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Sombras da Noite

publicado em:2/07/12 11:22 PM por: Kamila Azevedo Cinema

Deve ser difícil ser Tim Burton. O diretor, normalmente, é ligado a um universo peculiar, imaginativo, com personagens meio bizarros e que, de uma certa maneira, estão muito presos a esse mundo que eles mesmos criam, como se eles fossem parte de um universo paralelo, cheio de aberrações e de muita sombra e desgraça – talvez, por eles mesmos se encontrarem às margens da sociedade. Não sei se Burton se enxerga em tipos como os que estrelam “Edward Mãos de Tesoura” ou “O Estranho Mundo de Jack”, mas a verdade é que o diretor encontrou no ator Johnny Depp alguém à altura de seu mundo de fantasias. Sua obra mais recente, “Sombras da Noite”, marca a sua oitava colaboração com o ator norte-americano.

Baseado em uma série de TV da década de 1960, “Sombras da Noite” tem um universo que é típico da filmografia de Burton. No filme, Johnny Depp interpreta Barnabas Collins, herdeiro de uma família rica e poderosa, mas que foi vítima de uma grande maldição. Acontece que ele quebrou o coração de uma bruxa chamada Angelique (Eva Green), que acaba condenando-o a ser vampiro e a ser enterrado vivo. Após esse pequeno prólogo, somos colocados dois séculos depois desse acontecimento, quando Barnabas acorda de seu “exílio” e retorna para tentar recuperar a honra de sua família, colocando-os novamente na posição de destaque que, um dia, eles chegaram a ocupar.

Uma coisa que é importante notar no decorrer de “Sombras da Noite” é que existe uma clara intenção do filme de ser visto mesmo sob esse ponto de vista bizarro, diferente e obscuro. Isso está reforçado pela caracterização física e de figurinos dos atores, pela forma como a fotografia de Bruno Delbonnel é colocada (privilegiando tons escuros) e até mesmo pelo desenho dos cenários que compõem o universo da família Collins e da cidade de Collinsport. De uma certa maneira, a parte técnica deste longa, que é um destaque, diga-se de passagem, lembra muito o trabalho estético de outro filme de Burton: o musical “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, até porque, assim como nesta obra, o diretor trabalhou com colaboradores frequentes como o editor Chris Lebenzon e a figurinista Colleen Atwood.

O tom bizarro e diferente também invade o roteiro escrito por Seth Grahame-Smith, o qual oferece algumas frases de efeito muito legais que são ditas pelas personagens interpretadas por Chloe Grace Moretz, por Michelle Pfeiffer e por Helena Bonham Carter (esposa do diretor, na vida real). Entretanto, a sensação que permeia todo o filme é a de que “Sombras da Noite” se esforça demais pra ser visto dessa forma freak e exagerada e isso prejudica muito o longa. No final, quem brilha mesmo é Eva Green, cujo tom sempre acima do ponto em tudo o que diz respeito à sua personagem é justamente a representação perfeita do que “Sombras da Noite” deveria ter sido. Ou seja, faltou um pouco à Tim Burton um senso de humor no relato dessa história, um pouco daquele senso de não se levar tão a sério e que esteve presente de sobra na atuação de Eva Green.

Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012)
Direção: Tim Burton
Roteiro: Seth Grahame-Smith (com base na história de John August e de Seth Grahame-Smith, bem como na série de TV criada por Dan Curtis)
Elenco: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green, Helena Bonham Carter, Jackie Earle Haley, Jonny Lee Miller, Bella Heathcote, Chloe Grace Moretz, Christopher Lee, Alice Cooper



A última modificação foi feita em:julho 12th, 2012 as 11:54 pm


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Comentários


Kamila , já fui muito fã do Tim Burton, mas hoje acho que ele não inova faz tempo. Há com certeza toda uma qualidade estética em seus últimos trabalhos , do figurino à direção de arte, porém falta no atual Burton um pouco daquela loucura frenética (e poética) de outrora na minha opinião.

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Não tive ânimo para ver esse filme ainda. A última parceria de Depp e Burton não me agradou, fiquei com trauma rsrs

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A Eva Green realmente se destacou muito aqui! Acho que o Burton não encontrou o tom certo… se nos faz rir em um momento, no outro mostra o Barnabass matando uma rodinha de amigos sem mais nem menos, fica estranho.

Três estrelas tá de bom tamanho…

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Flavio, eu gosto dos filmes do Tim Burton, mas acho que ele está numa fase muito difícil da carreira justamente por não mais inovar, por não ser mais diferente. Concordo com seu comentário!

João Linno, pois é. Eu fui assistir por causa dos nomes envolvidos, mas totalmente sem empolgação.

Bruno, a Eva é o grande destaque desse filme, junto com a parte técnica. Concordo com você que faltou a Burton encontrar o tom certo do filme.

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Acho que é o próprio Tim Burton que precisa acordar um pouco. Por enquanto, ainda respeito os últimos filmes apenas pelo nome dele e do Depp.

E legal ver a cotação ali de “estrelas” agora. Passei um tempo brigando com minhas notas até decidir mudar também haha

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Paulo, o sistema de notas, infelizmente, foi abolido do site, pois ninguém entende os meus critérios. Sempre tinha que ficar me explicando. É mais fácil colocar essa cotação das estrelas, que, aqui, não serão estrelas, e sim rolos de filme pra combinar com a logo do site.

