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Para Roma, Com Amor

publicado em:14/07/12 12:05 AM por: Kamila Azevedo Cinema

Na primeira cena de “Para Roma, Com Amor”, filme do diretor e roteirista Woody Allen, encontramos um guarda de trânsito, que passa o seu dia em um cruzamento concorrido da capital italiana, observando as paisagens e os diversos tipos que circulam por aquele lugar. Ele é bem claro na sua conversa conosco: ele conhece como ninguém os romanos e os turistas e sabe que as histórias deles dariam um grande filme. Aqui, está compartilhado com a plateia a intenção de Allen com seu longa: mostrar pessoas comuns em situações rotineiras tendo como pano de fundo uma das mais belas cidades europeias e que, de uma certa maneira, como a Paris de “Meia-Noite em Paris” (seu penúltimo filme), exala amor, nostalgia e arte.

Em Roma, uma turista americana chamada Hayley (Alison Pill), que passa férias na cidade, encontra mais do que um amor de verão na figura de Michelangelo (Flavio Parenti), com quem ela pretende se casar. Em Roma, um trabalhador comum como Leopoldo (Roberto Benigni) pode ver a sua rotina pacata virar de cabeça para baixo quando ele se vê, de repente, uma celebridade instantânea por alguma razão que foge da sua compreensão. Em Roma, um arquiteto famoso chamado John (Alec Baldwin) tem a oportunidade de reviver o ano que ele morou na capital italiana, quando ainda era um estudante. Em Roma, Jerry (Woody Allen), que está acompanhando a esposa Phyllis (Judy Davis) para conhecer a família do noivo da filha Hayley, tem a oportunidade de colocar a sua aposentadoria de lado, descobrir um talento escondido e ter uma nova chance para dar vazão ao seu lado artístico. Em Roma, o arquiteto Jesse (Jesse Eisenberg) se vê às voltas com uma paixão pela aspirante a atriz Monica (Ellen Page), melhor amiga de sua namorada Sally (Greta Gerwig). Em Roma, Antonio (Alessandro Tiberi) e Milly (Alessandra Mastronardi), um casal recém-casado, tem a oportunidade de viver uma última grande aventura em separado antes de embarcarem na jornada deles rumo a uma vida a dois.

Apesar destas histórias não se cruzarem, ao longo de “Para Roma, Com Amor”, todas elas reforçam justamente o caráter visto no prólogo do filme e acabam se caracterizando como uma grande ode de Woody Allen à capital italiana, ao amor e à busca da felicidade desmedida, independente da moralidade (ou não) da conduta das pessoas. Neste sentido, a cidade se transforma num importante personagem do longa, pois são as suas ruas, os seus pontos turísticos, a sua cultura e a forma como tudo isso afeta os outros personagens que acabam movendo, de uma certa maneira, toda a trama de “Para Roma, Com Amor”.

Com este filme, Woody Allen continua a sua peregrinação pelas cidades europeias, a qual foi iniciada com Londres (palco de “Ponto Final – Match Point” e “Scoop – O Grande Golpe”) e passou também por Barcelona (“Vicky Cristina Barcelona”) e Paris (o já citado “Meia-Noite em Paris”). Sem dúvida, os ares europeus fazem muito bem ao diretor e roteirista norte-americano e, apesar de esse “Para Roma, Com Amor” não ser um filme excelente, mantém um certo charme e um tipo de humor bem afiado que deixa a plateia ligada por todo o filme. O que incomoda mesmo é a falta de linearidade temporal entre as histórias, o que prejudica a continuidade do longa – isso está bem notado na história do casal Antonio e Milly, que ocorre num tempo próprio e bem diferente das outras que vemos em tela.

Cotação: 6,0

Para Roma, Com Amor (To Rome With Love, 2012)
Direção: Woody Allen
Roteirista: Woody Allen
Elenco: Roberto Benigni, Alison Pill, Flavio Parenti, Alessandro Tiberi, Judy Davis, Alessandra Mastronardi, Alec Baldwin, Carol Alt, Ornella Muti, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Greta Gerwig, Penélope Cruz, Ellen Page



A última modificação foi feita em:julho 22nd, 2012 as 10:22 pm


Jornalista e Publicitária


Comentários


Kamila eu sou do grupo que conheceu melhor Woody Allen após “Match Point”.Assisti a obra dele de trás pra frente e sou fã dele.Poucos autores entendem a alma e desejos humanos como ele.”Noivo Neurotico e Noiva Nervosa” é uma obra prima e “Hannah e suas Irmãs” tem muito de “Vicky Cristina Barcelona”(só quem tenta algo conquista,seja no amor,profissão e vida pessoal).”Desconstruindo Harry” é uma das minhas comédias favoritas,Allen mostra que de uma profunda depressão pode se tirar algo(claro que ele demonstra isso de uma forma muito engraçada).”Tiros na Broadway” é super original(o que fazer quando um gangster financia sua peça teatral e palpita no elenco e roteiro?rsrs).Enfim…ficaria citando vários filmes num longuissimo texto.Antes de ontem me emocionei com “Manhattan”(e todo término de relação infelizmente é assim) e se vc se recorda eu tenho uma relação especial com “Meia Noite em Paris”(já disse isso pra ti).Os artistas,escritores e pessoas que admiro me inspira na “vida real” e continuo buscando realizar meus sonhos.Pelo olhar de Gil(Woody Allen) eu tira a seguinte lição:é nos sonhos que se encontra o sentido da vida.Infelizmente não vou poder assistir “Para Roma,com Amor” porque ele não chega nos cinema daqui de Volta Redonda,mas os filmes de Allen são lançados rapidamente em DVD.Enquanto isso vou continuar me deliciando com o box que ganhei da minha irmã no meu aniversário e assistindo aos 20 filmes de Woody Allen.O próximo será “A Era do Rádio”.

