logo

O Espião que Sabia Demais

publicado em:21/06/12 12:30 AM por: Kamila Azevedo Filmes

“O Espião que Sabia Demais”, filme dirigido por Tomas Alfredson, é baseado no livro homônimo escrito por John Le Carré. Um especialista em tramas que revelam as engrenagens do mundo da espionagem, Le Carré desenvolveu uma história um tanto complexa e que tem uma riqueza enorme de detalhes, apesar de ser calcada em uma motivação que, na realidade, é muito simples. Entretanto, em relação à adaptação cinematográfica, temos que dar todo o crédito à dupla de roteiristas formada por Bridget O’Connor e Peter Straughan, que realizaram um belíssimo trabalho de transposição do livro para a grande tela, tornando este filme uma obra que pode ser vista como se fosse uma obra completamente independente do livro na qual se baseia.

A essência da história criada por John Le Carré está toda aqui: após Jim Prideaux (Mark Strong) ser ferido numa operação mal-sucedida na Hungria, Control (John Hurt) é destituído do poder na Circus, agência de espionagem inglesa, levando consigo aquele que é o seu braço direito, George Smiley (Gary Oldman, em performance indicada ao Oscar 2012 de Melhor Ator). Caberá a Smiley, no entanto, a dura investigação que move a trama do livro/filme: a tentativa de descobrir a identidade do agente que a Circus acredita estar agindo de forma dupla. Não é fácil a tarefa de encontrar um traidor, então, para isso, Smiley se cerca de outros agentes que foram afastados após a saída de Control do poder e começa o seu trabalho.

É importante mencionar que Bridget O’Connor e Peter Straughan respeitaram a forma como John Le Carré estruturou a narrativa do livro. Ou seja, a adaptação cinematográfica também se apoia no uso de recursos como flashbacks, em que as relações entre essas pessoas e os acontecimentos que as envolveram são destrinchados de forma a tentarmos chegar à verdade junto de George Smiley. A diferença primordial, no entanto, entre o livro e a adaptação cinematográfica é que, ao contrário de Le Carré, os dois roteiristas vão direto ao ponto que é mais importante na trama e não se dedicam tanto à construção das histórias pessoais de cada personagem (características de cada um deles nos são mostradas através de detalhes que estão presentes em algumas cenas); além disso um personagem importante para o livro como Percy Allelline (Toby Jones), perdeu totalmente sua força no filme.

Também é importante destacar, na adaptação cinematográfica de “O Espião que Sabia Demais”, o excelente trabalho desenvolvido pelo diretor Tomas Alfredson. A forma como ele apresenta sua trama é elegante como o próprio relato feito por John Le Carré. Além disso, o diretor respeita muito a densidade de uma trama que merece uma atenção redobrada da plateia. Prestem atenção também ao trabalho de reconstituição de época feito pelas diretoras de arte Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald, que é impecável. Uma pena que, nesse aspecto, o filme não tenha sido lembrado no Oscar 2012, premiação na qual esteve presente por meio de três indicações – além do Roteiro Adaptado e Gary Oldman, a trilha sonora composta por Alberto Iglesias foi mencionada.

Cotação: 8,5

O Espião que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011)
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: Bridget O’Connor e Peter Straughan (com base no livro escrito por John Le Carré)
Elenco: Gary Oldman, Mark Strong, John Hurt, Toby Jones, Ciarán Hinds, Colin Firth, Kathy Burke, Tom Hardy



A última modificação foi feita em:junho 29th, 2012 as 8:41 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Confesso que achei chatíssimo esse filme quando o assisti. Honestamente, nem soube como cheguei ao final dele, tamanha o incômodo que o filme me causou. Não sou muito fã de Gary Oldman, não… mas acho que eu preciso ler o livro, deve ser ais interessante.

Responder

Ainda não assisti o filme, embora goste muito do tema espionagem e confesso a você que não conheço muito a carreira do Gary Oldman.

Responder

Luís, eu entendo quem acha chato esse filme, mas olha, chato MESMO é o livro… Parece interminável.

Flavio, eu adoro o tema espionagem e o Gary Oldman é um ator muito consistente, apesar de algumas escolhas suas de filmes serem bastante contestáveis. A sua primeira indicação ao Oscar, que veio justamente por este filme, coroa uma carreira inteira.

Responder

Amiga, sabe bem o que achei do livrozZzZzZ. rsrsrs. Estou com o filme aqui comigo, vou assisti-lo nas férias e assim que terminar, digo pra você o que achei imediatamente… rsrs.