Victor, sim, Burton precisa acordar. Acho que ele se acomodou. Assisto aos filmes dele porque ele merece essa consideração. Pois é! Eu também briguei muito com as notas e com as tentativas de explicá-las aos outros. Preferi mudar a cotação para “estrelas” ou, como eu prefiro chamar, “rolinhos de filmes”. rsrsrs

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rsrsrs adorei sua explicação,eu te entendo ok? 🙂 vamos falar do filme.Bem…só tenho lido criticas negativas e vc não é a primeira dizer que o filme tenta ser forçado e exagerado.Eu sou fã de Tim Burton mas me decepcionei muito com “Alice no País das Maravilhas” e essa semana não vou poder conferir “Sombras da Noite” pq vou viajar.Aqui em Volta Redonda os filmes entra e sai de cartaz mt rapido(periodo de blockbusters é assim).Se o filme de Burton tiver em cartaz semana q vem eu confiro.Se não fica pra DVD.

Beijos!

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Levando em conta os últimos filmes da dupla achei esse interessante. Tem altos e baixos e uma indecisão no tom, mas no geral não achei ruim. Mas, três “rolos” tá de bom tamanho mesmo.

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Pooxaa, estava tão empolgado para ver este filme, mas perdi minha empolgação agora, é claro que irei assistir, mas não com a expectativa de antes, vou com um certo receio…rsrsrsr

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Confesso não estar nem um pouco ansioso para assistir a esse filme, sobretudo porque sinto que as obras de Burton se tornaram mais do mesmo – e isso não tem a ver com a estética histriônica dele, mas simplesmente com o fato de que mesmo suas narrativas parecem encerrar-se no figurino, maquiagem e num Depp por si só debochado.

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Um filme muito ruim! Até compreendo as inúmeras referências que ele executa no filme a vários trabalhos de terror ou clássicos, ou mesmo as próprias dos filmes dele, mas não adianta, é fraco demais. Estou cansado de Depp com essas personificações esquisitóides e as contribuições parecidas em todo filme do Burton. Fora que o filme não tem um roteiro bem executado, os personagens carecem de maior profundidade, tive pena da participação mais que de luxo de Helena Bonham Carter…Eva Green se sobressai muito mais, ainda que sua personagem seja toda caricata, como o filme inteiro, me lembrou em alguns momentos, no final, o filme “A Morte Lhe Cai Bem”, rsrs. Não desce, Ka. Você deu 3 rolinhos? Nossa, foi até paciente, rs.

Beijo

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Ângelo, assista, sim, e depois diga o que achou.

Luís, de uma certa maneira, concordo MUITO com o seu comentário.

Cristiano, fui paciente, mas acho que o filme merece 3 “rolinhos” por ter uma técnica excelente. No resto, concordo totalmente com seu comentário! Beijo!

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Sabe o que eu achei, Ka?! Foi uma estética tão falsa quanto Fábrica de Chocolate em um filme que deveria ser tão dark quanto Todd (que continua a ser meu preferido entre os de Tim). Achei plástico demais, com exageros demais. E tirando a Eva (que você ressaltou), tudo bem mais artificial do que eu esperava de um Burton nessa fase mais ‘velha’.

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Gostei bastante de Sombras… nao e o melhor trabalho do diretor mas naum falhou em nada creio… Acho que ja foi o tempo de Tim Burton inovar a todo novo filme, nao precisa disso, tem o estilo dele que ele construiu, e seus filmes sao constantes assinaturas desse estilo. No mais achei que acertou em cheio quando misturou cenas de humor seguidas de certa violencia do personagem de Deep, afinal ele nao e ruim mas continua sendo um vampiro com suas necessidades hehehehe.

Nota 7.5 rs

Ah escrevi critica sobre driver como tinha lhe dito da uma olhada…
ate logo
Ygor MF

http://www.cinemista.com.br/drive-cinecult/

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Essa história é a cara do Tim Burton, se ela não existisse, certamente o diretor teria inventado, a sua família Adams bizarra e gótico. Gosto bastante do início do filme, da apresentação dos personagens e, sobretudo, do tom cômico que sai do terror, um dos maiores acertos do filme. No fundo, é um filme super divertido. Mas quando começam a aflorar as brigas e intrigas (que são tantas para tantos personagens que não parecem caber num filme), o enredo fica atropelado culminando na bagunça que é aquele final. mas para um cineasta que não se reinventa, até que é um bom filme.

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Luís, discordo do seu comentário sobre a estética do filme, como eu bem exemplifico em meu texto.

Ygor, sim, esse filme tem a assinatura de Tim Burton, mas, se comparado aos outros longas de sua carreira, é MUITO fraco. Só se salva por causa da Eva Green e da parte técnica.

Rafael, a história é mesmo a cara do Tim Burton. Eu gosto também do início do filme, mas acho que o longa vai se perdendo na medida em que a trama avança. E concordo que, para um cineasta que não se reinventa, esse acaba sendo um bom filme, ainda que somente regular.

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Eu gostei do filme, mesmo que esteja longe de ser o melhor do diretor, mas dá de lavada no péssimo Alice no País das Maravilhas. Mas tem uma cena que me chamou atenção: o vampiro fumando baseado e filosofando numa roda de hippies. Kamila, não sei porquê cargas dáguas fiquei imaginando como seria essa cena se fosse executada pelo Tarantino. Com certeza seria ao mesmo tempo engraçada e angustiante. E na versão de Burton ficou comum.

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Raspante, ela que faz o filme valer a pena!

Fabrício, sim, não há dúvida de que esse filme é melhor do que “Alice no País das Maravilhas”. Essa cena que você citou foi uma das que eu achei mais legal em “Sombras da Noite”, mas eu confesso que não imaginei esse filme sendo dirigido por outro diretor. A história tem todos os elementos dos filmes dirigidos pelo Tim Burton.

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