ou Viola Davis?

Existe uma razão para a categoria de Melhor Atriz ser sempre a mais discutida em cada ano de Oscar e, pela primeira vez, desde 2008, quando tivemos uma disputa ferrenha pela estatueta entre Julie Christie e Marion Cotillard, temos uma situação em que, realmente, os caminhos apontam ou para a vitória de uma (Davis) ou para a vitória de outra (Streep). A importância da categoria, nesse ano, é tão grande que será a penúltima da noite a ser apresentada, antes da categoria final, de Melhor Filme.

A verdade é que a AMPAS tem bons motivos para premiar as duas atrizes. Viola Davis vem no melhor momento de sua carreira, dois filmes que ela realizou em 2011 estão indicados na categoria principal do Oscar (“Histórias Cruzadas” e “Tão Forte e Tão Perto”) e existe um consenso quase geral de que esse é o momento dela vencer (é importante lembrar que, quando ela recebeu uma indicação ao Oscar pela primeira vez, em 2009, por “Dúvida“, em Atriz Coadjuvante, muita gente apostava que ela bancaria uma surpresa na premiação, coisa que não aconteceu, tendo em vista a confirmação da vitória de Penélope Cruz, por “Vicky Cristina Barcelona“). Além disso, ela tem a seu favor uma performance arrebatadora num filme que faz um importante retrato da vida de empregadas domésticas negras no Sul segregado dos Estados Unidos, com a luta contra o preconceito e a necessidade de afirmação diária delas como seres humanos.

(Viola Davis em “Histórias Cruzadas” [2011] – diretor: Tate Taylor)

Por outro lado, Meryl Streep, que muitos consideram ser a melhor atriz em atividade no cinema norte-americano e, quiçá, uma das melhores atrizes de todos os tempos, é a recordista absoluta de indicações ao Oscar, com 17 indicações em sua carreira. Desde 1983, quando ela venceu pela última vez, como Melhor Atriz, por “A Escolha de Sofia”, esta é a primeira vez que ela chega ao Kodak Theatre com status de favoritismo. Seu papel, em “A Dama de Ferro”, tem todos aqueles elementos que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas mais ama: é autobiográfico (a primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher), tem transformações físicas (atenção ao excelente trabalho de maquiagem que o filme possui) e possui a mudança do sotaque (e sabemos que Meryl é uma especialista nisso). Sinceramente, se ela não vencer dessa vez, não sei mesmo o que Meryl tem que fazer pra chamar novamente a atenção da AMPAS.

(Meryl Streep em “A Dama de Ferro” [2011] – diretora: Phyllida Lloyd)

Na lista de cinco indicadas, mais duas atrizes já desfrutaram do status de favoritismo que, atualmente, se encontra com Meryl Streep e Viola Davis. A primeira delas – e, provavelmente, a terceira na fila das apostas para hoje à noite – é Michelle Williams, que, em “Sete Dias com Marilyn” interpreta Marilyn Monroe, um grande ícone do cinema. A favor dela, poderíamos colocar os mesmos argumentos que nos levam a uma possível vitória de Meryl Streep, com uma grande diferença. Em “Sete Dias com Marilyn”, pela primeira vez, vemos Michelle, uma atriz naturalmente contida, se jogando mesmo na pele de uma personagem, claramente se divertindo e se transformando mesmo na mulher forte e cheia de dualidades que era Marilyn Monroe. Não é fácil interpretar alguém como Marilyn e Williams passou com louvor nesse teste, vencendo, inclusive, ontem à noite, o prêmio de Melhor Atriz no Film Independent Spirit Awards.

(Michelle Williams em “Sete Dias com Marilyn” [2011] – diretor: Simon Curtis)

A segunda delas foi a primeira favorita a essa corrida: Glenn Close. O favoritismo inicial dela estava traduzido em uma só informação: esta é a sexta indicação ao Oscar conquistada por essa fabulosa atriz, sendo que ela ainda não conseguiu conquistar nenhuma vitória. A personagem que ela interpreta em “Albert Nobbs”, filme dirigido por Rodrigo García, é interessantíssimo: uma mulher que, no final do século XIX, na Irlanda, começa a se passar por homem para poder ser alguém na vida – uma vez que, naquela época, as mulheres não eram estimuladas a serem independentes. Uma pena ver um tema tão instigante desperdiçado num filme que obteve críticas bastante irregulares. Por isso mesmo, Glenn Close terá que esperar outra oportunidade para poder vencer seu tão esperado Oscar.

