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Plano de Fuga

publicado em:31/05/12 3:13 AM por: Kamila Azevedo Cinema

O ator, produtor e diretor Mel Gibson já foi um dos maiores nomes da indústria hollywoodiana. Atualmente, podemos dizer que ele é uma das personalidades mais controversas do cinema norte-americano, muito em parte por causa das polêmicas em que se envolveu em anos recentes. Se a indústria cinematográfica conseguiu perdoar gente como Robert Downey Jr., que tiveram a chance de um recomeço em sua carreira; se ela permitiu que um astro do porte de Tom Cruise também conseguisse reverter uma imagem negativa que ficou relacionada a ele especialmente após o divórcio da atriz australiana Nicole Kidman, o mesmo privilégio ainda não foi concedido a Gibson – que tem dependido da ajuda de amigos (Jodie Foster, diretora de “Um Novo Despertar”) ou da sua própria produtora (a Icon) para realizar seus próprios filmes.

“Plano de Fuga”, que marca a estreia do diretor Adrian Grunberg, além de ser produzido pela Icon e ser estrelado por Mel Gibson, tem roteiro co-escrito pelo ator. Neste filme, o astro interpreta um tipo bem parecido com Porter, personagem que ele interpretou em “O Troco”, do diretor Brian Helgeland, e que foi um verdadeiro marco na carreira de Gibson, por ter sido o primeiro personagem de moral duvidosa que ele interpretou. Driver, o protagonista de “Plano de Fuga”, é, de uma certa forma, um anti-heroi, alguém que tem valores morais muito ambíguos e uma história longa dentro do crime – ou seja, ele é aquele cara que não dorme no ponto e sabe o que tem que ser feito, no momento certo.

Quando a história do filme começa, Driver está fugindo da polícia norte-americana e procura refúgio na fronteira dos Estados Unidos com o México. Ele e um comparsa roubaram 2 milhões de dólares de um figurão do crime chamado Frank (Peter Stormare). A polícia mexicana, aqui, é retratada como uma instituição corrupta que prefere ficar com o dinheiro do roubo e enviar Driver para uma prisão que mais parece ter saída do Brasil, em que os presos se amontoam em celas apertadas e têm que aguentar a música mariachi o dia todo. Após uma manobra de um funcionário do consulado norte-americano (Dean Norris), Driver é enviado para um outro presídio, que parece também saído do Brasil (com características de uma favela, com suas próprias regras e leis, onde os presos vivem de uma forma quase livre, sem muitas restrições). E é aqui que “Plano de Fuga” começa a ficar interessante, na medida em que Driver se envolve com uma mãe e seu filho de 9 anos e decide colocar seu planejamento em prática: que, é bom que se diga, não diz respeito a uma fuga da prisão, e sim à recuperação do “seu” dinheiro e à tentativa de se livrar daqueles que estão correndo doidos em seu encalço.

“Plano de Fuga” tem uma estética um tanto interessante: a fotografia estoura as cores, é meio suja, lembrando algo saído de um filme como “Amores Brutos”, de Alejandro Gonzalez-Iñárritu. Entretanto, o que acaba chamando a atenção no longa é seu tom bastante violento, inclusive na forte linguagem utilizada por Driver, que remete um pouco às obras do gênero de ação nos anos 70/80. A cena do tiroteio dentro da prisão é bem emblemática neste sentido, com um belo trabalho de edição por parte de Steven Rosemblun. Com certeza, isso veio da longa experiência de Grunberg como diretor assistente de gente como Peter Weir, Sam Mendes, Tony Scott, o já citado Iñárritu, Martin Campbell, Oliver Stone, Andrew Davis e o próprio chefe Mel Gibson.

Cotação: 6,0

Plano de Fuga (Get the Gringo, 2012)
Direção: Adrian Grunberg
Roteiro: Mel Gibson, Adrian Grunberg e Stacy Perskie
Elenco: Mel Gibson, Peter Stormare, Dean Norris, Stephanie Lemelin, Kevin Hernandez, Sofía Sisniega, Scott Cohen



A última modificação foi feita em:junho 11th, 2012 as 11:43 pm


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Comentários


Nunca tive nada contra o Mel Gibson, outrora até gostava dele como astro de filmes de ação e eventualmente como diretor, porém ele ajudou a criar para si uma recente imagem tão negativa que vai demorar um pouco para que ele volte a ter um pouco daquela credibilidade de tempos passados.

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Olha, talvez eu veja… Depois de ter visto a ótima atuação de Gibson em “Um Novo Despertar”, este aqui até me parece “apetitoso”, rs

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Flavio, eu concordo com você, mas Hollywood, como eu mesma disse, já perdoou tanta gente que não seria surpresa eles darem outra chance ao Gibson…

Raspante, eu ainda não assisti “Um Novo Despertar”, mas este “Plano de Fuga” me agradou demais!

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É uma pena quanda uma pessoa perde a credibilidade.E isso aconteceu com Mel Gibson(pelo menos comigo).Mas todo mundo tem o direito de recomeçar.

Beijos

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Paulo, acho que o Mel Gibson perdeu a credibilidade com muita gente. Não foi somente com você. Porém, acho que ele funciona muito bem nesse tipo de filme e sempre torço para que as pessoas consigam dar a volta por cima após viverem momentos difíceis. E, em Hollywood, isso é fato comum… Beijos!

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É isso, o filme tem uma estética interessante e o personagem do “Gringo” é muito instigante. Lembrei também de O Troco, quem sabe não é outra aventura de “Porter”, já que aqui ele não tem nome, hehehe.

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O trailer desse filme me pareceu bem legal e a sua critica – além de bem formulada – me fez crer que será um bom para ser visto quando for lançado em DVD. Bacana.

Abraço

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Amanda, exatamente. Impossível não se lembrar de “O Troco” ao assistir a este filme.

Marcelo, muito obrigada. Acho que “Plano de Fuga” se tornará um sucesso quando for lançado em DVD. O filme é perfeito para ser assistido neste formato.

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e não que parece ser um filme interessante? no mínimo valendo o ingresso…

considero o mel gibson um bom ator… acho que um recomeço virá.

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Bruno, eu acho que o filme é interessante e vale o ingresso. Também espero que o Mel Gibson tenha a chance de recomeçar.

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Vou conferir essa semana, Ka. Sinceramente, acho Gibson canastrão e poucos trabalhos dele foram marcantes. Acho ele em “Um Novo Despertar” mais versátil, mas como ator, pra mim, sempre se repete e é fraco. Mas, gosto de vê-lo em filmes de ação com substância ou mesmo com ritmo, que não foi o caso do péssimo “O Fim da Escuridão”. Na verdade, eu gosto dele mesmo é como diretor. “A Paixão de Cristo” e “Apocalípto” são trabalhos excepcionais e de qualidade técnica. Espero me surpreender positivamente com Plano de Fuga, veremos, seu texto me motivou, viu? rs
Beijo

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Cristiano, discordo um pouco de você, já que acho Gibson um bom ator. Ele não é dos melhores, mas sempre é muito regular em suas atuações. Eu também prefiro ele como diretor, pois é nesse território que ele, geralmente, apresenta algo novo. Beijo!

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