Beijos e bom final de semana.

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Eu sou do grupo que acha Woody Allen pedante. Confesso não querer assistir a esse filme, mas eventualmente o verei.

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Película Criativa, realmente, depois de um filme como “Meia-Noite em Paris”, esse aí decepciona um pouco.

Paulo, eu também sou desse mesmo grupo. Conheço pouco da filmografia antiga do Woody Allen. Preciso me familiarizar mais com a obra dele. Aproveite o presente! Imperdível, hein? Beijos e bom domingo!

Luís, pedante por que?

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A questão do tempo da história do casal Antonio e Milly é esquisito mesmo. Tudo acontece em um dia, enquanto nos outros passam-se meses. Gosto da forma como Allen brinca aqui com a fama, a superficialidade de algumas relações e também com essa busca pela felicidade que você cita. Não é dos melhores, mas também está longe de ser um dos mais fracos. Fora que é sempre bom ver Roma, não?

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Obrigado por não publicar meus comentários.
Liberdade é uma moeda de duas faces, eu acho.

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Rafael, tem charme, sim! Certeza!

Amanda, eu também gostei da forma como Allen brincou com a fama aqui. É sempre bom ver Roma e é sempre bom ver um filme do Woody Allen.

Pablo, seus comentários não foram publicados pois eram ofensivos aos visitantes do blog. Da próxima vez, seja mais educado que seus comentários serão aprovados normalmente.

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E não era de se esperar mais, depois do GRANDE feito que foi “Meia-Noite em Paris” – apesar de estarmos falando do Allen ele nem sempre acerta.

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Kamila, não entendi porque algumas pessoas torceram tanto o nariz pra esse filme do Allen. Tá bem longe das grandes obras dele dos últimos anos, mas é de uma despretensão tão grande, alguns núcleos funcionam tão bem (em especial o que ele participa), o filme é tão espirituoso, que é quase impossível não se render. Mas ainda acho que aquele segmento do Benigni é totalmente descartável. Fora isso, o filme é um encanto.

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Jeniss, espero que consiga assistir. Abraço!

Cleber, verdade. A carreira do Allen é extremamente irregular.

Rafael, eu não torci o nariz para o filme, porque acho que Allen pode mais e “Para Roma, Com Amor” tem seu charme, tem esse clima espirituoso e alguns momentos muito bons. Eu me rendi ao filme.

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Se teve algo que me incomodou em “Para Roma, Com Amor” foi o segmento protagonizado pelo Alec Baldwin e Jesse Eisenberg. Li comentários bem interessantes de pessoas que curtiram essa história em particular, mas continuo acreditando que ela destoa demais da proposta do longa-metragem. Trata-se da história em que Roma é captada de forma menos inspirada e chego até a creio que ela existe só para justificar o núcleo americano. Fora isso, achei o filme ótimo, uma diversão simplesmente deliciosa. Foi uma experiência muito boa vê-lo no cinema, pois as sacadas do Woody Allen (a do agente funenário que canta no chuveiro é espetacular!) contagia toda a plateia. Adorei!

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Alex, eu também achei esse segmento (o do Alec e do Jesse) o mais fraco de todos, junto com o do casal Antonio e Milly.

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Eu gostei bastante do segmento do trio Jesse, Alec e Ellen, tem um tom “fantasioso” que me instiga um pouco mais. Nesse ritmo, também me interessei pelo do Roberto Benini. Meu preferido ainda é o do cantor, com o próprio Woody e seu personagem característico, ri demais com o bizarro ali. Todos esses segmentos tem o certo ar “absurdo”. Assim, o mais fraco é o da Penélope Cruz mesmo, uma historinha já batida se passar pela mulher.

O filme é divertido, mais uma vez nos presenteia uma bela vontade de conhecer a cidade. Mas é irregular, cansativo até, é o preço de manter várias histórias. De todo o modo, é certamente uma façanha do Woody Allen conseguir entregar muitos bons filmes nesse ritmo de filmar um por ano [meuDeus, ele vem fazendo isso desde a década de 70!]. Há muitos tropeços, claro, mas até deixo passar. hehe

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Victor, como eu já disse aqui: não gostei muito do segmento com Alec, Jesse e Ellen. O do Benigni, apesar de eu destestá-lo, foi muito engraçado e inspirado. O do cantor é cômico demais, um dos meus favoritos. 🙂 Concordo totalmente com o segundo parágrafo do seu comentário.

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[…] se apaixonando na Itália, “As Idades do Amor” acaba lembrando, de uma certa maneira, “Para Roma, Com Amor”, de Woody Allen. Com uma diferença significativa: ao contrário do filme de Allen, que se […]

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