(Glenn Close em “Albert Nobbs” [2011] – diretor: Rodrigo García)

Encerrando a lista de indicadas, para garantir aquela tradição do Oscar de indicar sempre uma atriz jovem em cujo futuro eles apostam, temos Rooney Mara. A personagem que ela interpreta em “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres“, Lisbeth Salander, é muito difícil, mas Rooney se saiu muito bem. A frieza e o calculismo que ela empresta à sua personagem dão a tônica de um filme que chama a atenção pelo distanciamento emocional com que encara os fatos retratados – ainda mais tendo em vista que estamos diante de uma história bastante densa. São dela os melhores momentos do filme e a gente sente falta dela quando ela está ausente da tela. Uma atuação diferente e cuja presença numa noite como a do Oscar é motivo de comemoração – mesmo que, para isso, a AMPAS tenha que ter esquecido atuações muito melhores como a de Tilda Swinton, em “Precisamos Falar Sobre o Kevin”.

(Rooney Mara em “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” [2011] – diretor: David Fincher)

Quando Colin Firth abrir o envelope mais tarde e disser: “And the Oscar goes to…”, a verdade é que vai ser impossível ficar triste por uma  ou por outra. Seja Meryl Streep ou Viola Davis, o prêmio estará em ótimas mãos. Que vença a melhor!



Jornalista e Publicitária


Comentários


Realmente, a disputa está acirrada mesmo. Qualquer uma que ganhar, não irei reclamar. Mas a AMPAS tem dívidas com atrizes como Meryl e Glenn…

Beijos e tenha uma ótima semana!

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Mayara, disputa acirradíssima mesmo! Eu também não vou reclamar, independente da vitória ser da Viola ou da Meryl. E não consigo ver a dívida que a AMPAS tem com a Meryl… Ela tem dois Oscars. E, pela primeira vez, desde 1983, realmente merece vencer. Beijos e ótima semana!

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Tô com coração na mão com essa categoria. A razão (e um pouco de emoção, pois sou apaixonado por ela) leva à Viola, mas a emoção de 5 indicações furadas ainda tem uma pontinha de esperança na Glenn… e o favoritismo leva à Meryl. Acho que o anúncio dessa categoria seré o pico de audiência do Oscar hoje.

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Pedro, você ainda tem uma pontinha de esperança na Glenn? 🙂 Eu torço pela Meryl e concordo que deve ser O momento do Oscar 2012.

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Foi realmente o MOMENTO… tava torcendo o nariz pra isso, mas na HORA que anunciou o nome dela, eu surpreendentemente entrei em ÊXTASE! Acho que no fundo, achei que a Academia nao iria cometer tal “ousadia”… e a humildade dela (como sempre) foi digna de aula a pseudo-celebridades de ego inflado…

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o último Oscar da Meryl se não me engano foi em 82.Nossa a academia precisou de mais 30 anos para premiar Meryl novamente.Muito tempo.Foi meu ponto alto da noite.

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Pedro, foi um grande momento mesmo! Também entrei em êxtase aqui em casa. Quando saiu o prêmio de maquiagem para “A Dama de Ferro”, eu passei a ficar mais confiante na possibilidade da Meryl vencer e foi justamente o que ocorreu. Fiquei muito, muito feliz mesmo pela vitória, pela Meryl e pelas lindas palavras que ela proferiu.

Paulo, o último Oscar dela foi em 1983. Foram 29 anos sem vencer o prêmio. Uma espera longa, mas que foi justificada pela linda vitória, pelo lindo momento de ontem. Fiquei muito emocionada com a Meryl e foi um dos meus momentos favoritos da noite, junto com a emocionada vitória de Jean Dujardin e com o lindo tributo In Memoriam com a Esperanza Spalding.

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O melhor foi minha surpreendente alegria… acho que tava tão chateado da possibilidade da Glenn ficar ais uma vez de mãos abanando, que não queria admitir a possibilidade enorme de virória da Meryl… na hora que o Firfh falou, eu levantei e gritei! E a humildade dela também no Oscar (achei que no Oscar ela iria ser arrogante) – “Ah, common!” – elevou o status dela comigo de “gosto muito” para “adoro loucamente”. Só nao mais que a diva Kate ainda.