Beijos! 😉

Responder

Estava esperando sua crítica desse filme já que leu o livro ao contrário de mim. hehe. Interessante que ele tenha sido tão fiel a obra original, achei o filme inteligente e bastante interessante. Quem sabe um dia consiga ler o livro também. Só preciso encontrar tempo para tanta coisa.

Responder

Concordo em relação a direção de arte.Destaco tbm a fotografia.”O Espião que…” é um verdadeiro filme de espionagem.Um espião não se comporta como James Bond.Que espião vai sair as ruas revelando sua identidade?.Eu ia falar que gostei da narrativa(antes de ver o filme eu li mts textos criticando e achei que o estilo clássico coube no filme de Alfredson)mas vc mencionou essa qualidade.Gary Oldman ótimo,o elenco de apoio tbm e me tira uma dúvida:vc prefere livro ou filme?(deve ser o filme,vc se queixou da lentidão do livro).

Beijos!

Responder

Amanda, pois é, me lembro desse detalhe! rsrsrs Foi uma adaptação fiel, mas que supera EM MUITO o livro. Tente ler o livro, se puder.

Paulo, concordo que este é um verdadeiro filme de espionagem, com o frisson da espionagem e numa situação que é delicadíssima para qualquer espião, porque ninguém quer a tarefa de investigar um traidor. Eu prefiro o filme e acho que deixei isso claro em meu texto. Beijos!

Responder

Eu acho esse clima soturno bem adequado ao filme porque permanece no ar o suspense, enquanto a gente vai montando o quebra-cabeça da investigação, ao mesmo tempo em que é um filme super humanista. Essa trilha sonora do Desplat é boa demais, stil na medida certa para um filme desses. Considero um filme de espionagem bem especial.

Responder

Rafael, concordo com você em relação ao clima sutil do filme. Eu gostei muito dessa adaptação. É um longa elegante, como há muito eu não assistia e que combina bem com a história.

Responder

Achei interessante pelo fato de ser uma abordagem diferente ao mundo da espionagem, mas no geral me deixou confuso mesmo… não consegui acompanhar muito bem. tenho que assistir com menos sono, isso é certo.

Responder

Faço coro ao Luís: não sei nem como tive forças para terminar “O Espião Que Sabia Demais”. A história já é complicada, e parece que o filme faz questão de tornar tudo ainda mais confuso. Nem escrevi sobre ele porque acho que não absorvi tudo o que o diretor quis passar…

Responder

Você a primeira que eu vi que leu o livro, Kamila. Gostei, portanto, das comparações com o mesmo. Acho O Espião que Sabia Demais o melhor filme do ano. Uma aula de linguagem, narrativa, direção e atuação. Gary Oldman no provável melhor papel de sua carreira (e melhor atuação do ano), extremamente sutil e com um desempenho calculadamente genial. O roteiro é mesmo complexo. Mas o importante não é entender absolutamente toda a trama de espionagem (é muito repleta de detalhes e necessitaria de umas três revisitadas), mas sim o desenvolvimento dos personagens, o estudo daqueles homens, que é o mais importante do filme. Quem ficar preocupado com quem é o espião, não aproveitará como deve a obra.

Responder

Bruno, acho que o problema do filme é a história que é maçante mesmo. Os dois roteiristas, pra mim, fizeram milagre nessa adaptação.

Matheus, eu não achei que o filme complica, pelo contrário: simplifica. Quem complica é o livro.

Júlio, acho que é sempre importante fazer comparações entre o livro que origina o filme e vice-versa, porque elucida muitas das questões levantadas, ainda mais num caso como esse, em que o filme é superior ao livro em questão. O filme é deveras sofisticado e tem muitos elementos bons, como você bem destaca em seu comentário. E eu concordo plenamente com a segunda parte do seu comentário sobre o roteiro, sobre o fato de entender ou não a história. Penso da mesma forma que você.

Responder

Eu tenho esse filme aqui no PC, mas só vou assisti-lo quando terminar de ler o livro. Vou me esforçar um pouco para terminá-lo em breve, mas livro é bem complicado e serve de um ótimo remédio para insônia. Depois eu volto aqui para dar a minha opinião sobre ambas as obras.

Abraços!

Responder

Clóvis, você acha que o livro no qual esse filme baseia é um ótimo remédio para insônia? NOSSA! Eu fiquei totalmente entediada e dispersa lendo o livro. Foi difícil terminá-lo… Abraços!

Responder

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.