Ansioso pro seu post… cerimônia e dois empates, um bom e outro ruim: Meryl empatou com Bergman e Nicholson(dois oscars BA e um BSA) e Glenn Close (muito, muito triste pelo recorde) emparta com Kerr e Ritter como as três atrizes com mais indicações sem ter ganhado: 6, o que é inadimissível, haja vista atrizes medianas/apenas boas terem dois (Swank e Foster [que roubou um da Glenn], por exemplo).

Tomara que ela tenha um ótimo desempenho em Therese Raquin.

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Mas analizando friamente, foram poucas as chances maduras dela depois disso, destaco 1988 (Um Grito No Escuro), 1995 (As Pontes de Madison, que está soberba, mas enfrentava a melhor atuação da carreira da Sarandon, então já viu né), 2009 (Julie e Júlia – foi a melhor do ano junto com a Sidibe, mas… mas… preferiram agradar a namoradinha da América) e 2011.

Vale lembrar de umas indicações só pra preencher espaço porque o ano tava tão fraco e colocara ela por ser Meryl Streep: 1998 (Um Amor Verdadeiro),1999 (Música do Coração).

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Pedro, mas, olha, você viu que a Glenn abriu um sorrisão quando foi anunciado o nome da Meryl Streep? 🙂 A Michelle Williams me parece também ter ficado muito feliz pela Meryl! A humildade da Meryl é uma das coisas que eu mais gosto nela. Ela não faz questão e não gosta de ser chamada de estrela e ela não se vê da forma como os outros a veem (como a melhor atriz viva, como uma das melhores de todos os tempos). Terminei o texto com os comentários da cerimônia de ontem e posto mais tarde.

Das indicações da Glenn Close, eu acho que ela poderia ter vencido duas vezes: uma por “Atração Fatal” e outra por “Ligações Perigosas”. Você fala da Jodie Foster, mas eu acho os dois Oscars que ela conquistou muito merecidos. Gosto muito da forma contida com que ela atua. A Swank também mereceu as duas estatuetas. Isso pra mim é incontestável. Ela é MUITO sortuda.

Das indicações ao Oscar da Meryl depois da estatueta que ela conquistou por “A Escolha de Sofia”, eu teria dado a ela o Oscar somente em três oportunidades: “Um Grito no Escuro” (uma das melhores atuações da carreira dela, na minha opinião), “Dúvida” (não engulo o Oscar de Melhor Atriz da Kate Winslet porque ela estava na categoria errada) e “Julie & Julia” (nesse ano, tanto Streep, quanto Sidibe, Mulligan e Mirren estavam BEM melhores que a Sandra Bullock).

E também acho que as indicações por “Um Amor Verdadeiro” e “Música do Coração” foram somente pra completar a tabela. Mas, acho que é inegável que a Meryl é a melhor coisa de ambos os filmes.

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Ka, vi sim a felicidade da Glenn, foi o que mais me alegrou e aliviou, fora que só a satisfação de vê-la maravilhosa (ela estava lindíssima) de volta à cerimônia, concorrendo me deixou gratificado (e ela estava radiante de ter voltado, a Academia para de chamar alguns de eus membros para a cerimônia depois de alguns anos sem concorrer a nada, já percebeu? Duvido que a Mo’Nique e o Chritoph Waltz, por exemplo, estiveram esse ano)… realmente não foi o ano dela, os anos dela vc mesmo citou, foi 1987 e 1988, que ela foi ABSOLUTA (a derrota pra Cher é a mais absurda das duas, disparado), em Ligações Perigosas ela brinca de atuar… torcendo pra ela ter uma boa performance em Therese Raquin pra ver se finalmente ganha (e em se tratando de Glenn, sempre podemos esperar ótimas interpretações).

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Sobre a vitória da Kate Winslet, na minha opinião ela foi a Melhor Atriz Em Um Papel Principal do ano de 2008 sim, só que por outro filme: “Foi Apenas Um Sonho”. Como a premiaram, relevo que foi pelo filme errado (não entendo até hoje todas as premiações terem colocado ela em OL como coadjuvante e a Academia – ou o estúdio, sei lá – a submete a principal… a Academia mostrou que odiou mesmo o filme do Sam Mendes.

Swank não mereceu por Menina de Ouro… Imelda Stauton era a favorita, Kate Winslet foi a melhor do ano e até Annette Bening (que vai indo pelo mesmo caminho da Glenn…) e Catalina Sandino Moreno estavam melhores. Ganhou pelo peso do filme naquele ano.

Meryl carrega nas costas esses dois filmes que citamos…

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Pedro, a Glenn é uma excelente atriz. Tenho certeza de que, se tiver uma oportunidade de interpretar um outro bom papel, ela aparecerá novamente no Oscar. Em relação à Kate Winslet: não gosto da atuação dela em “Foi Apenas um Sonho”, pois acredito que ela exagerou demais o tom nesse filme. A Academia atua independente da escolha dos estúdios. O caso da Kate Winslet foi o mesmo da Keisha Castle-Hughes, que, por “Whale Rider”, estava sendo promovida na categoria de Atriz Coadjuvante e acabou sendo indicada em Melhor Atriz. Eu também entendo a indicação da Kate Winslet na categoria principal como uma grande jogada da Academia, de forma a dar o Oscar para a Penélope Cruz em Coadjuvante e premiar a Winslet em Atriz… Eu acho que as duas vitórias da Swank são incontestáveis, apesar de eu ser fã da atuação da Imelda Staunton em “O Segredo de Vera Drake”. Não consigo gostar da Annette Bening! rsrsrsrs Se não fosse a Swank, que vencesse a Staunton, que foi a Glenn Close daquele ano, pois começou como favorita e viu seu buzz decaindo na medida em que concorrentes mais fortes surgiram.

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Assino embaixo em tudo o que você disse, menos sobre a Swank, que pra mim ainda só ganhou por causa do filme, e sobre a Benning: voc~e nao gosta DELA ou do papel dela em “Adorável Júlia”? Pois em “Beleza Americana”, “Bugsy” e “Os Imorais” ela está divina… e ela é um das maiores atrizes da atualidade, injustiçada pela Academia, até rolou uma piadinha que ela era a freguesa favorita da Hillary, rsrs…

Be mcitado por você a Keisha Castle-Hughes, o estúdio queria facilitar a vida dela colocando ela de coadjuvante (onde, se ela é DONA do filme todo??????) como fizeram com a Hailee Steinfeld, e acho que foi a maior batida de frente que a Academia já deu – o melhor é o “ohhhhhh!” dos jornalistas quando anunciam o nome dela como indicada a Melhor Atriz, se você não viu tem lá no Youtube!

Também acho a questão Kate-Peélope uma grande jogada. Mas que foi muito boa, pelo menos premiou duas excelentes performances (eu acho que a Penélope fez tranquilamente a melhor interpretação coadjuvante de 2008, seguida coladíssima pela Viola.)

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Pedro, não gosto da Bening. Não consigo gostar DELA! E ela é a freguesa favorita de Hilary, que impediu-a de ganhar o Oscar nas duas vezes em que a Annette esteve mais perto disso.

E já disse e repito: não gosto da jogada feita pela Academia no ano das vitórias de Penélope Cruz e de Kate Winslet.

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Tadinha da Bening… ela é super carismática…

Respeio o fato de você não ter gostado da jogada. Mas que a performance da Penélope foi melhor que a da Kate em “O Leitor”, ah, isso foi. Viola Davis arrasou, mas Penélope roubou a cena do VCB.

E a Hillary é uma atriz que não me desce. Mesmo ótima em Meninos Não Choram , acho ela feia e masculinizada, não me desce.

Rolou boatos que a Bening ficou com receio da Swank concorrer ao Oscar por “Conviction” ano pasado, huahauhauhauhaua…

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Pedro, não a acho carismática, me desculpe! Ah, muito melhor a performance da Penélope, eu não tenho dúvida disso!!! Mas, ela perderia pra Winslet se tivesse concorrido contra ela, fato… Infelizmente.

Mas, a Bening, ano passado, concorreu por algum filme??? Por quê o medo dela??

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Já esqueceu, Kamilinha? Bening concorreu por “Minhas Mães e Meu Pai”! Swank estava cotada (pouquíssimo, é verdade) por “Conviction”, mas ficou só no SAG mesmo, aí rolou essa “fofoquinha”. Fora que a Annette forma um lindo par com o Beatty, mesmo 300 anos mais velho que ela.

Kate x Penélope realmente daria Kate, isso é consumado. Bjos!

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Pra você ver… Me esqueci por completo dessa… Acho que porque gostei mais da Julianne Moore, neste filme. A verdade é que Swank sempre será a sombra de Bening. Beijos!

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Também gosto mais da Julianne, minha atriz favorita da atualidade, nesse filme. Outra subestimadíssima pela Academia.

Suas performances em Magnólia, Ensaio Sobre a Cegueira, Direito de Amar e Minhas Mães e Meu Pai não tinham como ser esquecidas numa premiação, uma pena.

Beijos!

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